Acho que foi na sexta série que percebi que sentia algo a mais pelo Pedro.
Era o primeiro dia de aula. A gente tinha ido junto pra escola como de costume e escolhemos assentos vizinhos. Vimos a galerinha, conversamos um pouco e depois que o professor chegou e depois de fazer a chamada veio a bomba.
- Fessor. - Pedro levantou a mão. - o senhor esqueceu de chamar meu nome!
- Verdade, Pedro! - o professor em questão tinha nos dado aula no ano anterior e por isso nos conheciam. Ele analisou o caderno de presença e franziu o cenho - Estranho...
Pegou um outro caderno do seu material e logo sorriu satisfeito.
- Aqui está! Pedro, você está na turma errada. Esse ano você está na 6° B.
- O que? - eu disse baixinho.
- O que? - Pedro exclamou alto. Olhou rapidamente pra mim com os olhos arregalados - deve ter algum engano, fessor.
- Engano nenhum. - ele foi até a porta e a abriu - Sua sala esse ano é a outra.
- Por que? - não consegui ficar quieto.
- Não sei, Lukas - e respondeu com um início de impaciência. - no intervalo vocês podem perguntar pro coordenador.
Nos olhamos surpresos e subitamente com um frio na barriga. Ele se levantou meio constrangido e recolheu seu material. Me levantei também.
- Onde o Sr pensa que vai, Lukas.
- Vou falar com o coordenador. - respondi e saímos pisando firme da sala.
- Onde já se viu!? - reclamei seguindo o corredor com meu amigo, ele estava cabisbaixo.- a gente sempre estudou juntos! Por que esse ano ia ser diferente?
Vi que ele se encaminhava pra sala da 6° B e o parei.
- Onde você vai, Pedro?
Ele parecia inseguro.
- Pra sala. O professor não mandou a gente ver isso no intervalo?
- Larga de ser pau mandado Pedro! - esbravejei e puxei meu amigo pra direção da Coordenação.
Eu sabia que ele não gostava de conflitos então fui o porta voz com o coordenador e diretor.
O que não resultou em nada. Duas crianças reivindicando o direito de ficarem na mesma sala não tem tanta importância pros adultos como eu imaginava na época.
Voltei bufando pra minha sala e Pedro foi cabisbaixo e obediente pra dele. No intervalo sentamos juntos no pátio mas nenhum de nós estava com humor pra bater papo.
Eu tava com uma vontade louca de chorar. Saber que eu ia ficar o ano inteiro sem o Pedro na sala tava me consumindo! Do que adianta ter um melhor amigo se você não pode passar o tempo com ele? Ele também não parecia estar gostando nada daquela situação.
Na hora de voltar pra sala, Pedro se levantou mas eu não.- Luka, vamos?
- Não vou. - decidi. - só volto pra sala se juntarem a gente novamente.
Ele olhou para os lados meio inseguro. Ele me dava nos nervos as vezes. Com o pessoal da nossa idade ele era decidido, brincalhão e um líder nato, mas com pessoas mais velhas ou com alguém detentor de algum tipo de poder ou influência ele sempre se mostrava tímido e quase serviu. Talvez seu pai fosse o culpado...
Vendo que eu não ia arredar o pé ele suspirou e se sentou do meu lado. Não demorou muito e fomos notados por uma professora.
- Meninos! Já pra sala! - chamou ela de longe.
Fingimos que não era com a gente.
Por fim vieram o vice diretor e o coordenador. Explicamos que só voltaríamos pra aula se nós juntassem na mesma classe, ou melhor, eu expliquei. Pedro ficou olhando pro chão apavorado.
Mais uma vez não deu em nada. Nossos pais foram chamados e ganhamos uma advertência e um dia de suspensão cada um. Me bateu um remorso enorme de imaginar o esporro que o pai dele não ia fazer em casa. Foi uma noite péssima pra mim.
Tentei falar com o Pedro no dia seguinte mas ele estava terminantemente de castigo. A dona Angélica cochichou pra mim que ele estava bem mas seu marido proibiu ele de sair do quarto. Voltei pra casa abatido e com a consciência pesada.
No dia seguinte a surpresa: Tinham me mudado de sala pra sala do Pedro!! Pelo jeito a confusão de 2 dias atrás tinha dado algum resultado!! Quando ouvimos a notícia nós gritamos contentes e nos abraçamos! Sem pensar direito no que fazia ele me deu um beijo na bochecha.
Seu cabelo liso e loiro fez cócegas no meu nariz. O apertei com força. Seu corpinho era tão gostoso de abraçar, seus lábios eram tão quentinhos!
E, sem aviso prévio, tive minha primeira ereção.
Eu ainda estava nos braços do Pedro quando senti uma dor gostosa e um arrepio na virilha. Meu pinto deu sinal de vida e começou a crescer com uma rapidez alarmante. Eu sabia o que era uma ereção (a internet começava a ficar famosa nessa época) mas não entendi por que tive uma ao sentir os lábios do meu amigo na minha pele.
Me afastei da forma mais discreta possível e coloquei minha mochila em frente ao corpo. Acho que ninguém percebeu. Ele segurou minha mão livre e fomos correndo pra sala.
Ele contente e inocente.
Eu pensativo e confuso...
***
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Crônicas de Léo - Vol 2: Luka
De Todo" Maninho...me espere. Eu vou te tirar dessa." Desde criança até passar pelos eventos do "volume 1", veremos como surgiu seu amor pelo melhor amigo... E o que ele fará para te-lo de volta. Passado, presente e futuro se misturam nessa histó...