Quarto em Tons de Azul

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Patético,
Entediado,
Sem sal ou açúcar,
Diariamente irresponsável,
Preocupado demais com tudo,
Desanimado,
Insuportável,
Substituível,
Irritante.

Isto é o que o silêncio
Me faz pensar
Sobre mim.

Eu encontro inspiração
Nos sorrisos e almas alheias
E escrevo sobre sem
pedir permissão.
Assim sou eu,
Imaturo maduro,
Sem ser rebelde mas
Sempre em busca de liberdade.

Encontro inspiração
Mas não sou inspiração,
Escrevo sobre cada um
Com amor,
Busco minhas mais belas
Palavras e forneço o melhor
Que esta versão de mim
É capaz de oferecer.

Em suas almas
Encontro inspiração,
Mas em mim,
Nunca encontram nada...

Eu...

Estou cansado de
Ser tudo,
Para quem me faz de nada.
Escrevo,
Agradecem.
Mergulho de corpo e alma
Em uma poça d'água.
Sou muito,
Para poucos.
Os ajudo,
Me abandonam.
Ensino o valor da vida,
Me mostram o vazio das palavras.

Escrevendo,
Moldo toda minha dor em
Letras,
Vírgulas,
Pontos.

Para vocês,
Deixo minhas inúteis palavras,
Minha alegria,
Meus sonhos,
Minha esperança,
Minha vontade,
O meu medo,
Minha raza sabedoria,
Minhas metáforas,
Meu corpo,
Meu amor.

Em total silêncio,
Vou embora,
Sem saber o que cada um
De vocês,
Loucos,
Que por algum motivo
Permaneceram na minha vida,
Realmente sentem.

A corda,
Em corrente se transforma,
Em tons de vermelho,
Ela queima,
O ar em meus pulmões se esvai,
E a vida o acompanha.

Meus pulsos,
Mente e coração ardem,
Queimam,
Dilacerados,
Banhados em sangue,
O meu sangue,
Em meu quarto,
Choro.

Lágrimas e sangue
Se misturam,
Um encontro doloroso.

Já não sei quem sou,
Já não sei o que sou,
Não sei se te quero,
Mas sei que te amo,
Não sei se sou clichê,
Ou um novo gênero de ser.

Aqui,
No caos da minha mente,
Diante os meus maiores medos,
Relembrando meus piores pesadelos,
A faca foi cravada.

Já não faço sentido,
Nada mais tem sentido.
Você,
Vocês,
Me mataram,
E eu agradeço.

Aqui,
Neste quarto em tons de azul,
Metaforicamente ou não,
Eu morri.

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