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Samaris

A luta constante entre estabilidade e não saber o que poderá acontecer, estava a matar-me. Há dois dias que me isolei.

Depois de conversar com Kataleya e perceber que, finalmente, estávamos em sintonia, senti o peso do mundo ás minhas costas. O facto de ter Vanessa, uma pessoa incrível, apaixonada e tão certa do que quer, complicava a situação. Sabia que a ia magoar imenso.

E ela não merecia. Preencheu o vazio deste ano, mostrou o quão amorosa e brincalhona ela conseguia ser. Fez-me rir todos os dias. Apoio e compreensão nunca me faltou.

Porém, sempre senti isso com a Kataleya. Todo o conforto a que se referia, eu sentia.

Aquela miúda era diferente. Tudo nela despertava interesse, tudo nela me fazia querer mais e mais. Apaixonei-me com uma facilidade imensa, pois, no fundo, sempre a amei. Desde miúdo até aos dias de hoje.

Independentemente de a ter magoado, sempre fui sincero com ela. Porém, era um miúdo sem noção e deslumbrado com a riqueza.

Esperava ansiosamente a chegada da Vanessa e preparava todo o discurso.

Odiava-me por magoá-la.

Mas porra, aquela miúda dava-me a volta à cabeça e desde que apareceu à minha porta que não consigo ser o mesmo com a Vanessa. Tudo em mim desejava tudo da Kat.

E contra isso, não podia lutar. Pensei bastante desde a última conversa e era altura de nós dar uma oportunidade de sermos felizes.

Ouvi o som da campainha.

Respirei fundo, caminhando em direção à porta. A rapariga mostrou um sorriso rasgado e beijocou os meus lábios. Forcei um sorriso. Isto ia ser mais difícil do que pensava.

- O que andavas a fazer na minha ausência? - A Vanessa questionou, animada. - Ui, essa cara...

- Precisamos de falar...

- O que se passa? - Numa fração de segundos, a Vanessa perdeu o sorriso. Deu lugar a nervos e a preocupação. - Andreas?

- Ouve.. Isto não é fácil de dizer. Nunca contei isto a ninguém, mas preciso de o fazer contigo e não há melhor altura. - Comecei, embora sem saber se fazia qualquer sentido.

- Conta... Podes contar-me tudo.

- Quando tinha os meus catorze, conheci uma rapariga. Ela era livre, independente. Tinha um feitio fácil e uma personalidade forte.

Ela sabia perfeitamente o que se seguia. Tinha as unhas entre os dentes.

- Ficamos próximos. Tive um interesse súbito por ela e sendo sincero, nunca o perdi. Os treze foram uma brincadeira, uns beijinhos. Era uma altura em que responsabilidade não existia. No entanto, voltamos a cruzar-nos com vinte. Sem qualquer hesitações, procurei-a.

- Porque de afastaram?

- Porque arranjei namorado, duas semanas depois de a ter beijado. Ainda saímos algumas vezes em grupo, mas afastamos-nos. Aos vinte, dormimos juntos e foi tão mais intenso, porém ainda fácil entre nós.

διαχρονικά  ➛  ANDREA SAMARISOnde histórias criam vida. Descubra agora