Capítulo 7: Thnak. Dá medo. Ameaça.

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Uma pequena fonte de fogo azulado brilhava com fraqueza pelo ambiente fechado e sombrio, rodeado por diversas pessoas que partilhavam certa semelhança em suas feições inflexíveis: máscaras de metal, engrenagens, lentes e outras peças comumente atribuídas ao maquinário de Caelum Insula. Suas lentes negras, carentes de algum brilho natural, focavam o grande caldeirão envelhecido no centro, soltando borbulhas e fumaça pelo ambiente.

Dentre os mascarados, uma figura diferente move seus braços fechando uma elipse, acendendo em seu caminho as velas pálidas e quase no fim postas à parede. Ela apoia a ponta do seu indicador direito na mesa, notavelmente mais longo que o normal, como uma varinha implementada. O sorriso vazio de seu disfarce recebe todos formalmente.

-Deusa Ourana. –sua voz feminina e grave começa– Que faça de nossa reunião aqui hoje um progresso.

Todos respondem afirmativamente com a cabeça, em silêncio pleno.

-Espero que tenham trago os ingredientes requisitados. Vamos começar pelo senhor, Mortem Oratio.

O homem marcado por traços negros em suas vestes, mãos pálidas, gélidas e ossudas e uma máscara morta entrega na mesa o seu respectivo ingrediente: minúsculos olhos de Artrochas, azulados e conservados em um líquido viscoso num pote raso.

-Olhos de Artrochas... –a anfitriã continua, observando com cautela cada item cuidadosamente separado para a poção– Carapaça de Beetion, suco de Corrócido...

Após contar os três ingredientes cautelosamente preservados, cada um põe à mesa algum fio de cabelo arrancado ou lasca de pele no caso de Mortem, que mal cabelo lhe restava em sua aparência cadavérica.

-Partes de cada integrante que deseja visualizar a imagem... E, por fim, uma pena de coruja. Porta-voz Ad Vox?

-Aqui está, senhorita.

O homem do outro oposto da mesa entrega a delicada pena, branca como as nuvens puras do verão, macia e livre de qualquer arrepio. As luvas de couro da anfitriã mascarada a pegam, admirando tamanha beleza pura com o orgulho de um produto de um serviço bem executado.

-Muito bem. Podemos assim começar. –outro movimento teatral com as mãos e as chamas tornam-se intensas e iluminam melhor a mesa.

Ela ergue três olhos de Artrocha do líquido gosmento no ar com sua varinha, adicionando ao caldeirão enquanto um dos membros mantinha a mistura em constante movimento, criando fios azuis que seguiam o fluxo encaracolado. Em seguida, o líquido altamente ácido e malcheiroso é despejado no caldo grosso, agora exalando seu fedor pelo ambiente fechado. Tosses são arrancadas de alguns membros, mas nenhum corajoso o suficiente para reclamar sobre. A anfitriã parte com as mãos em lascas a carapaça de Beetion em quatro, afundando com delicadeza no líquido em fervor. Depois de adicionar um pedaço de cada integrante, a fumaça púrpura que emanava da boca criava um círculo acima que, independente do ponto de vista, estava sempre de frente a todos.

O disco movimentava-se no fluxo do vapor, ainda amorfo. Com extremo cuidado ao pegar o ingrediente final, a mascarada o levita do compartimento e mantém bem próximo da mistura, deixando a fumaça úmida englobar a pena, fazendo com que a acidez erice cada fio esbranquiçado. Posteriormente, ela solta e deixa ser engolida pelo caldo grosso, fazendo o caldeirão tremer violentamente em seu lugar. Bolhas tomavam toda a superfície enquanto mais de uma pessoa mantinha o item no lugar com magia. A imagem no círculo enfim começa a tomar uma forma, uma imagem como uma pintura a óleo se misturando na água pura.

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