Capítulo 2 - O tempo

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Antes de mais nada, deixe que eu me apresente. Acredito que seja de seu direito, leitor, saber ao menos quem lhe narra tais acontecimentos. Fui testemunha desta história, estive presente em todo canto daquele bonito palacete, fui a todas as festa que ali um dia foram dadas, gargalhei e já chorei, enquanto testemunhava. Alguns consideram-me como um inimigo, vivem dizendo que passo depressa demais, mas não tenho culpa, não controlo os segundos, minutos e horas explícitos no relógio. Ah, eu fui o passado, sou o presente e o futuro, de forma resumida lhe digo, leitor querido: eu sou aquele traço mínimo entre a data de início e de fim na lápide, sou o tempo.

Recomendo-lhe, leitor, ao ler a história imagine em sua mente a voz de seu melhor amigo, seu confidente, pois assim o considero, um amigo que conta ao outro as mais puras e duras verdades. Mas também recomendo, e peço que não me julgue por ser imoral, quando a história ficar um pouco mais quente, não tenha vergonha, pode imaginar a voz de seu amado ou amante, suspirando tão ternamente ao pé de seu ouvido. Quando chegar os momentos de ira, de bravio, vá! Imagine tudo aquilo que mais odeia no mundo, sei que é característica dos seres humanos odiar uns aos outros, mas não os julgo. Nos momentos de tristeza (já lhe aviso que haverá muitos), imagine aquilo acontecendo contigo mesmo, sofra como se fosse você o sofredor.

Agora venha, leia com atenção, de tempos em tempos, faça uma pausa e pense no que leu, pense no que aquilo lhe fez sentir. Vamos então ao próximo capítulo, vamos para o dia seguinte, um dia muito importante para o coronel Andrada e seu filho mais velho, Eustácio. Me dói lembrar daquele dia, pois aquele dia terminou mal.

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