No momento que meu olhar cruzou com o seu eu já soube que você era a pessoa por quem esperei a vida toda. Seus olhos cintilantes trouxeram uma paz indescritível para a minha alma naquela fração de segundo. Eu, extasiado, não tive outra reação a não ser demonstrar o mais puro e verdadeiro sorriso. Você, encabulada, formou um pequeno sorriso de canto e desviou o olhar.
Quando trocamos as primeiras palavras, sua voz permeou por entre meus ouvidos e atingiu em cheio o coração. Aquela voz doce e encantadora parecia ser capaz de estremecer a mais forte das estruturas. Eu mal lembrava como falar naquele momento, mas era capaz de sentir meu coração em minhas mãos, pronto para ser entregue para você. Eu podia senti-lo pulsar, podia senti-lo gritar de paixão. Ele sabia que você era quem mudaria a minha vida, quem daria razão à minha existência.
Num ato corajoso, coloquei minha mão sobre a sua e o senti um choque elétrico atravessar por todo o meu corpo. Sentir sua tez tão macia, tão pura e delicada, fazia cada centímetro do meu corpo encher-se de êxtase. Eu estava tendo, naqueles segundos, a certeza de que o Paraíso existia: e ele tinha um sorriso maravilhosamente encantador.
Enquanto, ousadamente, minha mão saía da sua para segurá-la pela cintura, seu olhar me disse tudo que eu vivi a vida toda buscando ouvir. Não era paixão. Não era amor. Nada mundano ou verbalizável poderia descrever a sensação que nos envolvia. Uma aura de felicidade se instaurou ao nosso redor e, se o mundo desmoronasse naquele segundo, estaríamos a salvo.
No instante que nossos lábios começavam a se tocar, tocou, também, meu despertador. Voltei à realidade e lembrei que contos de fadas e sonhos aqui não existem. Ao regressar à solidão devoradora de almas, recordei que minha vida está longe - muito longe - de qualquer situação semelhante à do meu sonho.
Acordei do meu sonho para retornar ao meu pesadelo cotidiano.
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A Mor Te Que Ro
RandomUma seleção de textos que expressam diferentes sentimentos de forma crua, dolorida e verdadeira, utilizando metáforas para traduzir a excruciante dor de sermos o que somos.