Capítulo XI

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Com o cair da noite, Raoni pôde finalmente colocar os novos solis cultores em uma vã e entregá-los em suas respectivas casas. Saíram de seu estupor pela tarde, acordando desnorteados e confusos, em dúvida sobre o que aparentemente vivenciaram. O praecipientis os reuniu na sala de reuniões e contou a verdade. Era sempre cômico o leque de emoções que atravessam os rostos dos iniciados, os Filhos do Sol e da Lua enfrentavam o problema da globalização e da miscigenação cultural: o quanto as novas gerações de guerreiros seriam conectados ao lado espiritual de sua natureza e distanciados da raiz indígena? Desconhecem suas origens até que a enfrentam numa sala pouco decorada, expelidas pela boca de um jovem adulto loiro.

Alguns riem, outros se negam a acreditar nas baboseiras contadas e poucos refletem sobre como tudo faz sentido, olhando para seu passado e para as sensações que sua mente filtrou ao longo do tempo. Independente de como se sintam, não possuem escolha. O líder é claro. Não é um processo seletivo, é uma maldição. Suas vidas vinculadas às adagas, seu comportamento à Irmandade. Estavam sob o código de conduta dos solis cultores e seu descumprimento gera punição. Respeitem seus irmãos e suas inimigas, afinal, todos são filhos de uma mesma fonte.

E que se preparassem, o treinamento estava prestes a começar.

Havia pouco que Freya saíra de seu estupor, tomara um banho e deixava sua casa para o endereço enviado por Brenna

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Havia pouco que Freya saíra de seu estupor, tomara um banho e deixava sua casa para o endereço enviado por Brenna. Caminhava despreocupada, nunca temera andar pela noite sozinha, sempre se sentira melhor no escuro; via menos pessoas também. Passou pela casa de apoio a idosos Maria Cecília Berenice e entendeu como a nova amiga descobrira sua atividade semanal, o prédio ficava bem no caminho para a sua residência. Dez minutos mais e se deparava com a frente da casa de Brenna. Diferentemente da sua, esta ficava numa área pensada para a família, as casas eram simples, belas e possuíam espaços abertos para lazer, seja com um jardim ou quintal.

Abriu o portão da frente e caminhou pelo trecho que levava até à porta, brinquedos se espalhavam pelo chão, fazendo-a desviar de alguns para não tropeçar e quebrá-los, e na área coberta, um carro estacionado. Freya o encarou, constatou que o pai de Brenna estava em casa, e por um minuto não resistiu a se perguntar que tipo de pai ele seria. Seria presente, carinhoso? Ou seria parecido com os seus?

Deixou de lado esse pensamento e tocou a campainha, rapidamente a porta foi aberta e a visitante precisou abaixar a cabeça para encarar a pequena figura ali disposta.

― Quem é ocê?

― Ah, uma amiga de sua irmã.

Estlanho, Bena não tem amigas. ― o adorável rostinho enrugou a testa, deixando-o quase cômico diante de tamanha seriedade. ― Qual o seu nome, menina dolada?

― Pode chamar sua irmã, por favor?

― Não, pleciso saber se ocê não é peligosa. Qual o seu nome?

Stellae - A maldição do Sol e da Lua [LIVRO I - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora