think about...

531 44 120
                                    

Karol:

Talvez não tenha sido a melhor ideia sair para beber ontem, mas fiquei com tanta raiva do Agus por não ter ido buscar a mim e a Gio no aeroporto por "vingança" por nós termos saído na noite anterior que não pensei nas consequências. As vezes, tenho vontade de bater nele. Agustín precisa entender e aceitar de uma vez que eu faço o que eu bem quiser da minha vida.

Infelizmente, agora estou com uma enorme dor de cabeça em decorrência as minhas duas noites seguidas de bebedeira e mal dormidas. Para piorar, não posso dormir, pois agora é o primeiro ensaio do festival. Acho que isso é mais do que suficiente como castigo.

Dou o meu melhor no ensaio e tento não mandar cada pessoa que aparece na minha frente ir a merda. Além da minha apresentação, ensaio a apresentação em grupo. É uma novidade para quase todo mundo, mas é o que os organizadores querem: surpresas e inovações. Alguém avisa que isso só tá piorando a minha dor. Quase  não presto atenção ao ensaio e deixo que meu corpo se mova no automático. É um costume que tenho.

Assim que o ensaio termina, puxo Gio e vamos juntas para casa. Quero chegar primeiro que os outros três, pois sei que vão me encher de perguntas e de broncas e não estou com cabeça para isso agora. Além disso, estou com saudades do meu cachorro e se conheço Sherlock tão bem quanto sei que conheço, ele deve estar irritado por ter sido deixado tanto tempo de lado. Ele é dramático e sentimental. Já disse que foi feito para ser meu?

Dito e feito, no momento em que chego e o vejo na sala de estar, ele apenas me olha com seu olhar de julgamento e sobe as escadas para o segundo andar. Suspiro. Vou ter muito trabalho para que ele me perdoe, mas, mesmo eu sendo meio louca, sei que não teria dado certo levar Sherlock para sair em uma cidade que não conheço. Se eu me perdesse, ok, podia dar um jeito, mas se perdesse meu cachorro, eu começaria a chorar e não saberia o que fazer. E eu não costumo chorar e não saber o que fazer.

Com minhas últimas forças, me arrasto para o banheiro e fico embaixo da água até meus músculos relaxarem totalmente. Tenho que parar de ficar saindo tanto sem um intervalo de tempo grande o bastante para descansar o suficiente. Não prometo começar a fazer isso, pois não é a primeira vez que penso nisso e sei que não vou cumprir a promessa. Odeio quebrar promessas.

Saio do banheiro com o cabelo enrolado na toalha e usando um roupão. Sherlock está deitado em sua cama ao lado da minha, mas não me olha. Suspiro e pego um pijama e o secador de cabelo, pois sei que se deixar ele secar enquanto durmo, amanhã terei muito trabalho e não quero mais problemas. Com o cabelo seco e meu pijama confortável, estou pronta para me jogar na cama e apagar por horas, mas, assim que me viro, vejo meu cachorro deitado no meio da minha cama.

Suspiro cansada. Eu poderia reclamar, pedir para ele sair, mandar ele sair, implorar para ele sair, mas sei que nada vai funcionar. Conheço meu cachorro e sei que a personalidade dele é alinhada a minha, então ele não vai sair a menos que queira, pois é teimoso que nem um cavalo, tal como eu.

Jogo meu corpo sem forças ao lado dele na cama. Quando estou acomodada, Sherlock deita perto da minha costela. Acaricio sua cabeça enquanto sinto meus olhos pesarem e minha respiração acalmar.

— Desculpa — digo sonolenta — não vou mais deixar você.

Então, durmo.

Horas depois, acordo na mesma posição em que dormi. Odeio dividir a cama por esse motivo. Sempre me mexo muito, mas quando existe algum peso perto de mim, eu não consigo e involuntariamente, meu corpo fica imóvel no lugar. Geralmente, isso faz com que meus músculos fiquem pesados e doendo o resto do dia, mas, acho que hoje estava tão cansada que ficar imóvel fez com que relaxassem mais.

There's Nothing Holding Me BackOnde histórias criam vida. Descubra agora