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Kataleya Mendes

Perdidos num transe gigante, nenhum de nós sabia que dizer. Atrevi-me a desviar-me do tão penetrante olhar do moreno.

Se havia alguma chance de não repetir tudo, de nós dois, a única capaz de resistir era eu. Assim achava eu, sendo que se tornava difícil ignorar, travar, o que estava a sentir.

Tentada a cometer o mais famoso erro da minha vida, caminhei na sua direção. Nem um passo deu, quase nem pestanejava por estar tão perto dele. Senti a sua mão forte no meu ombro e logo, no meu pescoço.

Fechei os olhos, prendendo os lábios entre os dentes. Ele estava quente, a escaldar, arrepiava o meu corpo facilmente.

Corpo esse que estava prestes a ceder e a atirar o moreno para o sofá da sala.

Porém, nunca dei voz aos meus pensamentos.

- Miúda, estás cada vez mais linda. - Sussurrou, mexendo levemente os dedos. - Não sei a razão pela qual estás solteira, mas tenho a certeza do quão idiota ele é.

- Estou solteira porque nunca fui boa com esses tipos de compromisso. - Disse-lhe. - Sentir-me presa nunca foi vida para mim.

- Sempre soube que adoravas o que tínhamos!

Piscou-me o olho, olhando por cima do meu ombro e observando o apartamento. O Samaris ficou surpreendido. Não costumava de mostrar grandes luxos.

Nem pedi-los à minha família. Não era fútil ou mimada pelos papás. Pelo contrário.

- Escolhi um mais pequeno, acredita.

- Óbvio que acredito! No entanto, espaço não nos falta Kat. - Voltou a olhar para mim. - Mas não vou abusar, prometo.

Arqueei a sobrancelha, desconfiada.

- Sem que tu peças. E eu sei que vais pedir, não vai demorar muito a acontecer.

Soltei uma risada nervosa, quebrando o contacto visual. Dirigi-me à cozinha, sabendo o quão intensa a conversa se podia tornar. Senti o braço do Samaris na minha cintura e logo, a distância entre nós desapareceu.

- E na altura em que estiveres tão louca, a pedir para que te dê o que há tanto tempo queremos, vou dizer-te ao ouvido...

Virou-me de costas para ele, encostando-nos o máximo que lhe era permitido.

Desviou os cabelos para um só lado, correndo a ponta dos dedos pelo meu pescoço lentamente, até sentir os seus lábios macios na minha pele e a sua boca entreaberta.

A respiração quente e intensa embatia contra a minha orelha, deixando-me paralisada.

- Passe um ano ou dois ou até vinte, eu sei que vamos acabar na mesma cama. Que a vida nos vai permitir saborear o corpo um do outro sem limites.

Lembrava-me perfeitamente de ouvir tais palavras há uns bons sete ou oito anos atrás. Também o tinha dito quando tinha quinze.

- É isso que te vou dizer. Porque sempre soube que esse dia ia chegar. Vai chegar.

- Quem te garante?

- Há pessoas que marcam Kataleya e tu foste essa pessoa. - Murmurou baixo.

Confesso que aquela frase aqueceu o meu coração. Na mesma noite do baile de finalistas, o moreno disse-me tais palavras.

Embora embriagado e zangado com a rapariga com quem namorava, ele lembrava-se.

E eu nunca me esqueci.

{...}

🙄🙄

διαχρονικά  ➛  ANDREA SAMARISOnde histórias criam vida. Descubra agora