Eu vivia uma dupla identidade.
Com minha família, Pedro e amigos eu era o Luka padrão, gente boa, carismático e hétero. Com a Ana eu era eu. Pelo menos umas duas vezes por semana nós saíamos juntos (Pra todos os efeitos ela era minha ficante) e eu comecei a me conhecer a fundo.
A Ana era incrível, me ajudava e aconselhava de todas as formas possíveis. Com ela eu ficava de guarda baixa e me surpreendia em ver como eu era diferente perto dela.
Contei pra ela tudo sobre o Pedro e sobre meu amor platônico. Esse era o único assunto que ela não opinava e eu agradecia muito por isso. No fundo eu sabia que ela iria sugerir que eu me afastasse dele e isso era a última coisa que eu faria na vida.
A gente tinha gostos parecidos então sempre que dava íamos no cinema. O filme da vez fora Harry Potter e o Enigma do Príncipe. Depois fomos lanchar no Burguer King.
- Lu, olha a bunda daquele boy ali passando! - ela sussurrou apontando com os olhos.
Realmente o garoto tinha uma bunda muito gostosa. Respondi sem pensar.
- Nossa! Me afundava naquela bunda e matava quem tentasse me tirar de lá. - respondi sem pensar. Mal terminei a frase e comecei a gargalhar, até engasguei com o milk shake.
Ana ria abertamente também. Eu não era de fazer esses tipos de comentários.
- Desculpa Ana, isso foi muito gay - comentei quando consegui ficar sério.
- E qual o problema de ser muito gay? - ela levantou as sombrancelha - você é gay não é?
- Fala baixo! - pedi pra ela. Na mesma hora vi seu semblante fechar.
- Luka, você tem que parar de ter vergonha disso. Ser gay não é humilhação pra ninguém.
- Eu sei... - eu corei - mas é que eu não tô acostumado. Esse tipo de papo por exemplo eu nunca poderia ter com meus colegas ou com minha família.
- Não poderia por que você tem medo. - ela estava irritada. - quem te ama ou gosta de você vai amar e gostar de qualquer jeito. Por favor, cresça.
- Desculpa Ana. - pedi arrependido. Eu concordava com tudo que ela tinha dito. Mas esse mundo era muito novo pra mim ainda. - Sou o pior-melhor-amigo-gay-secreto do mundo. Nem beixar um cara eu beijei.
Ela segurou minha mão com carinho.
- Tá desculpado, eu sei que você ainda é um bebê nesse mundo. - ela pareceu pensar numa coisa e começou a mexer no celular desesperada. - Meu deus! Por que eu não pensei nisso!!
- No que?
- Lu, tenho uma amiga que tem um irmão liiindo! E ele é gay!
Comecei a suar. Ela queria marcar um encontro?
- Não sei, Ana...
- Ah, sabe sim! - ela me deu um beijo na bochecha, feliz. - nesse final de semana o bebê vai aprender a andar!
***
Ficou marcado pra sábado, num barzinho do outro lado da cidade. Eu, a Ana e o tal irmão, Lúcio. Ana achou um absurdo ter que ir junto mas bati o pé e disse que só iria se ela fosse. Eu estava apavorado.
Quem não gostou nada foi o Pedro. A gente tinha marcado dele dormir lá em casa bem no dia da saída e tive que desmarcar.
- Maninho, a Ana falou que precisa conversar comigo! - menti. Estávamos no seu quarto, Pedro como sempre sem camisa exibindo seu físico e eu me concentrando em só olhar pro seu rosto.
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Crônicas de Léo - Vol 2: Luka
Random" Maninho...me espere. Eu vou te tirar dessa." Desde criança até passar pelos eventos do "volume 1", veremos como surgiu seu amor pelo melhor amigo... E o que ele fará para te-lo de volta. Passado, presente e futuro se misturam nessa histó...