Capítulo 3

15 9 5
                                    

Corremos em frente, não sei explicar o porquê, mas seguir em frente sempre parece uma boa opção quando você não tem rumo. Chegamos no Voggue, um bairro que a qualquer hora está superlotado, tem muitas lojas de todos os tipos, academia, foodtrucs, além de ser um local para praticantes de esportes; obviamente é um bairro rico, com muitos prédios de elite. É realmentate bem grande, assim como a praia daqui. Porém hoje não tem ninguém, pela primeira vez na minha vida, eu consigo escutar de longe o barulho das ondas caindo na areia. A guerra ainda não chegou aqui, isso é bastante visível, apesar das vitrines quebradas, eu sei que ela faz muito mais do que isso, com certeza alguém querendo se aproveitar da situação ou por necessidade, é o responsável. Dos humanos tudo pode se esperar.

— Eu amo o mar. Amo meu nome por isso também, tem a palavra mar. Vejo muitas relações entre eu e o que acho do mar. Como o fato de que sempre que chegamos ao que parece ser o seu fim, vemos que ainda tem muito mais, o fato de vários fatores do dia fazer ele ficar agitado ou calmo, o fato de pessoas apesar de dizerem que o ama, geralmente só o admiram quando está bonito. Essas coisas, sabe?

— Detalhes bonitos, Mar.

— Eu adoro esses detalhes bonitos - sorrio e me sinto feliz por ela me chamar de Mar – É melhor a gente descansar. Depois a gente pega alguma comida e casacos  e vamos procurar um lugar para dormir. Amanhã a gente corre mais.

— Então, qual vai ser o plano? Correr pelas ruas de um mundo em guerra até tudo voltar ao normal? SE é que vai voltar né?! A gente vai acabar atravessando o país assim.  – deu uma risada curta.

— Você sempre tem uma crítica – ri também.

— Não são críticas, são palavras honestas acerca da realidade – nos olhamos e demos um sorriso sincero uma para a outra.

Chegamos perto da praia. Certo, o mundo resolveu me deixar pasma de hora em hora ou o que? O mar está um vermelho alaranjado e a areia que era pra ser amarela está branca com inúmeros corpos desfigurados e pelados. Nem pra deixar as roupas, meu Deus...

— Meu Deus! Dá pra acreditar?

— MEU DEUS! ELES ESTÃO MORTOS. ELES ESTÃO MORTOS. MORTOS – Bella começa a gritar desesperada.

— Não. Eles estão se bronzeando. – falou uma voz masculina com deboche.

Mais uma vez eu estava paralisada por causa de uma voz surgida do nada, só que dessa vez com Bella. Eu tinha pegado escondido a faca que os soldados deixaram no chão quando mataram aquele casal. Como eu e Bella estávamos de costa para o homem, eu peguei a faca que estava na parte da frente da minha calça. Quando Bella viu eu me mechendo, olhou para mim e arregou os olhos e mecheu os lábios me perguntando o que eu estava fazendo. Uai, não era óbvio? Seria um ataque perfeito, eu não ia morrer, nem ia deixar ela morrer, são duas contra um. E um idiota pelo o que dá para notar.

Correndo pelas ruas de um mundo em guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora