4 - vamos jogar

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— você — falamos ao mesmo tempo

— Júlia? o que você faz aqui? — pergunta ele me fitando de cima a baixo. Merda. Eu disse para o Lucas que era arriscado voltar tão cedo assim pra casa, agora fui descoberta

— eu quem deveria fazer essa pergunta.. — também o olho de cima a baixo — o que faz tão tarde na minha porta, querido professor? — tento não demonstrar nervosismo

— ahh já sei..

— sério? — e foi esse tempo grosso comigo esse tempo todo de propósito?

— você deve ser a Márcia, a empregada que o senhor Bittencourt comentou comigo, só não entendo porque desse nome..

— que? — dou risada e encosto a cabeça na porta, ainda estava meio zonza por conta de tanta bebida — tá tudo bem com você Dr? — dou mais risada ainda, minha última fala foi puro deboche. Ele fecha a carranca e novamente me mede de cima a baixo e passa por mim entrando

— por que está vestida assim? Andou bebendo? Seu patrão sabe que usa nome falso pra trabalhar aqui e que se veste assim na ausência dele?

— do que você tá falando? você se intromete na vida de todos seus alunos e invade suas casas ou a implicância foi só comigo mesmo? Porra, que cara chato! — é ele conseguiu me tirar do sério.

— trabalha de que? — ele cruza os braços me fazendo outra pergunta chata ao invés de responder a minha. Faço questão que ele veja eu revirando os olhos para ele. Ele me mede mais uma vez e por segundos seus olhos pousam em meu decote — Não me diga que..

— NÃO! — o interrompo — É claro que não, nojento! — cruzo meus braços cobrindo meu seios

— então o que?

— eu moro aqui! — ele nega com um riso debochado

— com certeza você mora..

— olha, sei que você é meu professor, só te devo respeito fora do polo quando você me der respeito! Agora você vem tarde da noite bater na minha porta, entrou sem ser convidado
e só não me chamou de puta por que eu não deixei. Ainda quer debochar da minha cara? Faça o favor de se retirar, se não quiser que eu chame os seguranças pra você

— calma. — ele levanta as mãos como quem pede rendição — não vim aqui para acusar ninguém de nada, eu vim para jantar com um amigo e me deparo com a minha aluna semi-nua na casa dele, é de se estranhar, não concorda?

— se tivesse perguntado educadamente antes de vir me acusando, eu responderia com o maior prazer

— tem razão. Peço desculpas por te interpretar mal. Podemos recomeçar? — respiro fundo e assinto — prazer, me chamo Matthew. — ele estica a mão. Eu olho para sua mão esticada e para ele, torno a olhar para a mesma e a aperto.

— obrigada pela educação, Sr. Whisser. Eu me chamo Júlia Almeida Bittencourt — sua boca se forma um "o" quando eu falo meu último nome — e eu também sei ser educada quando quero. — solto suas mãos e noto seu olhar constrangido enquanto ele engole em seco.

— é.. é.. eu sinto muitíssimo, Sra. Bittencourt. Por ter causado tanto constrangimento a senhora — ele evita me olhar nos olhos — já estou de saída — ele dá um passo à frente, eu ainda não havia fechado a porta, ele rapidamente chega a mesma

— senhorita. — o corrijo e ele se vira me olhando nos olhos dessa vez — Marcio Bittencourt é meu pai, não meu marido.

— peço desculpa novamente senhorita, com licença. — ele faz um breve aceno com a cabeça e volta a se virar de costas pra mim

ELE - Livro 1 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora