dois

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the universe doesn't care. that's what they say, nothing happens for a reason. that's what they preach, just random interactions, a cat an atom, what else

Seis meses antes.

*

Faltavam quase menos do que oito meses para o meu aniversário de vinte e dois anos e eu ainda não tinha escolhido um par para apresentar à Clínica de Testes no final do ano. Sendo sincero, eu realmente achava que poderia esperar a escolha do governo e acreditar que eles realmente trabalhariam em uma opção que se encaixasse em mim mas, ao mesmo tempo, simplesmente parecia uma possibilidade quase impossível de se creditar. Se eu, vivendo dentro do meu próprio cérebro, não tinha conseguido, o que garantia que o governo chegaria à esse marco tendo só um único currículo com dados da minha 'personalidade' e amostras de sangue? As chances pareciam ruins de todos os lados. Decididas por minha cabeça ou por um computador de compatibilidade.

Zayn sempre costumava me falar que eu tinha que usufruir do direito de procurar alguém e não deixar que os líderes da nossa sociedade fizessem isso por mim — foi assim que ele tinha encontrado Liam, afinal de contas e era por isso que estavam há três meses juntos também. Poderia parecer injusto — e talvez realmente fosse —, mas era assim que o mundo funcionava.

Fiquei pensando nisso hoje mais cedo quando ele me chamou para ir à umq festa temática, carinhosamente intitulada de "Corredor da Morte" — e, ironicamente, feito para pessoas que tinham apenas mais seis meses (ou menos) para encontrar um par. Ele marcava toda a zona de Oxford, uma parte de Manchester e tinha uma localização bem pitoresca perto do maior parque de diversões da cidade.

Analisei todas as minhas chances de sucesso quase mil vezes enquanto lavava a louça e terminava de varrer as folhas de ipê da varanda pela sétima vez. Fur Elise ainda tocava delicadamente pelos fios do IPod e minha mente borbulhava como bolhinhas de champanhe me fazendo pensar demais — e eu não sabia se realmente gostava de pensar demais.

De qualquer forma, Zayn ainda apareceu na minha casa às sete e oito, olhando sorrateiro para a roupa que eu usava e me erguendo uma das suas sobrancelhas morenas com ironia depois da ligação que eu tinha feito para o seu celular duas horas antes dizendo que, talvez, eu devesse tentar encontrar alguém, no fim das contas.

"Está pronto?" Ele pergunta, girando as chaves do carro entre o polegar e o indicador. Faz isso quando quer matar tempo e quando sabe que vou notar.

"Estou." Respiro fundo, olhando para os mocassins marrons nos meus pés, o casaco Tweed ao redor do tronco e calças pretas. Pareceu bom quando eu olhei no espelho, mas eu sei que Zayn provavelmente diria algo como 'tosco' e 'rústico' no meio do caminho.

Essa era outra coisa sobre a qual eu pensava o tempo inteiro; Ficava com medo do meu par não gostar das coisas que eu gostava e ter medo das manias esquisitas e obsessivas que eu tinha. Meio que não conseguia evitar pensar que, talvez, o problema fosse eu.

"Você achou ruim?" Pergunto para Zayn quando estamos no carro e seus dedos pálidos tamborilam ao som da música que toca.

Ele gira a chave na engrenagem. "O quê?"

"A roupa." Penso um pouco, batendo as mãos contra a coxa em um ritmo perdido. "Você olhou estranho."

"Não sou eu quem tem que gostar das suas roupas, Louis."

182 Days | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora