Prólogo - Um dos começos chega ao fim...

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Como não se render ao charme avassalador que ele tem?

Ela nunca soube como. Não havia. Ele é realmente perfeito demais, sabia disso e, mesmo assim, era irresistivelmente difícil não se render àquela atração avassaladora. É perigoso, mas isso era a menor da menor de suas preocupações. Agora, finalmente a olhou profundamente, tanto lhe tirou o fôlego. Ele a segurava em seus braços como se nada pudesse a tirar dali, sem que morresse para salvá-la de qualquer mal que existe nesse mundo cruel.

Por toda a vida, foi ela. Por todas as horas, minutos, segundos... Sempre viveu por ela. A razão de estar ali... Era ela. E mesmo que não entenda, ele continuará a fazer as mesmas coisas, do mesmo modo, sempre. Até ela entender e se der conta do que está acontecendo de fato com sua vida. Ele já não se lembra mais de como é respirar, sentir o coração pulsar, sentir o sangue quente correr por entre as veias, e é quando mais sente vontade de voltar no passado e reverter tudo o que aconteceu, tentar salvar a vida dela no começo de tudo seria mais fácil, sabendo agora que, quanto mais ela voltava em uma nova vida, mais complicado ficava quando se reencontravam. Sempre fica complicado para eles quando se aproximam demais e não era justo.

Ela, finalmente, abriu os olhos por completo, depois de quase uma hora adormecida em seus braços gelados, cobertos pela blusa de frio fina. Sorrindo para ele, ela diz, olhando em seus olhos:

- Há quanto tempo...

Ele a interrompe, lhe dando um beijo de leve, seus lábios rosados e gelados pelo frio se curvaram em um sorriso em seguida.

- Não se preocupe, está tudo bem.

Ele disse com tanta segurança, que ela quase acreditou que tudo não passava de um sonho... ou pesadelo. Mas o perigo era tão eminente quanto a tristeza estampada no rosto dele.

- Por favor, não minta mais para mim. Eu... Eu preciso saber de tudo o que está acontecendo entre nós...

– Ou por nossa causa. – Ele murmurou, nervoso.

Seu olhar era tão doce que ele sentia repulsa de si mesmo. Não podia continuar com isso, ela não merecia, precisava parar de procura-la a cada nova vida e dar a ela uma chance de viver sua vida sem sofrer as consequências que o encontro dos dois traziam para suas vidas... Mas, mesmo assim, se negava a deixá-la. Amava-a tanto que chegava a doer. E ela continuou a fitá-lo.

- Isso é para seu bem. – Ele disse tão suavemente, que sua voz chegou aos ouvidos dela como algodão. Novamente, ela olhou para a floresta, como fizera antes de adormecer. Abaixo de seus pés, havia somente neve. Estavam em terra firme agora, mas ela jurava ter saído alguns metros do chão, antes de desmaiar em seus braços... Impossível, estava delirando. Será que estava sonhando?

- E o que foi aquilo? Por que... Por que não me conta nada?

- Eu... Não posso te contar.

- Mas por que não? - Ela insistiu.

Ele cerrou os dentes, estava começando a ficar nervoso. Sempre que ela fazia estas perguntas, ele ficava. Não dava para explicar tudo a ela agora, não havia tempo e jamais entenderia toda a situação, não desde o começo. E mesmo que contasse, nunca acreditaria...

- O que foi? – Disse ela, tocando de leve em seu rosto frio.

- Não é nada.

Ela sentiu aquele calafrio horroroso novamente, como se fosse um aviso. Estava cansada de senti-lo todas as vezes que chegava perto demais dele.

- É melhor você dormir mais um pouco.

Ela o olhou, a testa franzida, os lábios contraídos. Ele conhecia muito bem essa expressão. Estava brava.

- Não, não estou com sono. Quero uma explicação. Agora!

Ele suspirou, fechando os olhos. Ela era teimosa demais, como nas outras vidas.

- Você nunca muda...

Estranhamente, ela sorriu. Mas não havia entendido o sentido da frase.

- Vai me explicar?

- O que você quer saber?

Ele a segurava nos braços, em pé, debaixo de um pinheiro enorme.

- Há quanto tempo está me segurando aqui? Como pode fazer isso?

Ele sorriu. Ela teve que admitir, era o sorriso mais lindo que já havia visto em toda a sua vida. E sentiu que estava gostando dele, ou pior... Estava perdidamente apaixonada.

- Você não é tão pesada. E nós não estamos aqui há tanto tempo.

Pelo que ela se lembrava... Estavam sim.

- Não sei se posso confiar na sua resposta. – Ela disse, e ele sorriu e a olhou em seguida. Um vento frio bateu em seus cabelos, deixando seu aroma doce espalhado por ali. Ela era uma ótima isca e aquela, uma ótima oportunidade...

E ele amava esse cheiro. Amava e odiava. Seu desejo em possuir esse cheiro em toda a sua essência era mortalmente feroz, ele lutava contra tudo dentro de si, somente para mantê-la segura e em seus braços o quanto podia, sem a machucar...

- Nunca acreditaria se eu contasse a verdade.

Ela franziu a testa, mas desta vez, não estava nervosa, estava assustada.

- O que está havendo?

Ele suspirou. O cheiro dela ainda estava no ar. Se já não fosse tarde, ele podia tentar salvá-la, como sempre uma tentativa desesperada e inútil de mantê-la viva, tão inútil que sempre se decepcionava com os resultados de seus esforços. Então, se contentando com os últimos minutos ou talvez segundos com ela em seus braços, ele a desceu de seu colo, passando sua mão pela sua nuca, encostando seu nariz gelado no dela e dizendo, pela... Já havia perdido a conta de quantas vezes havia dito isso:

- Eu sei que não vai entender nada agora... Mas, por favor, tente se lembrar pelo menos disso...

Ele lhe deu um beijo apaixonado e tão quente quanto da última vez.

– Eu te amo, Katsya! - Ele disse, se virando para aquilo que, sem sombra de dúvida, levaria sua amada, novamente, para o leito de morte.

Aquele borrão escuro e volumoso vestido com uma capa preta, olhos sombrios e fome voraz se aproximou deles mais rápido quanto podia para saciar sua fome e sede de vingança. 

E, então, mais um começo chega ao fim...

Saga Eternamente: Misteriosa Atração (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora