VI- Tinta rosa, camisa nova

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Não durou muito tempo. Sherlock precisava falar com John, querendo ou não. Eles moravam juntos, iam a escola juntos, almoçavam juntos. Se tornou praticamente impossível não conversarem, principalmente porque Sherlock já estava acostumado à presença de John.

O primeiro dia foi mais fácil do que Sherlock esperava. Eles tomaram café da manhã juntos e foram para a escola juntos, mas Sherlock evitou seu amigo o máximo que pôde sem parecer muito estranho.

Na hora do almoço, disse que precisava conversar com um professor e saiu. Acabou trancado em uma cabine no banheiro, onde tinha certeza que John não o acharia.

Na única aula juntos que eles tinham no dia, se sentou o mais longe que conseguiu e fingiu prestar atenção a aula, fazendo anotações e torcendo para que nem o professor nem John o notassem .

Logo depois que as aulas do dia acabaram, Sherlock deu uma desculpa esfarrapada que se baseava em encontrar Mycroft para fazer alguma coisa relacionada ao governo e desapareceu pelo resto do dia. Quando chegou em casa, John já havia se retirado para seu quarto.

Sherlock suspirou aliviado. Apesar de ter sido uma decisão sua, seus dias pareciam vazios e sem sentido.

— Dia um, completo.

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Para o azar de Sherlock, os dias dois e três eram sábado e domingo, ou seja, dois dias inteiros confinados em casa com John Watson. A menos, é claro, que um dos dois estivesse ocupado.

Sherlock nunca achou que diria isso, mas estava animado para sair de Londres. Ele teria que passar dois dias na casa dos pais e, na pior das hipóteses, perder uma investigação por estar muito longe. Mas valia a pena se fosse o suficiente para tirar John de seus pensamentos. O que, para a infelicidade de Sherlock, não foi o caso.

Ele tentou. Tentou de verdade. Mas nenhum mistério parecia intrigante o suficiente, e tudo que ele conseguia pensar era em John. John Watson. Ele estava enlouquecendo, tudo por causa de John Watson.

Ele tentou se focar em qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. Leu sobre desaparecimentos recentes na internet, deixou algumas pistas que poderiam ser valiosas, fez uma torta, regou as plantas de sua mãe e até se alongou e praticou alguns passos que aprendera na aula de balé. Mas nada o fazia esquecer de John Watson.

Tudo que ele podia pensar era em como ele estava perdendo tempo, e que o sentimento era passageiro. Ficou um bom tempo se perguntando se John estaria bem, até que não resistiu e mandou uma mensagem perguntando como estavam as coisas, e dizendo que voltaria no domingo à tarde.

John demorou mais de uma hora para responder. Disse que estava bem, mas "solitário sem você". Sherlock sentiu seu coração bater muito mais rápido ao ler isso.

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O Sol estava se pondo quando Sherlock retornou à 221b Baker Street.

John não estava em casa, e Mrs. Hudson não sabia onde ele estava. Sherlock sabia que era idiota, mas não conseguiu não ficar chateado por John não estar lhe esperando.

Ele tentou estudar, fazer experimentos com odores desagradáveis e entrar em seu Palácio Mental. Nada o distraia de John.

Sherlock Holmes percebeu, naquele momento, quão ruim a situação era.

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Na segunda-feira, Sherlock fez o possível para parecer frio, e não como de estivesse observando cada movimento de John atentamente.

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