Alivio

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Enquanto caminhava vagarosamente pela rua, Breezy sentia as palavras de seu pai a perturbarem. Não podia estar acontecendo aquilo. Não podia existir. Podia ser sonho, mas não era. E precisava de Damian para abraçar. E para lhe fazer a pergunta que mais lhe atormentava desde que tirou os olhos de seu pai, ao sair do portão de casa: Damian é vampiro? Ou seria imaginação dela? Ou seria loucura?

E de repente, ela sente alguém. Olha para trás e não vê ninguém. E quando se vira, quase morre de susto. Um menino quase acerta a bola nela.

- Desculpe, moça.

- Tudo bem. Tome cuidado.

O garoto sorri e volta para a calçada. Mas aquela sensação de estar sendo seguida era reconhecível e irritante. Continuou sentindo até chegar em casa. Entrou, trancou tudo, subiu até o quarto, colocou as fotos em seu devido lugar e quando foi fechar a porta viu um vulto na janela. Assustada, ela cambaleia par trás e bate sem querer a porta do quarto com força e cai no chão, ofegante, o eco da porta batendo zuniu em seus ouvidos por alguns segundos. Nesse instante, Damian aparece:

- O que foi isso?

Ela arregala os olhos. Tudo fora tão rápido.

- Damian! – Murmurou ela, se levantando com a ajuda dele.

Ele a olhou, com a testa franzida e olhos estreitos.

- Levei um susto ! – Disse ela, tentando disfarçar.

Ela ia se virar, quando ele agarra seu braço.

- O que estava fazendo ali?

Breezy sentiu sua garganta secar.

- Nada.

- Bree...

Ela suspirou. Não podia esconder ou fugir da realidade.

- Eu entrei sim. Hoje de manhã.

Damian passou as mãos pelos cabelos e respirou fundo, dizendo:

- O que foi que eu te disse?

- Eu sei, deveria ter te escutado, mas acabei descobrindo algumas coisas...

Ele a olhou, nervoso e assustado.

- O que descobriu?

Ela franziu a testa.

- Mas é tão ruim ter descoberto algo?

- Apenas... fale, o que descobriu?

- Responde você primeiro... Você nunca me responde, Damian!

A situação era crítica. Ela não deveria ter entrado lá.

- Fala logo o que descobriu, Bree!

- Olha, não fica bravo, não. Tive um dia difícil e estranho, meu pai e minha mãe agiram de forma tão esquista, vi e escutei coisas hoje que, sinceramente, nunca foram reais para mim. Descobri uma parte de mim que nunca pensei existir...

Damian se empertigou.

- Preciso mais de respostas do que você, Damian.

- Não, eu é que preciso.

- Responda logo.

- Para de ser teimosa, caramba!

- Então, pare de esconder coisas de mim, droga!

Damian suspirou.

- Não há tempo para isso agora.

- E quando terá? Damian, eu... – Breezy sentiu seu peito pesar. - ...Eu não tenho culpa, tá? Não morro nem volto por que quero... Eu vi as fotos...

Ele sentiu seu coração doer de uma maneira que nunca havia doído antes.

- Ei... – Ele a abraçou. – Desculpe!

- Por que não me contou antes?

Ele se assustou desta vez.

- Não contei o quê?

- Pode falar, eu não tenho medo de você!

Damian sentiu como se uma porta em seu peito se destrancasse e tivesse o motivo para escancará-la de uma vez por todas... Mas e os riscos que essa descoberta traria? E os problemas que Breezy enfrentaria por causa disso? Sem dúvida, a vida dela estaria com mais problemas e correndo mais riscos se ele contasse a verdade. Mas o que ele não faria para protegê-la e mantê-la sempre em seus braços, como agora?

- Se eu disser... – Ele começou dizendo, a levando para o quarto. - ...Você correrá mais perigos do que já corre, meu amor!

Ela sorriu, o apertando mais no abraço.

- Quero saber de tudo, menos da parte do vampiro. Estou tentando absorver ainda.

Damian sentiu um alivio enorme em seu peito.

- Até que enfim...

Ela o olhou. Ele sorria como nunca.

- O que foi?

- Você finalmente saber o que sou e o que acontece contigo... É como se tirasse um peso de cima de mim.

- Agora posso saber mais sobre você, misterioso Damian?

Ele a beijou carinhosamente.

- Temos que pensar em um plano... Estamos prestes a declarar guerra.

Breezy suspirou.

- Não muda de assunto.

- Sou perigoso.

- E daí?

- Sou um monstro.

- E?

- Bebo sangue.

Ela sorriu.

- Nunca tentou beber o meu.

Damian suspirou pesadamente.

- Já tentei... e por isso, faço um esforço descomunal, você nem imagina.

Ela sorri, mas ele não.

- Não faz isso, Dam.

- Desculpe.

- Ei... – Ela diz, tocando sua face. - ...Não posso ter medo de você. Eu te amo!

- Você vai me conhecer e entender o que estou falando.

- Então, chegou o dia?

- Em breve, minha linda.

Breezy suspirou, olhando para o quarto.

- Esse quarto já foi meu, não é?

- Sim. Quando nós éramos jovens humanos.

Ela franziu a testa.

- Eu sou jovem humana, a não ser que esteja me chamando de idosa... – Disse Breezy, rindo.

Damian sorri.

- Não estou te chamando de velha, até por que eu sou mais velho que você.

- Quando foi que se transformou?

- Em 1816.

Breezy fez careta.

- Odeio história.

- Você nunca gostou.

Ela sorri.

- Quero saber mais sobre essa coisa de viver no mesmo corpo, a mesma vida e por várias vezes.

- Você vai saber de tudo, meu amor. É uma longa e triste história...

Saga Eternamente: Misteriosa Atração (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora