𝚟𝚒𝚗𝚝𝚎 𝚎 𝚞𝚖

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Já era tarde quando eles chegaram na praia onde seria o luau. Ellen tentou falar com Sam, mas a mesma não atendia.

As pessoas enlouqueceram ao ver Ellen ali. Muitos pediram fotos e com toda sua simpatia, ela tirou foto com um a um.

Um tempo depois, Ellen viu Patrick se afastar e se sentar em uma ponte. Ela foi até ele e se sentou ao seu lado.

Ellen ficou quieta, não sabia se ele queria falar. Mas Patrick puxou assunto, seus olhos estavam vermelhos, parecia ter chorado.

Eles riram juntos por alguma besteira que Ellen dissera. Ela o olhou por um momento, como sentia falta dele.

O céu estrelado denunciava a bela noite que estava. O barulho da água era tão doce, feito uma melodia suave.

- Você poderia nos dar uma chance - Disse Ellen, seus olhos brilhavam. - Estou me humilhando Patrick, você sabe o quanto isso é ridículo?

Você não pode me ouvir chorar
Ver todos os meus sonhos morrerem
De onde você está
por conta própria 🎵

- Não se humilhe. Não é do seu feitio, e não é isso que quero - Suspirou ele, suas mãos tocaram levemente a maçã do rosto dela. - Ells...

Ela fechou os olhos, sentindo o carinho.

- Mas eu quero você de volta. Eu sei que errei... Patty... - Ela resmungou manhosa.

Está tão quieto aqui
E eu me sinto tão frio
Esta casa já não
Se parece mais um lar 🎵

- Eu já tenho alguém - Sua voz soou fraca. Ellen abriu os olhos.

Uma lágrima correu no canto dos olhos da loira. O ar lhe faltou e ela se sentiu perdida.

- Como? - Ela engoliu seco, algumas lágrimas correram rápido em seu rosto. - Você me beijou e agora tem alguém?

- Não quero magoar você, podemos encerrar essa conversa? - Pediu Patrick tentando inutilmente limpar as lágrimas no rosto dela.

Quando você me contou que iria embora
Eu senti como se não pudesse respirar
Meu corpo dolorido caiu sobre o chão 🎵

Os pensamentos de Ellen voaram, talvez fosse esse momento dela contar. Ou será que não?

- Quando eu era mais nova, vi minha mãe morrer bem na minha frente. Eu tinha apenas dez anos, estávamos no Jardim de casa. Ela estava reclamando de dor de cabeça por um tempo mas não levou à sério. Só que... ela começou a vomitar e dizer que sua cabeça doía como nunca. Ela caiu no Jardim, não havia ninguém em casa, só ela e eu. Eu tentei ligar para alguém, tentei mesmo - Ela olhou para ele, um sorriso forçado enfeitava seu rosto enquanto as lágrimas caíam livremente.

Por um momento Patrick se sentiu perdido. Ela nunca contara isso antes.

Ellen mordeu seu lábio inferior com força, mas agora ela tentava inutilmente prender o choro.

Então eu liguei pra você em casa
Você disse que não estava sozinho
Eu devia ter pensado melhor
Agora isso dói muito mais 🎵

- Já era tarde, ela já havia morrido. Descobri depois que ela teve uma rotura de um aneurisma cerebral, eu não entendia o que era, mas quando cresci um pouco mais eu pesquisei tanto... - Ela suspirou, o ar já começava a lhe faltar. - Minha irmã Maureen disse à mim que era eu a culpada daquilo, porque era eu quem estava com a mamãe mas eu juro que tentei fazer alguma coisa. Eu juro.

- Eu acredito em você. Ells, fica calma... - Ellen olhou para ele. As mãos dele agora prendiam as suas.

- Um dia arranquei todas as flores do Jardim, ele não tinha mais vida como antes... E eu passei alucinar, acreditava que via minha mãe ali, apenas me esperando para regar as flores, principalmente os girassóis porque era os que mais amávamos - Ela puxou o ar com dificuldade. - Dois anos depois da morte da minha mãe, eu estava no carro com meu pai e eu tinha um irmão... ele se chamava Michael. Um outro carro bateu do lado esquerdo do meu pai, em um cruzamento... O homem ignorou o semáforo e vinha em alta velocidade, adivinha? Papai e Michael morreram, eu fiquei internada por meses, desacordada. Imagina acordar e saber que seu pai e seu irmão morreram mas você ficou? Maureen passou a me odiar e me culpar ainda mais. Tive de morar com minha vó, para não ser levada para um orfanato. Cresci, e aos meus dezessete anos minha vó morreu... Eu estava trabalhando em uma loja e quando cheguei ela estava morta em sua cadeira de balanço.

Você fez meu coração sangrar e
Você ainda me deve uma razão
Porque eu não consigo entender o porquê 🎵

- Eu sinto muito... você nunca disse nada sobre isso... Eu sinto muito mesmo - Patrick sussurrou se aproximando dela.

- Eu estava no último ano da escola e eu tinha dois amigos, Samuel e Alice. Eu os amava porque eles me entendiam e... Eu me sentia tão bagunçada - Ela chorou outra vez. - No fim do ano eles se suicidaram, juntos.

Ellen riu, uma risada irônica e frágil.

- Parece mentira não é? Como tanta desgraça pode mesmo acontecer assim com uma pessoa só? É quase que injusto... - Patrick tombou a cabeça para o lado. Ele sustentou as lágrimas em seus olhos e deu a ela um sorriso triste. - Daí eu pensei, pra quê conhecer novas pessoas? Se eu não conhecesse ninguém, não haveria quem perder. Então fiz uma lista, uma lista muito importante. Nela eu me proibia de se envolver seriamente com as pessoas, principalmente se apaixonar.

Por que eu estou sozinho e congelando?
Enquanto você na cama com ela
E eu simplesmente sou deixada sozinha pra chorar 🎵

- Por isso você...? - Ele não continuou, mas Ellen assentiu.

- Sempre que eu resolvia me envolver com alguém, não deixava que barreiras fossem ultrapassadas. Sempre que estava ficando sério, eu dispensava o cara - Ela olhou para ele. - Daí eu conheci você, e você foi legal. Fizemos amor ao invés de sexo, e dormimos juntos... eu nunca dormia com ninguém, mas com você eu dormi. Conheci seus amigos e ficamos mais próximos. Foi então que eu percebi que havia quebrado todas as regras... mas eu não sabia que estava apaixonada por você. Até ir embora e sentir falta do seu corpo, do seu beijo... de você.

Ellen se levantou, estava prestes a sair da ponte.

- Onde você vai? - A voz de Patrick tremeu.

Os cachos loiros de moveram com o vento, Ellen se virou para ele.

- Você a ama? - Seus olhos estavam pesados. O verde de seus olhos brilhavam de tristeza.

Você fez meu coração sangrar e
Você ainda me deve uma razão
Porque eu não consigo entender porquê 🎵

Patrick não a respondeu. Ele apenas lhe olhou com atenção. À pele branca de Ellen estava vermelha pelo choro, no rosto da mesma correram mais algumas lágrimas.

- Perdão - Ele abaixou a cabeça, Ellen fechou os olhos rápido.

- Eu deveria te desejar felicidades mas... Eu não consigo, não agora. Porque... Eu o queria feliz comigo, não com outra. Desculpe-me pelo egoísmo - Ela suspirou. Estava em pedaços.

Você não pode me ouvir chorar
Ver todos os meus sonhos morrerem
De onde você está
por conta própria 🎵

- Eu sinto muito, Ellen - Ela assentiu, com um sorriso fraco.

- Está tudo bem.

Ela se virou, as lágrimas voltaram a queimar em seus olhos.

Está tão quieto aqui
E eu me sinto tão frio
Esta casa já não
Se parece mais um lar 🎵

💖💖💖
É isso por hoje.
Espero que não me matem.
Até logo meus amores.
#semrevisão

Serά que elα voltα?Onde histórias criam vida. Descubra agora