1. do you ever think of me in the quiet, in the crowd?

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Sentir saudades da casa costumava ser um sentimento bem desagradável, porém, após um mês morando ao centro do caos Zayn já conseguia se sentir parte daquele lugar, e apesar de o coração apertar toda vez que a mãe ligava ou a irmã mandava mensagens, ele sabia que havia feito a escolha certa.

Com o peito nu apoiado sobre o peitoril metálico da sacada, ele terminava de tragar o último cigarro do dia. A fumaça desenhava um contraste bonito com as luzes da janela do apartamento do outro lado da rua. Estava frio, o inverno estava começando a chegar na França, mas Zayn gostava de sentir o ar gelado em contato com a pele de vez em quando, era uma sensação refrescante.

Era bom morar no centro, poder escutar o barulho do tráfego movimentado de Paris e as conversas das pessoas que circulavam na calçada, fazer parte daquele mundo enorme amenizava a solidão que sentia.

Paris pessoalmente era muito mais bela do que se era visto em filmes e na internet. As construções antigas de tons bege claro criavam um contraste incrível com as novas construções que eram feitas nas proximidades. A praça principal era sempre lotada de turistas, moradores, pessoas com animais, mães levando os filhos para passear. Em cada ponto que se olhava era possível identificar uma história diferente.

E era melhor ainda poder assistir a tudo aquilo sempre que quisesse.

O sentimento de estar ali preenchia o coração de Zayn sempre que ele pensava em desistir do emprego e voltar correndo para os Estados Unidos.

Mas voltar para os Estados Unidos não era uma opção.

Não conseguiria mais viver no local em que tinha tantas lembranças espalhadas pelos cantos. Recortes de uma vida inteira que achou que guardaria para sempre com carinho e que transformou-se em cinzas escuras de um amontoado de acontecimentos infortúnios. Quando lembrava-se da cidade natal, uma lembrança muito construída de cabelos castanhos e olhos cor de amêndoa vinham a sua mente. Aquela lembrança era suficiente para que todos os pelos de seu corpo se arrepiassem de medo e seu coração se apertasse de tristeza. Por mais que já tivesse passado um bom tempo, Zayn ainda conseguia sentir todas as cicatrizes abertas dos acontecimentos, e aquilo ainda mexia muito com ele, por isso, sempre que podia, deixava que o pensamento naquilo fluísse e não voltasse para atormentá-lo.

Após terminar o cigarro, Zayn vestiu a camiseta e voltou para o apartamento, a cama desarrumada e o quarto com roupas amontoadas pediam a sua atenção, mas ele não estava disposto àquilo no momento.

Checou seu celular e viu uma notificação de Sierra o convidando para um café dali alguns minutos. Zayn prontamente vestiu seu casaco por cima da camiseta, confirmou que estava indo e saiu de casa.

Seria bom caminhar um pouco e se distrair, era sempre bom esvaziar a cabeça quando começava a pensar de novo em assuntos que gostaria de esquecer.


— Minha mãe não sabe o que está dizendo, Z. — a garota toma mais um gole de seu café e continua a contar a história: — Ela afirma que Alex e eu não vamos dar certo porque ele está morando do outro lado do oceano, mas eu realmente o amo.

— Eu acho que ela não está acostumada com essa situação. — Zayn diz. — Mas acho que você não deve considerar como perdido, ela ainda vai apoiar vocês.

Sierra está vestida como uma típica parisiense: botas até os joelhos, casaco de lã comprido com um cachecol rodeando o pescoço e uma boina vermelha na cabeça.

— Espero que você esteja certo.

Sierra limpa a boca e olha para o amigo.

— E você, hein? Quando vai abrir seu coração de novo? — o tom que ela usa é carinhoso. A mão dela pousa sobre a mão tatuada de Zayn e ele devolve um olhar incômodo.

A Way To You AgainOnde histórias criam vida. Descubra agora