conto de príncipes | vmin / pjm+kth

fotografias encantadas

Terça-feira. Agosto de 2018.

Acho que até esse ponto de tudo eu fiz parecer que minha vida é mil maravilhas com várias saídas quase todos os dias e cafés da manhã calmos né? Pois é, hora do choque de realidade, porque a vida adulta não é fácil e devo dizer que ela ficava ainda mais horrível de se enfrentar nas terças. Não que terça seja um dia ruim por algum motivo, a questão é que eu sempre tinha muito o que se fazer nesse dia da semana, o que também costumava se aplicar a Dahyun que passava o dia inteirinho no colégio.

Mas não pense que eu sou um pai que só larga a filha na escola e vai trabalhar ok? Eu não posso fazer nadica de nada se a minha pequenina é só a pessoa mais proativa que conheço, então pense numa garota que não apenas fazia ballet durante a tarde, mas também fazia aula de judô e arrasava todos os garotinhos do colégio. Pois é, tal pai tal filha né, tirando a parte de que eu não arraso ninguém no judô, mas pelo menos arraso uns corações, modéstia parte claro.

Toda terça-feira eu sempre saía da cama arrastado, mas naquela manhã eu acabei acordando num salto quase quinze minutos antes do despertador do meu celular tocar, e não pense que foi por eu ter tido um sonho ruim, na verdade eu acabei acordando porque senti o cheiro de algo queimando e, bem, é óbvio que saí correndo para o quarto de Dahyun o mais rápido que eu conseguia, quase tropeçando em suas várias pelúcias no processo. Ela estava tão assustada quanto eu, já que nunca tínhamos passado por algo do tipo antes, e não demorei muito em a pegar no colo e sair correndo para a sala.

Eu não sou uma pessoa descuidada, antes de dormir eu sempre checo a gás e as trancas das portas e janelas, e mesmo que eu soubesse que no dia anterior tudo estava bem em casa antes de ter dormido, eu não estava preparado para ver o que vi na cozinha. Até aquele momento eu jurava que tinha fogo na casa todinha, tipo sério mesmo o cheiro de queimado estava terrível, mas bastou que eu visse o príncipe na cozinha para que eu entendesse e deixasse minha pequenina no chão, pedindo que ela ficasse ali um pouquinho.

Não era como se eu não achasse que o príncipe realmente poderia colocar fogo na casa por conta do descuido, acho que ele não era tão acostumado com fogões e tudo o mais então era bem provável, mas eu só me aproximei mesmo porque acabei sentindo o cheiro de ovos queimados que era bem memorável pra mim já que eu já tinha sido um péssimo cozinheiro em algum momento da minha vida.

— Jimin? — perguntei baixinho enquanto me aproximava, e o pequeno salto assustado que ele deu me fez conseguir ver o que estava sobre o fogão, já que ele foi um tanto para o lado. Franzi o cenho quando olhei para o monte preto na frigideira antiaderente. — O que você tá fazendo?

— Eu, ahn... — ele desligou a boca do fogão na hora, impedindo que qualquer desgraça maior acontecesse, e logo desviou o olhar para o chão enquanto passava a mão na nuca em um ato claramente envergonhado, algo que eu sabia que ele fazia muito. — Eu acordei mais cedo e não consegui mais voltar a dormir, então achei que eu...

— Pudesse preparar o café da manhã?

— É... — o príncipe olhou pra mim apreensivo, o biquinho nos lábios mostrando o quanto ele estava frustrado por não ter conseguido fazer, o que notei pelas cascas de ovos no lixo sobre a pia, a omelete com queijo. — Eu não estou acostumado a cozinhar e tentei imitar o que você fez ontem, mas acabei esquecendo o fogo ligado pra fazer o suco e quando vi ele estava... Parecendo um carvãozinho. — ele se virou para mexer um pouco a frigideira, levantando um cheiro de comida queimada ainda mais forte. — Me desculpa, Taetae, eu não queria ter...

— O que aconteceu? — a pequenina perguntou ao entrar na cozinha, o nariz franzidinho quando notou o cheiro de queimado mais forte por ali. Acabei rindo pelas suas caretas enquanto afagava seus cabelos onduladinhos bagunçados tal qual um ninho de passarinhos.