finais encantados

1.9K 294 466
                                    


Sábado. Setembro de 2018.

Eu ouvia o choro abafado de Dahyun vindo de seu quarto quando Jimin nos levou até o sofá, sentando sobre ele para que pudesse me trazer para o seu colo e me envolver com cuidado, deixando afagos em minhas costas enquanto eu chorava com o rosto apoiado em seu pescoço, perguntando baixinho o que eu deveria fazer sem receber resposta alguma porque imaginava que meu príncipe falso também não soubesse como lidar com a situação.

É, um príncipe falso... Se bem que, nessa altura do campeonato, talvez ele já nem mais disfarçasse e atuasse tanto quanto antes; já tinha uns dias que tudo estava bem óbvio, escancarado o suficiente para que eu pudesse ter tomado coragem e contar para minha pequena, mas não foi o que aconteceu. Sei que pode parecer algo surpreendente, o tipo de mudança de expectativa que não muita gente acha que acontece, mas, acredite se puder, muita gente sabia desse plano e me alertara sobre os problemas e furos que ele poderia ter, mas é claro que eu confiei demais nos meus instintos e acabei envolvendo Jimin nisso tudo, mesmo que ele falasse que queria ajudar.

A ideia tinha surgido dois meses atrás, quando meu namoro com o Park tinha começado a ficar sério o suficiente para que eu soubesse que precisaria contar para a minha filha sobre antes que alianças fossem trocadas de uma vez por todas. Quer dizer, um namoro de dois anos e alguns bons meses é sério o suficiente, e eu provavelmente deveria ter contado para ela antes, mas eu tinha tanto medo que acabasse a qualquer momento que preferi que ela não se apegasse a ninguém antes que eu tivesse a plena certeza de tudo.

Eu e Taeyeon nos divorciamos quando Dahyun tinha dois aninhos. Não tinha sido um processo difícil, como vocês já sabem, tudo foi muito tranquilo para nós dois apesar dos choros, e eu nunca deixava de correr para o colo da minha melhor amiga quando alguma coisa começava a ficar confusa, que foi o que eu fiz quando descobri que talvez eu estivesse com uma queda que era quase um abismo por um colega de trabalho de quem tinha me aproximado naquele um ano que fiquei sem ter contato com nenhum caso mais romântico ou enfim.

Pra mim parecia o fim do mundo, eu não sabia o motivo do meu coração disparar tão fácil quando o garoto entrava no meu estúdio, não entendia porque demorava tanto a olhar o seu corpo enquanto pedia para ele mudar de pose ou editava suas fotos, e só sabia querer chorar quando o via sorrindo demais para um colega próximo da empresa. Taeyeon, sendo a espertinha que era desde a adolescência, não demorou muito a entender o que estava acontecendo, e quando a realidade caiu sobre meus ombros eu só sabia que ou queria chorar ou queria beijar aquela boca cheinha tão linda.

Quando me descobri bissexual, depois de algumas crises de identidade e um choro aqui e ali por ser algo que eu não esperava e não estava tão acostumado quanto eu imaginava, acabei percebendo que eu não poderia mudar algo que eu era e, bem, me aceitar era o primeiro passo, e foi o que eu fiz. Numa dessas de me aceitar e me sentir mais confortável com o que eu sentia pelo meu colega de trabalho, tive o meu primeiro encontro com ele.

Jimin trabalhava na mesma empresa que eu, uma empresa de entretenimento que era lotada de trainees, idols, atores e modelos; quando o conheci, ele ainda não tinha tido o seu debut como ator, era um garoto com aparência de nerd com aqueles óculos de armação grossa e cabelos pretos sobre a testa, o tipo de pessoa que te deseja um bom dia com um sorriso lindo e se despede como se já estivesse com saudade. A princípio eu nem tinha tido interesse nele por ambos estarmos naquele momento de nos conhecermos e desvendar um pouco o que os nossos corações já pareciam gritar naqueles tempos, mas... De alguma forma acabou acontecendo.

Na época eu passava por aquela coisa de assinar papéis de divórcio e me mudar de apartamento, mas depois que contei a ele sobre o que eu passava e nos tornamos amigos mais próximos, ele pareceu acender uma faísca no meu peito. Hoje percebo que era porque ele claramente já estava caidinho por mim, algo que eu não percebo porque eu não sei identificar se alguém flerta comigo, e bastou que eu falasse do divórcio para que ele começasse a mexer os pauzinhos pra tentar alguma coisa.

conto de príncipes | vmin / pjm+kthOnde histórias criam vida. Descubra agora