c h a p t e r t w e l v e - precisamos conversar!

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c a p í t u l o    d o z e

I saw something I never seen in you, it's got me shakin'
I must be halucinatin'
I hear it happens, I'm just sayin'

I saw something I never seen in you, it's got me shakin'I must be halucinatin'I hear it happens, I'm just sayin'

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Sinto a água cair sobre meus ombros, fecho os olhos com o contato e imagino suas mãos passeando pelo meu corpo. Sua pele macia contra a minha, entorpecendo cada um dos meus músculos. Seus lábios tocando o meu pescoço, sua respiração ritmada se juntando a minha. Apenas sua presença me fazendo ficar inteiramente pronta pra ela. Me sinto leve, e já não consigo pensar muito. Ouço sua voz rouca no pé do meu ouvido, e suas mãos descendo cada vez mais. Todos os pelos da minha nuca se arrepiam e eu já não sinto a água quente queimando a minha pele. Era como se a garota dos olhos verdes realmente estivesse ali.

— Camila, o almoço está quase pronto. — Abro os olhos e paro de me tocar imediatamente, enquanto a voz de minha mãe ecoa pelo quarto e chega abafada aos meus ouvidos.

Tomo um instante para me recuperar e encosto a cabeça na parede, tentando encontrar alguma maneira de tirá-la dos meus pensamentos. Não consigo entender como ela tomou minha mente com tanta facilidade, e não deixa de estar em cada ponto dos meus pensamentos idiotas. Bato minha cabeça na parede levemente, como se isso fosse capaz de afasta-la.

Arrasto a torneira para que a água se torne gelada e termino meu banho rapidamente, tentando esquecer o rosto da garota estranha que agora se apresenta como o ponto de prazer que eu automaticamente utilizo quando me toco. Não é como se eu conseguisse controlar a minha libido.

Saio enrolada na toalha um tempo depois, o cabelo pingando em meus ombros me causa calafrios, e rapidamente procuro por uma roupa confortável e quente, não me recordando de nenhum momento em que essa cidade aparentou um frio como esse, era uma área tropical, afinal de contas.

Enquanto deslizo a escova pelo meu cabelo, deixo as cenas do lugar que ardia em fogo invadir minha cabeça e queimar meus neurônios. Fogo, gritos e dor transcendiam das almas perdidas. Pessoas mortas que se pareciam com os vivos, em uma versão vazia e amedrontada, almas que ao chegar lá, viraram o avesso do que um dia foram em vida.

Se existe o lugar da felicidade eterna, então aquele era o medo perpétuo.

Se eu fechasse os olhos, conseguiria ver a terra infértil sob meus pés, a amargura correndo pelo ar que cheirava a enxofre. As casas encardidas em meio a podridão e pessoas com queimaduras pelo corpo todo. As almas que se tornaram monstros eram as únicas que podiam me ver, e eram também as que eu devia começar a temer, os soldados da Besta.

Eu lembro claramente das aulas de Lucy, a teologia do inferno. As histórias sobre a Besta, o monstro que comandava o lugar abaixo do limbo. Uma criatura cruel e lendária, estimada para acabar com o mundo. Citada nas lendas de vários povos de crenças diferentes, sempre acaba com o mesmo final. A libertação do caos.

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