c h a p t e r t w o - a bravura que há em nós

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c a p í t u l o   d o i s

Coragem: sinônimo de bravura; intrepidez

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Coragem: sinônimo de bravura; intrepidez. Significa confiança, senso de moral intenso diante dos riscos ou do perigo.

Também significa algo que eu não tenho na maioria das vezes. Porém, que naquele momento, estava a todo vapor dentro do meu peito!

Eu sentia o palpitar de cada batida do meu coração, as minhas veias pulsavam e a coragem estendia-se em suas últimas gotas até o final daquela cena. Pareceu o caminho mais longo, arriscado e tenebroso que as minhas pernas trêmulas já percorreram, enquanto continuamente olhava para ver se o garoto ainda me acompanhava, nestes segundos via o terror em seu olhos, e a dúvida se deveria confiar mesmo em mim ainda presa em seu corpo. Ele tremia mais do que eu, no entanto, segurava a barra de ferro com tanta força que seus dedos nunca se soltariam.

— Andem logo. Depressa! Depressa! — A voz grave do homem negro que me parecia conhecido se fundia ao som do ar medonho que se mantinha ao nosso redor. Enfim, consegui alcançar a janela do prédio e me esgueirei com pressa na balaustrada, passando as pernas para dentro da varanda com a ajuda dele.

Cambaleei para frente antes de respirar fundo e me virar para ajudar Timothée a voltar.

— Merda! — Minha voz sobressai, e o olhar do homem acompanha o meu. As sombras estão envolta do garoto e o mesmo parece desnorteado. — Timothée, se concentre, ignore e ande até aqui, por favor.

Ele demora a me ouvir e por pouco suas mãos não deslizam da barra. O garoto vem se arrastando lentamente pela beira do prédio, ainda um pouco afastado do peitoril. Quando consegue alcançar a balaustrada, respira surpreso e aliviado, porém, uma força lhe faz soltar completamente do ferro que o mantinha em pé. O vejo deslizar lentamente para trás, seu corpo pendendo diretamente para as pessoas lá embaixo. Uma forma amedrontada toma sua face, e por um momento penso que foi tudo em vão, que eu não conseguiria salva-lo.

Minhas pernas se movem por conta própria e meu corpo se cruza entre o ferro. Tento alcança-lo, com a mente turva. Fecho os olhos, pensando ser tarde, mas antes que seu corpo possa voar em direção a morte, minhas mãos agarram seu pé com força. Naquele momento, ele não era pesado, e eu tinha a força suficiente para segurar um homem de cabeça para baixo. Talvez porque era isso que eu queria, as vezes o poder do pensamento podia ser um alívio.

As pessoas miúdas lá embaixo se iluminaram, foi o que vi antes de alguém agarrar minha cintura, enquanto assistia tudo passando vagarosamente pela minha mente. Uma única lágrima escorregou dos meus olhos, vagando pela solitude da altura em que estávamos. Não podia observar a gota transparente que se desfez da minha compahia, mas eu sentia que em algum momento esta cairia sobre os pés de alguém.

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