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Lúcifer

substantivo masculino

¹
o maior, ou o primeiro, de todos os demônios.

²

denominação do planeta Vênus, como uma estrela matutina e vespertina.

³

aquele que carrega a luz; portador da luz.

indivíduo turbulento, endiabrado.

[☕]

A cafeteria em que eu trabalhava para bancar meus estudos sempre era cheia as segundas, o cheiro de café expresso invadia minhas narinas e isso sempre me fazia sorrir.
Eu detestava acordar cedo, mas eu amava encontrar Luke sentado na mesa próxima a janela todos os dias, lendo um livro antigo e velho.
Ele me olhava de relance e dava um dos seus sorrisos mais lindos, isso me derretia por inteiro.
A cada passo que Luke dava, borboletas invadiam minha barriga e meu coração batia em um ritmo mais acelerado.
Esse garoto fazia minhas pernas ficarem bambas, coloquei minha mão direita em cima do balcão, tentando segurar meu corpo e minhas emoções.

- Eu quero um cappuccino. - A voz grave do garoto me fez arrepiar, assenti levemente e anotei seu pedido em meu bloco de notas, mordendo meu lábio inferior.

- Mais alguma coisa? - Não o encarei, eu já sentia meu rosto formigar, eu odiava quando ele ficava muito próximo de mim.

Acho que minha maior vontade era lascar um beijo em seus lábios rosados, eu era louco por esse garoto desde quando o vi pela primeira vez em um dia frio de outono.

Ele era a oitava maravilha do mundo, e o oitavo pecado capital.

- Ah, também quero biscoitos. - me permiti observar seu rosto, suas bochechas estavam rosadas pelo frio, seu cabelo escondido em um gorro preto e ele usava um moletom maior que seu corpo, ele estava impecável, como sempre.

- Biscoitos de quê?

- Me surpreenda. - Disse e sentou no balcão, próximo a mim, deixando o seu livro de lado e me encarando profundamente com seus olhos sombrios.

Luke era um garoto malvado e travesso, isso me fascinava. Agora Luke dava atenção para seu livro, seus olhos azuis cor do céu vagavam rapidamente pelo papel amarelado, Luke molhava um dedo uma vez ou outra com sua saliva para trocar de página, seus lábios estavam semi abertos e se mexiam vez ou outra.

Aqui está. - deixei seu cappucinno e seus cookies sabor chocolate com gotas de morango em cima do balcão, seus olhos vieram até mim com malícia, Luke sorriu da mesma forma.

Obrigado. - Tirou seus olhos de mim, nesse momento eu me encontrava duro. Odiava a forma com que aquele garoto me olhava, eu sei que ele não estava dando brechas para transarmos, ele apenas estava sendo gentil. Mas isso me deixava completamente incapaz.

Meus fetiches o envolviam, seu corpo me chamava, Luke era tão quente que aquecia o gelo que meu coração era, às vezes eu pensava em lhe entregar meu número, mas nem nos conhecíamos direito. Luke sorriu travesso me encarando por um instante, anotando algo em seu livro e logo após rasgando a folha.

Me ligue. - deixou a folha em cima do balcão junto com algumas notas como se estivesse lendo a minha mente, franzi a testa e peguei as notas, as colocando no caixa. - Tenho uma proposta, Michael.

Luke levantou, pegou seu livro e andou até a porta, não sem antes sorrir para mim, sumindo entre os clientes.

Suspirei e segurei o pedaço de folha velha e com um furo no final, a letra de Luke era tosca e torta, como a letra de um médico, abri um pequeno sorriso e guardei a folha em meu avental, atendendo o resto dos clientes e esperando dar meu horário de ir embora.

[🍕]


Eu já me encontrava em casa, morrendo de fome. A faculdade estava sendo pesada naquele bimestre e o boleto já havia chegado. Eu morava sozinho em Sidney, chegava a pensar em convidar alguém para morar comigo e dividir as contas do meu pequeno e aconchegante apartamento no centro da cidade, eu trabalhava como um burro de carga para quitar todas as minhas dívidas. Aquilo pesava tanto no meu bolso como em minha mente.

Tirei meu moletom, o deixando jogado em cima do meu sofá e caminhando em passos ligeiros até a cozinha.

Minha cozinha estava um caos, caixas de pizzas estavam jogadas no chão, a pia estava cheia de louças da semana passada, afinal, eu não tinha tempo nem pra mim, quem dirá para arrumar a bagunça que eu havia feito.

Abri a geladeira e de lá tirei mais uma caixa de pizza com alguns pedaços dentro, a cheirei e percebi que ainda não havia azedado, comecei a comer gélida mesmo, eu não me importava.

Meu celular apita, uma mensagem de Calum, meu amigo desde o ensino fundamental foi a primeira a aparecer no meu ecrã.

"hoje nós vamos a uma festa, fique descente, daqui a 40 minutos te busco :) x calum"

Suspirei fundo e joguei meu celular em cima do balcão. Eu adorava festas, gostava ainda mais do sabor do álcool percorrendo minha garganta e a queimando, gostava de ficar bêbado e esquecer do que aconteceu, gostava ainda mais de esquecer de Luke, meu fiel pensamento de todas as noites.

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Vou publicar dois capítulos hoje, que vocês gostaram tanto. Muito obrigada por todos os votos, todos os comentários e todos os views. Isso é muito importante pra mim. 🌼

lúcιғer 💮 мυĸeOnde histórias criam vida. Descubra agora