capitulo 5: Grito de Guerra.

575 76 41
                                    

Ive:

- Você tem que desviar! Desvia!

Bard gritava feito louco e eu só queria cortar os pulsos com a porra da espada.

- Você... não é a melhor guerreira nômade?

Tá, eu não ia contar que não sabia de nada de ser medieval. Eu não nasci para ser uma quase pré-histórica cuja única necessidade, na maioria do tempo, era lutar pela vida medíocre e mal cheirosa.

Se eu não voltasse para casa - impossível porque eu iria arrancar os culhões do velhote barbudo se ele não me levasse para casa - eu iria inventar a privada, água encanada, o sabão e a depilação. Estava tudo escrito no caderno do meu pensamento revoltado. Iria ser venerada e tratada como uma deusa.

- Então bonitão - fui me aproximando do bonitão como que não quisesse nada, mas querendo - Eu meio que sei como manejar isso aqui, mas não ensino e nem mostro a outros, entende?

- Não - Ele disse e eu revirei os olhos.

- Típico! Ninguém nunca entende nada nisso aqui.

- Quero dizer que estamos em uma guerra, compartilhar as suas habilidades e experiência vai dar chances de sobrevivência a muitos homens, mulheres e crianças. Olhe para eles.

O cara apontou na direção de um bocado de homens magricelas quais golpeavam pedaços de estacas e não arrancavam uma lasca. Outros lançavam as flechas longe dos alvos. Coitados! Cheguei até sentir pena.

- Estão todos lascados. Vai tudinho morrer.

- Como pode dizer isso?!

A condolência do cara, Bard, até que me fez sentir remorso, mas...

- É a verdade - cruzei os braços - tirando a penca dos orelhas pontudas, todo o resto vai tomar no orifício circular rugoso.

- Então não vai ensina-los. Não tem compaixão?

Não, nem um pingo. E ensinar o quê, a correr?

- Ensino...

Pura que pariu! O que vou ensinar a esses desnutridos?!

- Mas preciso que me deixe em paz. Só eles e eu, tá ligado?

O cara não entendeu bem, óbvio, mas fingiu e decidiu entrar na onda. Eu quase gargalhei.

- Tudo bem...tá...tá ligado.

- Beleza, então se manda. Xô!

Tá, ele foi embora, e agora???

Tinha que pelo menos motivar como aqueles filmes de guerra que os caras sabem que irão morrer, mas tem um cara, geralmente o líder, que incentiva todos os soldados e eles partem correndo e gritando feito uns burros abestados e depois todos morrem.

Caminhei até o centro do pequeno espaço que os caras estavam treinando e chamei um deles. O magricela mal cheiroso estava suado e ofegante, e "coisas" grudavam na pele pelo suor. Eca!

- Então - disse depois de engolir o refluxo - vocês tem alguma técnica, um plano ou sei lá o quê?

- Sim, minha senhora - ele disse todo contente. Me senti uma bruxa depois disso - Os arqueiros se juntarão aos elfos na chuva de flechas e os mais valentes irão pra batalha corpo a corpo.

Cai na risada. Sério, não aguentei, até tentei não rir, mas não me controlava.

- Como é, criatura?! - disse ainda rindo - juntar-se aos elfos, sério?! Vocês irão morrer, desgraça.

E o Pau Comeu!Onde histórias criam vida. Descubra agora