Capítulo 40

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Christopher Bryant Velez Muñoz

Depois do enterro fomos para casa, ninguém deu um palavra o caminho todo, eu não conseguia, não podia acreditar. Mily entrelaçou nossos dedos e deitou a cabeça no meu ombro, senti quando uma lágrima dela caiu no meu braço, apertei sua mão.

O caminho foi longo, já era noite, Renato estacionou na porta de casa, descemos todos em silêncio, fui para meu quarto tomei um banho, me troquei e fui até o quarto da Madu.

Assim que entrei fui até sua cama, nela estava o Bryant Jr., quis sorrir mas a dor de ter a perdido era maior, sentei na cama, peguei o panda de pelúcia o olhei por alguns segundos e o abracei, ele tinha o cheiro dela, o que me fez derramar algumas lágrimas.

Flashback on

04/09/2002 (Nascimento da Madu)

Chris: Mamãe, deixa eu ver minha irmãzinha! - Ele se inclinou para ver o rostinho de sua irmã.

Yenny: Aqui meu amor. - Dona Yenny diz a mostrando.

Chris: Ela é tão linda! Sabe, mamãe? Eu vou sempre cuidar da minha irmãzinha, sempre! - Christopher disse e abraçou a irmã que estava dormindo um sono pesado.

Yenny: Isso mesmo filho! Vocês vão sempre cuidar um do outro. Eu amo vocês.

Flashback off

Chris: Porque você? Porque? - dizia aos prantos, em seguida senti alguém colocando a mão em meu ombro.

Mily: Me perdoa. - Notei que seus olhos estavam inchados de tanto chorar, a chamei e ela se sentou no meu colo com os braços ao redor do meu pescoço.

Chris: Você não tem culpa de nada, amor. - encostei a cabeça em seu peito.

Mily: Isso não pode ter acontecido. - ela me aperta.

Chris: Eu perdi meu refúgio, perdi a luz que me guiava, perdi meu ponto de paz, perdi minha maior riqueza, perdi minha menina, perdi minha irmã. - senti meus olhos pesarem com as lágrimas, e a cada palavra que eu dizia ela me abraçava mais forte. - Levanta. - pedi e ela assim fez, me levantei logo em seguida secando as lágrimas que ali ficaram.

Mily: Onde vai?

Chris: Até a praia.

Mily: Quer que eu vá com você? - me olhou.

Chris: Preciso fazer isso sozinho. - ela assentiu já sabendo o que eu iria fazer, por fim me deu um beijo.

Saí de casa e fui até a praia, sentei na areia e olhei para o céu, meu olhar foi de encontro com a estrela mais brilhante de lá, e eu deduzir que era a Madu. - Que saudade de você maninha. - algumas lágrimas começaram a cair, senti alguém se aproximando e se sentando ao meu lado, olhei disfarçadamente e vi o Sebas, que começou a olhar pra mesma estrela que eu, a mais brilhante de todas, depois de algum tempo ele quebrou o silêncio.

Sebas: Ela é linda!

Chris: Sempre foi, sempre será. - falei seco.

Sebas: Cara, me perdoa, eu...

Chris: Esquece, Sebastian!

Sebas: Hey, você não foi o único a perder a irmã, eu também perdi, a Madu sempre foi meu porto seguro, sempre me ajudou sempre esteve comigo, eu... eu, vacilei demais, não prestei atenção na estrada, e... - senti o mesmo encarar a areia.

Chris: Você matou ela... - falei, meu coração que já estava em pedaços ficou pior, se é que era possível.

Sebas: Não fala desse jeito cara, eu já estou péssimo o sufiente.

Chris: A verdade muitas vezez dói, né? - fechei os olhos na tentativa de não surtar.

Sebas: Infelizmente, eu estou arrependido, na verdade, mas do que arrependido.

Chris: Era o mínimo, não é? - apertei minhas mãos, uma contra a outra.

Sebas: Eu sei que você nunca vai me perdoar, nem eu vou me perdoar, eu só queria dizer que eu sinto muito, está doendo mais em mim do que em você.

Chris: Você jura? Sério que disso isso? Você pode ter sido um dos melhores amigos dela, mas eu era o irmão, eu que sempre estive do lado dela, eu que convivi com ela TODOS os dias, você não faz ideia do quanto ela significava pra mim, ela ficou do meu lado quando ninguém mais estava, ela acreditou em mim até o último instante, sabe porque? Porque ela confiava em mim e eu nela, tínhamos um elo surreal, um elo de irmandade que eu não sei explicar, nos meus piores dias, quem estava lá comigo? Ela! Nos piores dias dela, quem estava com ela? Eu! Éramos um, e agora eu a perdi, porque você fez o favor de encher a cara e sair bêbado por aí e tirar o eu tinha de mais precioso, você poderia ter tirado qualquer coisa de mim, mas tirou o que mais me importava, tirou uma parte de mim. Não era eu o bêbado? Não era eu que enchia a cara usava e abusava de meio mundo nas festas? Pois é, o mundo capota, Sebastian, eu nunca matei ninguém por estar bêbado, não posso dizer o mesmo de você!

Sebas: Christopher...

Chris: Saí, me deixa sozinho. - fechei os olhos e respirei fundo. - Saí, Villalobos! - ele se levantou e saiu.

Me levantei, e fui até à beira da praia, tirei uma pulseira que ela havia me dado de presente e a joguei no mar, caí ajoelhado na areia derramando as lágrimas que naquele momento eu havia segurado, meu coração estava apertado, não sei de onde tirei forças para sussurrar em meio às lágrimas um trecho de Primera Cita. - Hoy mi alma se viste de etiqueta... pa' que tu vuelvas a mí.

Estava de cabeça baixa, abri meus olhos lentamente quando senti algo tocar meu joelho, ali estava ela, como se a poucos segundos não a tivesse jogado no mar. A peguei e olhei para o céu em seguida, vendo a estrela mais brilhante piscar para mim, me devolvendo uma certa esperança, sorri em meio às lágrimas, era como se a Madu quisesse que eu ficasse com ela. Entendi, que naquele momento não viveria só por mim, mas também por ela.

Fim.

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