Capítulo 29 - Um aliado.

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No final da noite, a família e o visitante novamente sentaram-se diante da mesa, agora para o jantar. É verdade que Manoel se atrasou, Tacinho pediu para que o coronel esperasse pelo amigo, o pai atendeu o pedido. Não tiveram de esperar muito, logo Manoel, ou Maneco como estava sendo chamado por Betinho em tom de brincadeira, desceu e juntou-se a família Andrada.

O coronel antes de dar o pequeno sermão sobre o atraso, olhou atento para a gravata que o rapaz usava. O que lhe chamou a atenção, não foi a gravata em si, mas a cor dela: rosa, uma cor gritante, uma cor um tanto feminina demais para um homem usar, era o que o coronel achava e estranhou aquilo.

— Manoel, devo informar que o jantar é servido todo dia pontualmente às 19 horas. — Falou enquanto ajeitava o guardanapo sobre seu colo. — Talvez você não soubesse disso, amanhã você não terá desculpas para se atrasar, portanto não atrase. Não vou esperar da próxima vez.

Betinho e Tacinho olharam um para o outro e acharam graça, era engraçado quando não era eles recebendo uma bronca.

— Me perdoe coronel, não vai se repetir.

— Espero que não. — O coronel disse sorrindo por último, triunfante, comeu um pedaço da comida e em seguida apontou o garfo para Maneco e continUou. — Também espero que você goste da comida brasileira. Se há uma coisa que esse povo sabe fazer é achar motivos para não trabalhar e cozinhar, rapaz.

Todos riram.

O jantar continuou, Manoel adorou a comida, o coronel achou o rapaz muito simpático. Ele tinha um jeito estranho de falar, era o sotaque, mas além disso, ele agia de um jeito muito particular. O coronel prestou atenção, percebeu que o garoto falava e gesticulava com as mãos, num modo animado de dizer, cheio de entusiasmo. Era coisa rara de ser ver, pelo menos o coronel não via muitos homens gesticulando com todo aquele entusiasmo. Enfim, o coronel contou sobre o seu dia e Eustácio fez o mesmo, mas seu pai sentiu falta de um assunto em particular: Aurora, ele queria saber como seu garoto estava se saindo com a garota.

— Conte-me Eustácio, tem falado com Aurora?

Neste momento, quando o nome da garota foi mencionado, Eustácio engoliu seco o que estava em sua boca, Betinho deu um grande gole do vinho que estava tomando. Manoel deixou os talheres de lado, mas que momento constrangedor era aquele! Betinho sabia que seu irmão não tinha contado sobre Aurora, qualquer coisa poderia acontecer agora, não sabia como Manoel iria reagir.

— Claro, nós almoçamos juntos hoje. — Tacinho disse olhando para o pai e por fim, olhou para seu irmão. — Ela está ansiosa para vir jantar conosco. Aliás papai, seria prudente marcar logo uma data para esse jantar.

— Certamente, vou conversar com Wanda e logo falarei com Álvaro sobre isso. Você tem muita sorte por tê-la, Eustácio. E será muito bom tê-los aqui conosco, assim Alberto pode ter outra oportunidade para conversar com Lídia novamente. — Ele terminou de dizer e voltou sua atenção para o garfo e a faca. Laurinha veio trazendo a garrafa de vinho, encheu a taça de Betinho, ninguém percebeu, mas a garota deu um belo beliscão na nuca do rapaz fazendo-o se contorcer por um segundo. Era óbvio para ele: Laura não iria tolerar mais uma conversa dele com Lídia.

Manoel inclinou-se para o lado com cuidado, para mais perto de Eustácio, perguntou baixinho:

— Quem é Aurora? Uma amiga?

— Bem, ela é minha namorada.

— Namorada!?

Manoel falou alto, todos se assustaram e deram um pequeno pulo de suas cadeiras. Betinho mais uma vez tomou um grande gole de seu vinho, sabia que o pior estava por vir. O coronel levantou o olhar do prato e encarou Tacinho e Manoel, raivoso. Maneco percebeu a grosseiria de seu ato, decidiu agir.

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