let her take control

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Karol:

Com uma nota mais alta, finalizo.

Meu peito sobe e desce, freneticamente, por causa da minha respiração descompassada, mas não me importo com isso. No momento estou escutando a melhor melodia do mundo; os gritos do público invadem meu único ouvido sem o retorno do som, os ecoantes "Karol" me fazem sorrir mais ainda.

Caminho mais para o centro do palco e, com um aceno de mão, chamo a banda e os bailarinos para me acompanharem. Com eles ao meu lado, o enorme palco não parece mais tão vazio.

Curvo-me para o público e eles me seguem, fazendo os gritos aumentarem. A música do encore começa e eu faço meu discurso. O agradecimento é quase sempre o mesmo, não por ser ensaiado, mas por eu ser verdadeiramente grata aquelas pessoas e ao que faço. A música é a minha vida, sem ela, estou vazia.

Por algum motivo, demoro um pouco mais falando da música. Percebo quando uma lágrima surge no meu olho direito e sei que está perceptiva para o público. A limpo, sorriu e termino o discurso. Tento não sair correndo do palco, foram emoções de mais para um dia apenas.

Giovanna me abraça assim que piso no backstage. As vezes, acho que Gio fica mais feliz do que eu nos finais de show, mas, com o tempo, aprendi a não estranhar. Nos apegamos assim que nos conhecemos e quando ela se apega, é capaz de guardar as pessoas em um pote.

- Você foi incrível!

Tenho um pote especial.

- Como sempre, eu sei.

O que me permite fazer e falar, quase, qualquer coisa sem ser julgada.

- E é por isso que eu não gosto de te elogiar, você fica mais insuportável.

- E você me ama assim mesmo - Gio tenta ficar com a cara seria, mas logo sorri e nega com a cabeça, frustada.

- Vai se trocar, vai.

Abraço minha amiga rápido e vou em direção ao camarim.

No caminho, sorrio e aceno para todos da equipe. Foi uma longa tour e vou deixar de vê-los por um tempo (faz anos que não troco minha equipe), mas não tanto. Por mais que tudo o que eu queira por um tempo é descansar e sumir, sei que não é uma opção. O próximo single já foi decidido e preciso decidir tudo em relação ao videoclipe e as promoções, também faz anos que não deixo que outras pessoas decidam isso por mim.

Suspiro pesado quando fecho a porta do camarim e estou, por fim, sozinha. Foi um longo dia e meu corpo implora pela minha cama. Amo fazer shows, amo sentir a energia do público, mas toda a preparação para isso me desgasta mais do que gosto de admitir. É um peso com o qual aprendi a lidar, mesmo que alguns dias pese mais do que outros.

Retiro toda a maquiagem e a Karol exausta aparece. Sorriu sem humor quando vejo as olheiras e as espinhas de adolescentes que insistem em me perseguir aos 19 anos, estou acostumada, até lhes dou nomes.

Ainda com a roupa do show, deito no sofá e pego o celular para mexer um pouco no Twitter e no Instagram. Não é possível que eu tenha tanta preguiça a ponto de enrolar para trocar de roupa. Vejo algumas fancans do show (não acredito que me gravaram quase caindo), algumas fotos e salvo as que mais me agradam. Deixo um agradecimento no Twitter aos fãs e algumas das respostas fazem mais uma lágrima brotar no meu olho. A limpo e decido que já é o suficiente de redes sociais por um dia.

Já é o suficiente de emoções e lágrimas por um dia, também.

Minha vontade de ir para casa se esvai rapidamente. Tudo o que eu menos preciso agora é ir para casa. Pego meu celular e procuro o contado salvo como "loquita".

There's Nothing Holding Me BackOnde histórias criam vida. Descubra agora