quatro

72 22 6
                                    

the longer i looked into your eyes the more i wished to be the one swimming in them

*

Era estranho pensar em como eu acabei parando no carro de um cara estranho com o tornozelo doendo como o inferno somente porque Deus tinha decidido que seria ótimo me batizar com dois pés esquerdos e uma maré de raízes no meio do meu caminho. O que, sinceramente, era injusto. Nada surpreendente, mas injusto.

Zayn tinha simplesmente sumido da face da terra e Harry era a única pessoa que eu conhecia — conhencia com muitas aspas — em um raio de vinte e quatro quilômetros ao redor do Corredor da Morte. Ele tinha toda aquele pose de pessoa politicamente correta, olhos brilhantes e era físico o suficiente para fazer com que mimha pele quisesse recuar para dentro do corpo enquanto fazia meu braço apoiar-se sobre seus ombros largos e macios no elevador. Ele ria um pouco e eu só revirava os olhos imaginando mil palavrões ao mesmo tempo para descrever o quanto aquilo era esquisito e embaraçoso.

"Você não tem mesmo um carro?" Ele perguntou depois um tempo. Os botões da camiseta se entramelavam no cinto de segurança e era engraçado de assistir.

"Eu prefiro usar o metrô. Ou um táxi." Respiro fundo, esfregando minhas mãos uma na outra quando Harry deixa a chave girar na engrenagem e há um pequeno sininho azul cintilando no chaveiro quando ele meio sorri e meio ergue as sobrancelhas. "Não quer me levar?"

"Não é isso." Dá de ombros. "Só não sou um verdadeiro fã de hospitais."

"Bem, nem eu." Então olho para o meu tornozelo fazendo uma careta ao notar como essa situação pode parecer desconfortável e ruim. "Desculpe. Acho que acabei de estragar sua chance de encontrar um par essa noite."

"Acho que não." Harry sorri como um coelhinho e olha para mim quando letras de néon piscam em sua testa como um mau sinal berrante e estridente me dizendo para dar meia volta.

"Eu não realmente gosto de flores, você sabe disso, não é?"

"Sei. É um pouco óbvio."

"Certo."

"Certo." Ele repete, quando ri olhando o GPS brilhando a escuridão do carro. "Certo."

*

"Uma luxação." Olho para a coisa esquisita envolta ao meu tornozelo direito e Harry se encolhe mais um pouco ao meu lado, segurando um copo de café com baunilha. "Eu tive uma luxação."

"Você teve."

"Eu tive uma luxação porque tropecei em uma raíz." Reviro os olhos, irritado. Não faz sentido. Não é bom. Tem um estranho comigo e meu pé dói como se um monstro estratosférico houvesse pisado em cada um dos meus ossos. "Isso é horrível."

"Não é tão ruim." Harry tenta. Parece meio verde. "Só mais dez dias e você pode tirar."

Eu respiro fundo, batendo as mãos contra a minha calça outra vez tentando não olhar para ele. Não parece tão bom quanto parecia algum tempo atrás e eu simplesmente acho que seus olhos podem me afogar. O que não é a melhor sensação do dia.

"Você pode me emprestar seu celular de novo? Preciso que o Zayn venha me buscar. Se eu estragar mais meia vírgula da sua noite irei me sentir um monstro."

"Você não estragou minha noite." Ele entrega o celular.

"Bom. E você mente mal."

182 Days | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora