Pov. Matt.
1 Ano depois..
"Você mentiu e esse tempo todo fui uma idiota"
vinha cenas da discussão do aeroporto em meu sonho, e com um susto acabo acordando. Esse é o sonho que vem me atormentando a mais de um ano. Hoje faz exatamente um ano e dois meses desde que a Júlia me deixou, um ano e dois meses em que fui demitido e nunca mais contratado e um ano e dois meses em que fui despejado e moro de aluguel em uma casa de dois cômodos na periferia.
O dinheiro do aluguel desse mês foi gasto em cafés e maços de cigarro, ultimamente eu tenho sido uma ruína de ansiedade com muitas dúvidas e incertezas em minha cabeça, mas sei que de alguma forma irei encontrar a saída, afinal, não existe como sair dessa tempestade se não for descobrindo um jeito.. Estava pensando em o que fazer para conseguir o alimento de hoje quando alguém bate a minha porta.
— quem é? — grito ainda deitado
— é o Tomé. Zinho, abre a porta que é urgência, tá ligado? — tomé era o braço direito do dono do morro e Zinho, era o apelido que me deram desde que me mudei para cá. Caminho até a porta abrindo-a rapidamente
— fiz algo? — pergunto confuso, ele só visitava as pessoas quando precisava muito de algo ou quando o chefe (dono do morro) encomendava a cabeça de alguém
— não, mar precisa fazer antes que seja tarde de mais, tá ligado?
— tô, tô ligado sim — imito ele em um tom de voz debochado
— um ano já na favela e o play boy ainda tá com esse deboche, truta? — ele se altera e eu engulo em seco
— me desculpe — contive meu riso, pois não queria morrer
— o bagulho é o seguinte, rolou uns boatos de que o play boy era doutor antes de vim pra cá..— assinto
— ainda sou, só não estou atuando no momento. — esclareço com orgulho, Tomé revira os olhos.
— pouco me importa. O importante é que o patrão tá doente e não pode descer o morro, faz o favor de vir comigo?!
— sim, claro! — aceito na hora, mega feliz porque finalmente arrumei um bico para hoje e é algo de que eu me orgulhe.
Pego o meu kit médico e sigo o Tomé até a última casa do morro, passo por uns traficantes, digo, seguranças e finalmente entro me deparando com o tal chefe, ele se encontrava em uma situação horrenda. Ele estava com um buraco enorme na cara
— é câncer de boca! — afirmo após a anamnese
— não quero saber o que é. — o tal chefe me encara irritado — Quero saber como se cura!
— Não há cura.
— então ele não serve, Tomé. Mate-o — Tomé assente e destrava a arma. Eu me rendo desesperado
— ESPEREM! — ele tira o revólver da minha cabeça e espera eu falar. — há tratamento! O caso dele já está muito avançado para uma possível cura, mas ainda há tratamento.
— é sério mesmo? — pergunta o chefe e eu assinto.
— sim, mas só com esse kit que tenho agora, é impossível atuar.
— me fale o que precisa e o Tomé providenciará
— Irei precisar de muitas coisas, mas só se encontra lá em baixo em farmácias de alto custo
— nenhum dos meus pode descer. A polícia está fazendo ronda lá em baixo, e conhece cada um de nós. Você vai ir! — ordena ele
— eu? — engulo em seco. Ser preso era o que estava faltando na minha lista de desgraças
— sim, você é todo burguêszinho ninguém vai desconfiar que trabalha para mim
— mais eu não trabalho mesmo.
— a partir do momento que entrou por aquela porta você trabalha! E aí de você se ousar me trair — não disse nada, não estava preparado para entrar para o mundo do crime
— não quero ser um criminoso, eu sou médico, um professor de medicina! não um marginal! — o dono do morro e o Tomé se racham de rir da minha cara
— fica tranquila, boneca. Você não vai ter que vender drogas ou o seu corpo.. sua única e exclusiva função é cuidar da saúde do chefe, ou seja, ser médico! — respiro aliviado. — de quantos pau você precisa? — já morava aqui há um bom tempo, então já entendia algumas das gírias do morro.
— medicamentos para o caso dele custa muito caro, vou precisar de no mínimo uns 30 mil
— certo. Levará 50 e se precisar de mais me liga e o Tomé dará um jeito de te enviar
— mas como vou descer com todo esse dinheiro sem ser suspeito?
— tem carro?
— não, fui roubado há um tempo atrás
— tem pelo menos habilitação?
— tenho.
— então vou te arrumar um carro, já que vai ter que me ajudar sempre. Vai até a sua casa e me trás seus documentos. Iremos comprar um carro legalmente seu, rápido!! — ainda não acredito que isso está realmente acontecendo comigo
— sim, senhor
— traga suas roupas também, irá morar aqui a partir de hoje.
— sério? mas por quê?
— porque você vai ser a babá do chefe a partir de hoje — diz Tomé
— certo. — Vou para minha casa, arrumo todas as minhas coisas e volto pra a última casa do morro
— trouxe seus documentos?
— sim, eu trouxe tudo.
— então venha — deixo minha mochila com as minhas coisas no sofá e sigo eles até um grande pátio de carros que ficava atrás da sua casa — escolha um carro, será seu aconteça o que acontecer..
— sério?
— sim. Também tenho um dinheiro limpo, Sr. não quero ser um criminoso.. — ignoro eles e ando em torno dos carros, e finalmente acho um lindo. Era uma Mercedes preta, 2018. Novinha!
— quero essa. — falo com toda certeza.
— espertinho.. foi no meu preferido, prepare a papelada Daniel — ele fala com o dono do pátio, depois de ter feito isso voltamos para dentro e faço um curativo em seu rosto até eu voltar com os medicamentos
— pronto, isso aguenta até eu voltar
— dá para até depois de amanhã?
— não, isso aguenta no máximo até às nove
— Você deve ficar lá em baixo pelo menos dois dias para não criar suspeita.
— mas e os medicamentos?
— me ensine como fazer os curativos e eu mesmo farei até você voltar. Quando descer eles provavelmente vão te parar, você deve dizer que veio do exterior e queria visitar sua prima que mora aqui. Mas ela não estava e você esta com muita pressa pois é um homem de negócios. Eles pediram os documentos e ao ver que está tudo em dia te liberarão.
— certo. — capto cada comando
— agora vá, seu carro já está pronto. Tem um dinheiro a mais para você ficar lá esses dois dias.
— certo.
Ao entrar no carro confiro os documentos e ao ver que estava tudo certo, arranco o mesmo partindo para fora da comunidade. Como o dono do morro disse, os guardas realmente me pararam, mas repeti oque o chefe disse e eles acreditaram e me liberaram. E como havia sido ordenado ligo para o chefe
— passei, chefe.
— certo, o dinheiro está em baixo do tapete do motorista
— quê? — fico boquiaberto
— é isso mesmo. Não te disse antes, para não ficar nervoso e dar bandeira
— certo, estarei de volta o mais rápido possível.
— belê. — ele desliga e prossigo para um hotel na cidade
VOCÊ ESTÁ LENDO
ELE - Livro 1 (COMPLETO)
RomanceA jovem Júlia vê seu mundo virar de cabeça para baixo após acordar completamente nua ao lado do seu professor A vida de Júlia muda completamente, após ela beber de mais e acordar com o seu professor arrogante Embarque nessa aventura com a Júlia, gar...