conto de príncipes | vmin / pjm+kth

promessas encantadas

Domingo. Agosto de 2018.

Eu sei o que eu disse sobre não levantar cedo em dias de folgas, mas preciso justificar que isso não se aplica aos últimos domingos de cada mês. Pode parecer uma tortura que esse tipo de coisa aconteça com uma pessoa adulta que às vezes trabalha até de sábado, e confesso que no início até que era mesmo, mas com o tempo eu fui entendendo o quanto isso era necessário e divertido, principalmente quando eu fazia isso pra ver aquele sorriso quadradinho lindo.

Minha guarda compartilhada era quinzenal, sabe? A cada quinze dias eu e Dahyun tínhamos uma semana juntinhos, e quando isso acabava batendo com a última semana do mês, nós fazíamos com que ela fosse especial principalmente nos domingos. Quando o despertador tocava às sete horas da manhã, nós provavelmente estaríamos vestidos com os nossos pijamas favoritos, e todo o nosso estoque para o melhor café da manhã já estava pronto para aproveitarmos.

Domingo era um dia bem entediante para a programação adulta, mas eu te garanto que é o melhor dia para a programação infantil, porque o que mais aconteciam era maratonas e nada fazia minha filha mais feliz do que assistir os seus programas favoritos sem parar. Ela já gostou de muitos desenhos diferentes, desde um brasileiro que era sobre uma galinha azul com pintinhas, até desenhos americanos da minha época como o trio de meninas superpoderosas; mas, no último ano, o que ela mais gostava mesmo era da super-heroína joaninha, a tal da Miraculous Ladybug.

Me ofenda se quiser, mas jamais ouse ofender esse desenho, ok? À primeira vista ele realmente pode parecer bem bobo, o típico desenho que todo episódio é a mesma coisa... E ele é mesmo, a questão é que tem muita coisa por trás, tá? E por isso mesmo que ele acaba sendo muito legal, e era por ele mesmo que eu e Dahyun estávamos em pé bem cedinho naquele domingo.

Nós nos encontramos na sala na hora certinha, ela com sua pelúcia Zoe e eu com o avental em mãos e pronto para fazer uma boa de uma bagunça na cozinha. Como o tal príncipe Jimin estava descansando de um jeito confortável (e bonito demais para ser interrompido), deixamos que ele continuasse dormindo no quarto quando começamos a tirar frigideira, liquidificador e todo o necessário para o nosso café da manhã especial. Por incrível que pareça, eu não me incomodava por ter o príncipe dormindo no meu quarto, na verdade eu preferia que ele ficasse lá do que no quarto da minha filha, porque isso ao menos dava mais segurança pra ela de alguma forma; sem contar que eu também não me incomodava por sentir aquele perfume só dele durante a noite, principalmente quando ele acabava buscando conforto um pouco mais perto.

Como a maratona começava às oito horas em ponto, eu e Dahyun fizemos tudo o que queríamos nesse tempinho até que estivéssemos bem confortáveis no sofá longo e fofo da sala. Na mesa de centro com os enfeites afastados, colocamos nossos pratos com panquecas, waffles, algumas bolachas sortidas e chocolates cor de rosa que a pequenina fazia questão de comer nesses domingos especiais. Quando a abertura do desenho começou, cantamos animados a cada uma das letras, fazendo dancinhas que tínhamos inventado com sincronia perfeita até que o primeiro episódio (que provavelmente já vimos mais de dez vezes) começasse.

Eu não sei se éramos muito barulhentos gritando pelo Chat Noir ou repetindo os poderes dos personagens e algumas falas que sabíamos de cor, mas não demorou muito para que Jimin aparecesse perto do sofá para olhar a tela da televisão com certa confusão no olhar. Ele estava esfregando os olhos ainda inchadinhos quando nos desejou bom dia, quase parecendo fofo demais para ser real com o pijama de algodão que eu tinha emprestado para que ele passasse a noite, fofura essa que não se devia só pela estampa de constelações, como também por como aquela peça de roupa tinha ficado grande em seu corpo.

— Assiste com a gente, Jimin! A Ladybug tá quase pegando a Lady Wifi! — Dahyun falou animada enquanto batia no lugar entre eu e ela, para onde o príncipe se direcionou sem hesitar quando se sentou e abraçou as próprias pernas.