Dizem que o inverno chegou novamente, mas a passagem das estações não é mais sentida. Faça chuva ou faça sol, mesmo que chova ou neve, a sensação de desolação é a mesma. A única diferença é que os dias chuvosos acabam trazendo um certo conforto por mostrar que o clima, às vezes, se parece com o nosso interior. Há dias que os termômetros marcam temperaturas que muitas pessoas estariam muito bem agasalhadas ou, então, tremendo de frio. Mas aqui é indiferente.
Não há como descrever o fato de não sentir frio. Talvez não sinto frio por também não saber como é o calor (humano). Eu mesmo acho que não emito calor algum. Exceto nos momentos que lágrimas geladas descem pelo rosto. Esse contraste acontece inversamente também, quando lágrimas de lava descem pela pálida e gélida face... e isso é inexplicável.
Ler estas palavras e analisar as metáforas pode ser interessante, mas eu lhe asseguro que não é.
Palavras, por mais poderosas que sejam, não são o bastante para colocar em seu coração o que há no meu. E sinta-se uma pessoa afortunada por isso. Não acho que ninguém sobre esta terra deveria sentir, sequer por um momento, qualquer sensação que sinto. Ninguém deveria, de maneira alguma, ter um vislumbre da verdade que vejo. As palavras não lhe farão ver e entender tudo isto, talvez nem queira. Mas é a única forma (além das lágrimas) de tentar colocar à mostra o que esta açoitada alma clama para dizer.É noite. Tudo continua o mesmo. Frio ou calor, eu, sinceramente, não sei. Sono. Um sono que o ato de dormir não cessa. Um cansaço que o descansar não cura.
Não é um sono que se passa ao simples dormir. É a necessidade de se dormir eternamente.
Não é um descansar de algumas horas que repousaria este corpo. E sim o descanso eterno.
Não há dias ou verões que possam acalentar esta alma, este coração.
O precisar do impossível.
O vazio impreenchível.
A dor de ser.
O que fiz para merecer esta vida?
O que devo fazer para merecer o fim dela?
Diga-me. Coloque-me para dormir e minta que vou melhorar. Puxe o gatilho e torne isso verdade.
Obrigado.
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A Mor Te Que Ro
RandomUma seleção de textos que expressam diferentes sentimentos de forma crua, dolorida e verdadeira, utilizando metáforas para traduzir a excruciante dor de sermos o que somos.