c h a p t e r o n e - sombras que nos perseguem

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c a p í t u l o   u m

I'm scared of what's inside my head
What's inside my soul

Sempre me disseram para ser forte, para engolir o choro, para me tornar a garota forte da família

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Sempre me disseram para ser forte, para engolir o choro, para me tornar a garota forte da família. Queriam que eu fosse sorridente, que me tornasse doce e suave.

Mas eu sempre seria brusca e mentalmente perturbada!

Todos os dias da minha vida eu ouvi o quanto era louca, com os pais dos meus colegas da infância reclamando aos professores por eu não ser uma boa influência para seus filhos. Nunca parei em escola alguma. Na adolescência foi um pouco mais difícil, porque não eram os pais os cruéis, mas os alunos que se sentiam profundamente insatisfeitos comigo, talvez porque sempre fui uma garota fechada, e acabei enfrentando muitas humilhações até os 15. Então meu pai decidiu que o melhor seria me transferir para um colégio militar. Nunca questionei sua decisão, até porque não aguentava mais aquelas pessoas ruins.

Depois disso, me concentrei no meu treinamento e nos estudos, e fiz sempre de tudo para ser a melhor. Acreditei que depois da formação conseguiria me alistar nas forças armadas, mas meu pai sempre teve outros planos pra mim.

— Ally, eu quero a lista de funcionários do suporte, o analista de segurança ligou diretamente pra mim e pediu pra verificar quem vazou o código do software. Porque a Vexor anunciou a nova alteração deles e tudo indica que era o nosso lançamento!  — Expeli o pedido sem nem dar tempo que ela me notasse na recepção.

— Mas o código não era restrito para os produtores Sr?

Olhei para o meu relógio de pulso e percebi que estava atrasada para a reunião.

— Era, depois eu te explico melhor. Merda. Vou pra reunião, quando acabar quero todo o grupo que trabalhou na operação do sistema.

Nem terminei a frase e já estava voando pelo corredor. Merda, merda, merda. Era a primeira reunião que meu pai e Chris estariam presentes desde que assumi a presidência. Eu ainda estava em um período de teste, e cada mínimo detalhe poderia fazer meu velho mudar de ideia.

O chão estava um pouco liso e minha bota deslizava facilmente pelos corredores, enquanto tentava me lembrar qual era a sala de reunião. Estava meio dispersa desde que acordei, mais por lembrar do que tinha acontecido na semana anterior. Onde milagrosamente eu tinha me tornado a salvadora de Camila.

Salvar aquela garota havia despertado em mim um instinto protetor que eu não sabia que existia, pois apesar de me sentir mal vendo as pessoas morrendo, não sentia verdadeiramente que deveria salva-las. Afinal, a morte tinha vindo busca-las!

Porém, eu me sentia diferente. Muito melhor comigo mesma, talvez por sentir que tinha tirado um pouco de culpa do meu peito.

— Está atrasada, 20 minutos para ser exato. Perdeu o relógio, foi?! — A voz implicante de Chris ecoou em meus ouvidos antes mesmo que eu conseguisse passar pela porta. Eu sabia que ele se importaria mais do que o papai.

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