PRÓLOGO

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Rodrigo


Estacionei meu carro em uma vaga disponível, já que o campus da faculdade privada estava vazio devido as férias. Adentrei o pátio do bloco de exatas, analisando o local, já que havia bastante diferença em relação a universidade onde me formei. Era menor, com uma cantina única à direita de quem entrava, e as salas ficavam em volta, formando um U e divididas em dois andares.


Avistei alguns alunos espalhados pelo local, e segui até a secretaria acadêmica, onde eu deveria fazer a entrevista para a vaga a qual me candidatei. A faculdade de engenharia civil estava fazendo seleção para contratação de novos professores, e como, somente um terço do corpo acadêmico precisaria ter mestrado, eu mandei meu currículo e agora havia sido chamado para próxima etapa.


Após a entrevista, saí da secretaria, avistando um dos professores conversando com uma garota. Seu perfume invadiu meu olfato e automaticamente virei meu rosto, querendo vê-la melhor, mas estava de costas. Pude notar que tinha estatura mediana, era morena, magra, cabelos cacheados e presos em um coque, e suas roupas eram básicas – calça jeans, tênis e camiseta.


Saí dali e segui para o corredor, avistando um banheiro no caminho. Entrei, lavei meu rosto suado, e enquanto saía mantive minha cabeça baixa, enxugando-me com um guardanapo. De repente um choque. Alguém havia esbarrado em mim, me fazendo virar automaticamente em direção a pessoa. Então notei que era aquela garota, andando apressadamente, quase desesperada. Ela falava ao celular, em um tom angustiante, parecendo estar em uma discussão efusiva.

— Não, Marcos. — Ela grunhiu — Não estou mentindo. Para que eu mentiria para você? Estou saindo da faculdade. Vim buscar uns livros com uma professora, depois que saí do estágio. Eu estou demorando? — Quase gritou, cheia de indignação.

— Hã, moça. O teu livro.... — murmurei, colocando uma mão em seu ombro.


Ela sequer virou o rosto para trás, apenas o puxou de minha mão e saiu, literalmente, correndo, não me dando a oportunidade nem de me desculpar. Mesmo que tenha sido ela quem trombou em mim. Novamente não pude observar seu rosto, pois tudo aconteceu muito rápido, mas aquele cheiro dela era delicioso.

Contramão (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora