palácios encantados

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Sexta. Agosto de 2018.

Certo, então é aqui que a história de verdade começa, e eu, sinceramente, nem sei como começar a contar sobre o momento em que o meu mundo simplesmente pareceu virar um conto de fadas muito mal contado. A sexta-feira daquele mês era um feriado e acabou sendo por isso mesmo que eu desliguei o meu despertador e o de Dahyun, mas eu não esperava ser acordado por mãozinhas em meu rosto e sussurros para que eu acordasse logo.

Quando dei de cara com a minha filha um tanto desesperada, os meus sentidos despertaram no mesmo momento, e foi por pouco que eu acabei não caindo da cama quando notei o cheiro de chocolate rosa e senti o peso a mais ao meu lado na cama de casal.

O que é isso?! — perguntei espantado em um sussurro para a garotinha ao meu lado, logo me apressando para levantar da cama só para ver melhor quem ficou deitado ali durante toda a noite. Eu tinha a certeza absoluta de que não tinha deixado ninguém ali quando cheguei na noite passada, muito menos alguém que vestia aquela roupa que mais parecia um figurino da Broadway.

O mais estranho de tudo era que aquele cara na cama me parecia muito familiar, como se eu soubesse cada detalhezinho dele bem antes de vê-lo virar na cama durante um gemidinho de quem tá num sonho não tão agradável assim. Enquanto eu ainda estava vestido com a minha calça social e uma camisa branca completamente desalinhada, aquele homem parecia estar completamente alinhado com aquela... Fantasia? Bom, ele parecia um príncipe, então ele estava fantasiado de algum personagem da Disney né? Eu pelo menos não conhecia nenhum outro príncipe famoso que não fosse da empresa do ratinho de shorts vermelhos.

Ele tinha os cabelos loiros e lisinhos, os lábios cheinhos e um perfume que me fez entortar um pouco o nariz; não que fosse ruim, claro que não, mas parecia muito diferente de tudo o que eu já tinha sentido. Acho que o mais absurdo disso tudo é que ele nem tinha tirado aquelas botas antes de deitar na cama, o que é completamente anti-higiênico, fala sério, aposto que meu edredom branco tava gritando em pânico.

— Eu acho que ele é um príncipe, papai. — Dahyun sussurrou pra mim com as mãos escondendo a boca, sorrindo animada quando olhou de novo para o homem sobre a cama, como se ele fosse tudo o que ela mais desejava, o que eu não duvidava porque até eu ia querer um cara bonito daqueles pra mim.

— Um príncipe? Endoidou foi? Ele invadiu nossa casa.

— Ah, mas ele ia nos proteger, olha só a espada dourada que ele trouxe! — e ela se apressou a subir na cama, na mesma hora indo atrás da espada que estava presa à cintura do tal príncipe, o qual acabou ficando incomodado pelo movimento e despertou em um pulo ao notar que uma criancinha tentava furtar algo seu.

Ele olhou para minha filha sobre a cama por um tempo antes de me olhar com cautela, lentamente levando a destra até a espada presa em sua cintura, o que me fez erguer as mãos em rendição do mesmo jeito que eu faria com um policial. O príncipe não parecia disposto a dialogar diante do perigo, o que só me fez temer aquela espada já que eu nem sabia se ela era de verdade mesmo.

— Calma... Nós não vamos te machucar. — falei lentamente enquanto me aproximava da cama, notando a confusão no olhar do rapaz quando ele olhou para Dahyun mais uma vez. — Não vamos fazer nada com você, só não toca na sua arma, por favor.

— Vocês falam minha língua? — ele perguntou incrédulo.

— Uh... Sim?

— Onde eu estou?

— Seoul. — franzi o cenho quando notei ele ponderando por tempo demais, como se não lembrasse nem um pouco desse nome. — Coréia do Sul. Continente asiático.

conto de príncipes | vmin / pjm+kthOnde histórias criam vida. Descubra agora