A Penúltima vida de Breezy Parker

1.1K 62 12
                                    

– O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares... – Dizia a professora chata de história. Breezy, como sempre, viajava mentalmente por entre as árvores do jardim da escola. 

A janela de vidro era a única coisa que a separava do mundo lá fora e, por mais que a professora insistisse na matéria, nem ela nem nenhum outro aluno gostavam de história. Sua mente se voltava para a visão daquele vulto preto e volumoso que avistou na floresta no dia anterior e em seus sonhos... ou seriam pesadelos? Era difícil saber, mas no momento em que Breezy se aproximava do vulto, ela acordava. Não dava para saber quem ou o que era.

–... Estamos entendidas, senhorita Parker? – Disse a professora, em alto em bom som.Breezy se assustou tanto que derrubou sua garrafinha de água. 

– Hã? O quê?

– Perguntei se entendeu o que eu disse...

Ela sorriu, sem graça, respondendo:

– Sim, senhora Wanner. – Disse, timidamente.

Ninguém podia fazer qualquer barulho ou bagunça na aula da senhora Wanner, uma mulher de quase cinquenta anos de idade, com cara de múmia, cabelos desgrenhados, roupas escandalosas e uma "vontade" de dar aula invejável.

– Então, todos entenderam? Vinte páginas falando da opinião de vocês e sobre a opinião de seus familiares em relação à aula de hoje.

Mas Breezy mal sabia o assunto daquela aula. E vinte páginas eram um exagero. "Professora bruxa!", pensa Breezy, bufando de tédio. O sinal bate e a aula acaba. Ficar ali o dia inteiro a fazia implorar para seus pais, todos os dias. Implorar para que "pelo amor de Deus, tirem qualquer coisa do meu quarto, mas me tirem daquela escola"! Nunca deu certo pelo visto. 

Breezy se apressou em pegar sua garrafinha no chão. Ao sair da sala, quase tromba em um cara. Ele pareceu nem a notar e Bree o viu apenas de costas. Por ficar olhando para trás, seguindo-o com os olhos até ele entrar no banheiro masculino, tromba e quase derruba o próprio irmão:

– Breezy? Onde já se viu andar olhando para trás? Ela o olhou, com os olhos arregalados e com o coração acelerado.

– Eu...

– O que foi?

Corey estava com olheiras, pálido, olhos vermelhos e, ao tocar de leve no braço de Breezy, pode perceber que ele estava gelado.

– Não... Nada. Por que está tão gelado? – Ela perguntou, sentindo calafrios.

Corey ignorou a pergunta, se virou e começou a caminhar para a saída. Breezy, desajeitada e quase derrubando os próprios materiais, vai atrás do irmão.

– Ei... Corey! – Breezy gritou, tentando equilibrar os materiais e, ao mesmo tempo, correr atrás de Corey. – Ei, para!

Corey parou abruptamente no meio do corredor movimentado. O sol de fim de tarde estava bem nos pés dele, na entrada da escola. Virou-se, encarando a irmã:

– O que é? – Resmungou, cruzando os braços.

– Você não me respondeu...

Ele revirou os olhos, sem paciência.

– Ah, não enche!Breezy bufou, nervosa.

– Que droga, Corey!

– O que foi, Breezy?

Os dois estavam nas escadas, na saída do colégio, parados, olhando um para o outro. Ele tinha olhos castanho-esverdeados, cabelos raspados nas laterais e um estilo largado. Ao observar seus olhos, Breezy se assustou, os olhos do irmão nunca estiveram tão escuros e vermelhos.

Saga Eternamente: Misteriosa Atração (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora