8 - Perdas -

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  Desci do táxi tonto de insegurança e nem tive tempo de parar e respirar fundo. Lúcio me esperava no batente da porta de sua casa.

  - Oi Lukas! - ele me puxou e me deu um beijo na bochecha - cara, você está lindo!

  - O...obrigado. - corei e sorri sem graça pra ele. - você também.

   E realmente ele estava. Trajava uma bermuda jeans cinza e uma camisa polo branca. Sorri vaidoso ao perceber que ele estava perfumado também. Pelo jeito se arrumar só pra mim.

   - Que nada, peguei a primeira roupa que eu vi e coloquei. - ele usou um tom casual mas com certeza era mentira pois deu uma piscadinha matreira pra mim. - deixa eu te mostrar minha casa.

   Entramos numa casa que, embora pequena era bem espaçosa e arrumada. Nada de enfeites e penduricalhos poluindo o ambiente. Um sofá vinho e Puffs da mesma cor do imagem uma sala sem tv, mas com um belo mini system. Alguns quadros com pinturas abstratas e móveis modernos cuja cor predominante era preta.

   - Você realmente tem só 18 anos? - perguntei me sentando no puff.

   - Agora 19. - ele foi pra cozinha (dividida por um balcão de mármore preto, estilo americana e preparou uma bebida pra gente) - mas por que a pergunta?

   - Sua casa parece ser de alguém mais velho. - ele ergueu as sobrancelhas enquanto trazia dois copos com uma bebida azulada dentro. - Você mora sozinho?

   - Moro. Herança da minha mãe.  - ele me entregou as bebidas e se sentou no sofá, olhou ao redor rindo baixo. - "Casa de alguém mais velho"... O que você esperava? Poster do homem aranha e Harry Potter espalhados por aí?

  Eu ri sem graça e neguei com a cabeça. Mas era exatamente o que eu esperava.

   Dei um gole na bebida e arregalou os olhos deliciado. Que refrescante! Virei o copo rapidamente, surpreso como minha boca estava seca.

   - Calma com a sede! - ele riu - parece fraquinho mas tem bastante álcool viu?

   Ele pegou meu copo e rapidamente foi à cozinha e preparou mais um drink.

  - E você não tem tv?

  - Ela fica no quarto. Eu não sou de receber muita visita, mas quando recebo quero estar realmente com ela, não quero ter a atenção dívida por uma tela.

  Tentei detectar algum duplo sentido na sua frase mas ele só me olhava com um sorriso calmo.

   Dei mais uma goles na bebida deliciosa e pousei o copo na mesinha de centro. Ele deu uns tapinhas do lado vago no sofá.

   - Não quer se sentar aqui comigo?

   Fiquei corado na hora. Pronto, ia acontecer. Afinal eu vim pra cá pra isso né? Não podia amarelar agora.

   Me levantei e sentei ao seu lado olhando pra baixo. Ele pareceu que ia se aproximar e, sem pensar direito, tirei minha camisa social e comecei a me inclinar pra ele. Pra minha surpresa ele me segurou pelos braços, mais surpreso que eu.

   - Calma aí Lukas! A gente tá se conhecendo!

   Olhei pro Lúcio com vergonha e confuso.

   - Mas... A gente não vai..?

   - Vamos. - foi a vez dele sorrir sem graça - quer dizer, provavelmente. Mas antes quero te conhecer. Quero que você relaxe, entende? Que seja natural.

   - Ah, Lúcio, me desculpa, to um pouco nervoso. - Voltei pro meu assento constrangido.

   - Eu sei. A Ana me contou sua história.

Crônicas de Léo - Vol 2: Luka Onde histórias criam vida. Descubra agora