epílogo

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all we want is to find a soul that sings like our own

                                   *                                    

Maio, 2042.

Mãos geladas tocavam meus pulsos e minha cabeça parecia pesar toneladas inteiras quando abri os olhos, vendo uma saleta de hospital com janelas e paredes e cadeiras brancas preenchendo todo lugar junto com 'bip bip' irritante nos meus ouvidos que simplesmente não parecia querer parar. 

"Bom dia, Sr. Tomlinson." Um homem de olhos castanhos diz e eu volto a colocar a mão na minha cabeça, virando-me em sua direção ao vê-lo estender um comprimido amarelo dentro de um copinho de plástico e uma garrafa de água. "Seja bem-vindo de volta."

"Bom dia..." Minha voz sai esquisita e rouca quando eu franzo as sobrancelhas. "Hm, bem-vindo de volta para onde, exatamente?"

"Acredito que tomar a pílula irá esclarecer metade do que eu, provavelmente, passaria algumas horas falando, o que me diz?" O homem sorri quando eu finalmente engulo o comprimido nas minhas mãos e tomo um gole de água olhando para o casaco de Tweed que estou usando e os sapatos mocassins nos meus pés. "O senhor pode se levantar e pegar o resultado dos seus testes na recepção principal. É muito provável que seu par já esteja o esperando na sala... " Ele olha a ficha na sua mão esquerda. "De número quarenta e dois."

Confuso.

"Estou um pouco perdido, acho." E então: "Eu dormi por quanto tempo?"

"Por dezoito minutos e vinte segundos." Diz ao enfiar as mãos no jaleco quando eu me sento na cama e volto a olhar ao redor forçando meu cérebro a lembrar o que diabos está acontecendo até ele que diz: "Você veio fazer o teste da Psifeel, Sr. Tomlinson."

O que, inicialmente, também parece um gatilho dentro da minha cabeça. As palavras arrodeando ao redor do meu corpo quando eu lembro de Zayn vindo me buscar em casa,  de mim mesmo quase completamente desistindo de tudo dentro do carro, a carta de aceitação na universidade de Oxford, Lottie gritando no meu ouvido. Mocassins. O dia do teste.

"Está tudo bem, Sr. Tomlinson?" James, o nome que está escrito no jaleco, pergunta educadamente. Está colocando uma das suas mãos no meu ombro ao me ajudar a ficar de pé, guiando-me até a porta de vidro que divide o quarto de um corredor sem fim.

"Estou confuso." O que é meio verdade. "Consigo me lembrar de como vim até aqui, mas qual foi o resultado do teste?"

"Sala quarenta e dois, segundo corredor, a última porta, Sr. Tomlinson." James repete. "A indução ao sono só vai lhe deixar um pouco sonolento, mas é como um cochilo depois do almoço." Sorriso. "Você pode correr maratonas, se quiser."

"Eu não tinha um par antes de vir, tinha?"

"Não. Você optou com que a Psifeel e o governo escolhessem suas opções mediante ao resultado do teste que acabou de fazer."

Respiro fundo. "Entendo." 

*

Estou sentindo como se minha pele formigasse o tempo inteiro, ou quase como se fosse um pequeno soldado indo à guerra com nada além das próprias mãos para enfrentar armas e canhões e o rosto da morte - o que não deve ser realmente algo agradável.

182 Days | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora