23 - Testamento

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No presente. Pov. Matthew

Durante esse mês que trabalhei para o chefe pude perceber que dinheiro não te leva para lugar nenhum, um dia você tem dinheiro e no outro não tem a vida. Arrumo minha mala para voltar ao meu barraco e desço

— vai pra onde, mané? — intoroga tomé

— vou voltar para a minha casa, já que não precisam mais de meus serviços

— espera. A leitura do testamento é as 14, o chefe provavelmente deixou algo para você

— não, eu já vou.

— espera pô, o cara já chegou. — ele fala quando vê entrar um senhor acompanhado por um monte de gente

— quem é toda essa gente?

— a família do chefe..

— ele tem família? — Tomé assente e eu fico boquiaberto — e eles sabiam das condições do Derik?

— sabiam sim, eles são só um bando de filhos da puta interesseiros

— todos prontos? — pergunta o senhor e entra para a sala de reunião

— tamo sim, vamos zinho. — Tomé  me puxa e entramos para a sala e nos sentamos. Logo o carinha do testamento começa a ler

— "aposto que toda a minha família está reunida, não está? Pois digo a vocês que podem ir embora, pois a vocês não deixo nada seu bando de interesseiros! Desde que minha mãe morreu vocês me abandonaram na favela e disse "vamos criar uma nova família em Londres sem ele". E porque agora querem oque é meu? Agora Vão lá para sua famíliazinha em Londres e me deixem descansar em paz". — o juiz termina boa parte e metade da sala se retira envergonhada. Dos que vinheram com o juiz, apenas 5 ficaram. Segundo Tomé eles são a tia, tio e primos do falecido chefe.

— que palhaçada! Como assim não recebemos nada?! Nós somos a família dele! — a loira granfina começa a fazer barraco.

— peço silêncio ou a senhora vai ser convidada se retirar — fala o juiz

— tá, okay. Vou ficar caladinha e ver pra quem o babaca deixou toda a grana. — ela se senta novamente.

— " para Júlio e os outros deixo 15 mil para cada" — juiz fala e os meninos se curvam agradecidos.

— como assim, ele deu 15 mil para cada mo.moleque desse? Eles não passam de aviãozinhos viciados em drogas! — a loira histérica berra novamente e os meninos furiosos são contidos por mim e Tomé. O juiz faz ela novamente se calar e outra vez ela concorda se sentando.

— " para Tomé, meu braço direito deixo minhas casas da Grécia, Londres e Turquia. Obrigado por ter sido um ótimo aliado" — o juiz fala e todos ficam chocados com tudo que acabara de ser dito. — " e por último, mas não menos importante. Deixo todas minhas conquistas limpas e meu morro.. — todos se levantam anciosos, eu contínuo sentado esperando para rir do próximo ataque da tia maluca — deixo meu tudo mais honesto, e meu morro que é a minha vida para o cara mais honesto, gentil e humilde que já conheci. Conheci essa pessoa a um mês, pessoa não, irmão!. Sim, mesmo com um mês de vida descobri um irmão que já estava perdido a um ano na minha quebrada. — minha atenção sai da loira e olho para o juiz, prestando atenção no que ele falava, meus olhos começa a marejar ao eu perceber que esse irmão de quem ele falava era eu. — Mattzin, não gostava de quando eu te chamava assim né? Kkk. Sim, pessoal. É para o meu médico que conheci a um mês que deixo todo meu ouro. Matt, quero que você continua esse homem gentil que você é! saiba que sou muito  grato a você. Você arriscou sua vida diversas vezes só para buscar remédios para mim, cuidou de mim, me deu conselhos quando mais precisei e sempre me motivou, obrigado por tudo! Amo você irmão! — o juiz termina de falar. E eu ainda estava sentado, absolutamente imóvel.

— mas que palhaçada é essa? — a loira histérica se levanta, me encara, aponta o dedo para mim e fala — isso não vai ficar assim, ouviu bem? NÃO VAI! — ainda imóvel, não respondo nada a ela que se retira soltando vento pelas ventas.

                                  ~•••~

Hoje faz dois meses desde que assumi o morro. Sim, eu assumi. Mas foi com a condição de não me relacionar com tráficos. Essa responsabilidade ficou para Tomé que passou a ser meu braço direito. Estava deitado no sofá quando Tomé chega

— fala ae, zinho. Seu cuzão! — me cumprimenta se jogando do sofá 

— fala, Zé ruela! — o comprimento de volta — como vai as coisas?

— recebi um baita carregamento (drogas) e não tenho como passar pra frente e nem pra onde despachar.. tava pensando em fazer um baile, o que me diz?

— não tenho nada a ver com seus corres, se vira e faz oque achar melhor.. — levanto minhas mãos, rendido. — só não envolva armas, não deixe entrar ninguém de fora e ninguém com drogas.

— certo.

— só maiores também, faz favor.

— okay, mas vem cá.. quando você vai se anunciar o novo chefe mesmo? A quebrada já tá curiosa.

— ainda não sei, me deixe pensar mais um tempo

— firmeza. Você viu a filha da Vanessinha?

— filha de quem? — arqueio a sobrancelha sem entender nada

— a dona Vanessa, manezão! — ele nega com a cabeça

—a do chefe? É a única que conheço.. — me refiro a mulher que trepava com o ex dono do morro

— ela mesma.

— e oque tem ela?

— não é ela, Zinho. Tô falando da Safira!

— a catarrenta? — esboço uma careta ao me referi a filha da dona Vanessa com o apelido que o próprio Tomé a havia dado a ela

— é moço, ela tá bonita agora!

— sério? — dou risada e finjo entrar na sua onda

— sim, e ela vai estar no baile de hoje. Que tal passar por lá? 

— não vou, valeu!

— fico com ela pra mim então

— boa sorte! Vai precisar! — dou risada da cara dele. Depois de conversarmos quase o dia todo ele vai embora, ele ficou de marcar um baile pra sábado e meio que me convocou a ir lá para a tal apresentação.

ELE - Livro 1 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora