-Respire fundo.
Silêncio. Nem o som ambiente ousa atrapalhar meu foco. Calmamente puxo e expiro o ar, sentindo meu peito mais leve.
-Estenda a sua mão.
Ergo a minha mão dominante para cima, deixando a palma da minha mão aberta para o chão. Mesmo de olhos fechados eu sei que ela está tremendo. Eu preciso encerrar isso.
-Recite o encanto.
-Ó item de auxílio de todo mago, novato ou experiente; ouça o meu chamado, leia minhas intenções e se una a mim. Eu me ofereço de bom grado, Minha Varinha.
Sinto uma energia formigar por todo meu corpo, com pontos de vibração maiores em minha cabeça e cérebro, como se estivessem reagindo com o meu encanto. Minha mão direita logo reage em sincronia, sentindo-se atraída por algo.
Meus ouvidos captam um movimento agitado do ar, como se houvessem diversas moscas desordenadas ao meu redor, sussurrando sobre sabe-se lá o que poderia ser. Não abro os meus olhos apesar da minha curiosidade. Eu precisava de toda a minha concentração com a magia neste momento. As varinhas ao meu redor estavam dialogando para saber quem seria seu verdadeiro portador por todo o resto de nossas vidas.
-Estou lhe esperando... –comento.
Todos os zumbidos cessam e seguem por um repentino som da madeira das varinhas caindo no chão de madeira encerada. Algo havia se jogado contra minha mão e eu, por impulso, a fecho. Já haviam chegado a uma decisão.
-Capti Ventum. As varinhas chegaram a uma decisão e esta aceitou lhe acompanhar. Meus parabéns pelo seu primeiro passo como mago!
A voz feminina de minha professora me dá as congratulações. As escolas sempre têm seus primeiros seis anos entre conhecimento tecnológico, mágico e linguístico, até quando eles chegam à minha idade de dezoito anos. Todos os alunos precisam fazer uma iniciação obrigatória para mais três anos aperfeiçoando magia e todo o nosso conhecimento na prática. A escolha do portador por parte da varinha é o primeiro passo de todos e eu acabei de cumpri-lo.
Ouço aplausos educados da plateia ao redor, outros mais vigorosos vindos do meu pai, tios e primos. Toda a família estava lá para ver seu filho único se formar como um mago iniciante. Abro meus olhos e estudo a varinha em minha mão. Seu cabo era bem geométrico com duas pirâmides quadradas encostando suas pontas e outra servindo como todo o resto da extensão. Encaixava perfeitamente e era bem leve. Nós parecíamos completar um ao outro em cada função.
-Obrigado, Senhora. –agradeço balançando minha cabeça.
-Pode ir para o seu assento. Estará dispensado ao fim da cerimônia.
Confirmo e a obedeço, caminhando até a arquibancada do auditório e sentando perto da minha família. Meus primos haviam reservado um espaço para mim do lado deles, então eu me sentei.
-Caraca, olha isso!
-Me deixa usar também, Ven? Por favor! –Colly anseia para poder pegar meu item, mas eu o afasto.
-Cada um vai ter o seu depois; esta é a minha.
-Você lembra o que a Tia falou, né?
Ela havia se referido à minha mãe e eu sei muito bem o ditado ao qual ela se refere.
"Jamais se apegue demais a algo. O apego pode levar até o mais são dos homens a fazer as piores loucuras."
Ela repetia isto sempre que podia e com uma convicção gigantesca. Todos da minha família seguem esta doutrina fielmente, não se apegando a bens materiais, aparência, imagem ou o que mais for. Seus utensílios e conhecimento de magia não seriam diferentes. Eu desde novo recebia uma palavra ou outra antes de entrar definitivamente na escola para aprender sobre magia.
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Céu Infinito
FantasyO mundo é nada mais do que um vasto céu sem sinais de seu fim. Seu chão e teto são nuvens que tornam a visão além delas algo impossível e misterioso. Neste grande vazio, diversas ilhas permanecem de pé no ar. Algumas com criaturas desconhecidas, out...