bad things

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Ruggero:

Meus protestos sobre não querer ir foram o mesmo que nada para Valentina. Ela entrou no meu quarto (leia-se invadiu) e antes que eu pudesse começar meu drama sobre não ir, uma roupa havia sido jogada na minha cara junto com as palavras da minha melhor amiga:

"Se arruma ou mando as fotos do seu aniversário de 10 anos para todo e qualquer site de fofocas que existir no mundo"

Então, aqui estou a caminho da casa que a gravadora emprestou para Agustín ficar esses dias. Não sei nem se ele podia fazer essa festa, mas não acho que meu amigo se importe. Por trás de seu jeito responsável, ainda existe o lado festeiro que o faz ser amigo de Valentina há tanto tempo.

— Quer tirar essa cara de enterro? Se divertir não vai te matar — suspiro. Deve ser a quinta vez que Valentina diz isso desde que entramos no carro. — e eu não te entendo. Hoje de manhã você concordou em vim e agora tá assim chato.

A verdade é que não me importo em sair para me divertir, tanto que concordei em vir (não que eu tivesse a opção de não concordar), mas as coisas não estão mais como antes.

Quando chegou minha vez de subir ao palco, tinha conseguido enfiar na minha cabeça que Karol só me beijou para me fazer pensar em outra coisa, só que assim que ela saiu do palco e me deu outro sorriso presunçoso, essa certeza foi embora. Ela havia se divertido com o beijo, principalmente, por saber que aquilo me deixou todo confuso. Eu não preciso desse tipo de joguinho na minha vida, nem agora nem nunca. E com os avisos de Agustín voltando a minha cabeça uma e outra vez, minha vontade de ficar longe dela só aumentava.

Escuto o barulho da festa antes mesmo de estarmos na frente da casa. "Mais calmo, privado e íntimo" disse Agustín. Preciso que ele me diga o conceito dessas palavras.

— Vamos, Rugge, nem eu estou com essa cara de desgosto e gosto tanto de festas assim quanto você. — o fato de Lino estar do lado de Agus e Valu nessa briga, só me deixa em desvantagem.

Não respondo. Não tenho nenhuma resposta que não envolva contar o que aconteceu nos bastidores e não estou nem um pouco afim de ver o que viria depois disso.

Valentina para na nossa frente e sem dizer uma palavra, vira-se a começa a caminhar em direção a entrada da casa. Suspiro e a sigo junto a Lino.

Meus ouvidos doem assim que entramos e a música alta torna-se mais insuportável. Já fui em festas e saí algumas vezes com Valentina e Agustín, mas nunca me interessei muito. A música quase sem letra, as pessoas bêbadas e mexendo os corpos como se dançassem, mas apenas deixando o álcool assumir o cérebro. Nada daquilo me interessava. Não que eu não goste de beber e me divertir, apenas acho tudo isso na minha frente exagerado e fora da minha realidade.

Mal dou dois passos e alguém esbarra em mim. Escuto um baixo pedido de desculpas e logo a pessoa some. Vejo alguns rostos conhecidos do festival e mais da metade deles já está mais bêbado do que o indicado para pessoas que irão trabalhar amanhã.

Seguro meu braço direito com minha mão esquerda e percebo o quão perdido e inseguro isso me faz parecer, então me solto do meu próprio aperto. Sigo Valu que, mesmo sem nunca ter pisado nesse lugar, caminha como se fosse a casa dela. Paramos quando chegamos ao bar e ela logo pede três copos de algo que não ouvi o nome, mas que assim que chega, é colocado na minha mão.

— Pelo festival — ela levanta seu copo — e pelo milagre que foi te trazer aqui. — Reviro os olhos e brindamos. Não sei o que estou bebendo, mas assim que engulo e sinto a queimação por dentro, meu corpo reage na hora e faço uma careta, arrancando uma gargalhada de Valu — Ainda é só um bebe.

There's Nothing Holding Me BackOnde histórias criam vida. Descubra agora