Seus passos eram suaves, e a cada movimento delicado que dava tornava-se mais evidente o talento que ali emanava, cada pirueta perfeita até os giros dados com tamanha delicadeza mantinha os olhos da plateia nela, que sorria deslumbrada diante de tudo aquilo. As pessoas olhavam vidradas impressionadas com tamanho talento em um corpo tão pequeno.Os olhos azul esverdeados, mesmo diante de tal situação, tentavam manter o foco, no seu rosto o sorriso tentava resistir, seus olhos passavam por toda a plateia a procura de alguém que não estava ali, frustada deu um último giro parando perfeitamente no meio do palco.
Logo após a reverência e das cortinas fecharem ela suspirou sendo a primeira a se retirar do palco com tamanho descontentamento e imensa tristeza. A apresentação tinha sido a primeira depois de três longos meses sem poder por os pés no palco, depois da grave contusão que tinha tido, esse momento era muito importante para si e esperava que no mínimo a pessoa mais importante de sua vida estivesse ali.
Tristonha pegou suas coisas as guardando em sua mochila, tirando o tule ela vestiu a saia por cima e se abaixou tirando rapidamente as sapatilhas dos pés colocando os seus coturnos preto charmoso, seus olhos entristeceram ao ver as crianças que a acompanhou no palco entrando pela porta felizes.
Entristecida se despediu de sua professora com um demorado abraço e de seus colegas de dança com um aceno, ao chegar na plateia ela tateou mais uma vez tentando achar o rosto conhecido que ansiava, achando outro que era importante mas não tanto quanto quem ela procurava.
-Olha ai a garotinha do vovô. Você foi ótima lá encima- Sorriu o senhor por volta dos seus setenta anos, já de cabelos grisalhos e com roupa de executivo.
-Obrigada vovô- Sorriu minimamente abraçando o senhor- Ela não veio mesmo?
-Você sabe como a sua mãe é, vive ocupada com o trabalho. Mas o seu velho avô está aqui não é o suficiente?
Tentou alegrar a pequena de cabelos castanhos e conseguiu arrancar da mesma apenas um sorriso pequeno e um suspirou.
-Eu sei que não é a mesma coisa, mas dá para o gasto- Sorriu e cutucou as bochechas rosadas da pequena garota.
-Desculpa vovô, eu estou feliz que o senhor veio- Sorriu pequeno tentando parar de se matirizar sobre o que havia de errado.
-Que tal tomarmos sorvete? Sua mãe não precisa saber que tomou sorvete antes do almoço- O sorriso que lhe foi oferecido dessa vez foi maior do que todos os outros, a real animação fez a garota vibrar.
-Eu adoro quebrar regras- Ela sorriu levando os braços ao ar- Mas só se for de chocolate.
-Não leve isso para sua vida toda querida- Sorriu o mais velho divertido- Ok, vamos lá pequena Carvajal.
Ele se abaixou tocando os cabelos castanhos de Cecília Carvajal que sorriu animada. Pegando as mãos da jovem bailarina eles saíram da escola onde ocorrerá a apresentação indo direto para uma sorveteria, para então se encherem de sorvete até não sobrar espaço nos seus estômagos.
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Já em casa a garota se dispôs a caminhar até o seu quarto na imensa, sem precisão, mansão Carvajal, não se dando o trabalho de passar no escritório onde ela encontrava na maioria das vezes sua mãe ou onde o seu avô trabalhava, agora que ele queria ficar inteiramente dedicado a família.
Ao passar pela sala, subindo as escadas, passou pelo corredor e se deparou com uma cabeleira loira bagunçada saindo do quarto de alguém no mínimo suspeito.
-Oi madrinha- Sorriu a menina quando Lúcia se assustou com sua aparição tão derrepente- O que faz no quarto da tia Eva?
Seus questionamento fez a mais velha errubecer até ficar da cor de um tomate, ela não esperava que fosse pega no flagra daquele jeito.
-Eu apenas...eu estava conversando com a Eva apenas isso- Lúcia falou confiante porém a mais nova não acreditando em nada do que fora lhe explicado a olhou desconfiada.
-Então por que o seu cabelo está bagunçado e o seu batom borrado?- Falou risonha conduzindo a mão até o queixo, como se estivesse analisando algo.
Lúcia dessa vez empalideceu e se apoiou sobre a parede, um drama totalmente desnecessário na visão da garota que a olhava dessa vez de braços cruzados.
-Não se preocupe eu não direi a ninguém, será o nosso segredo- Sorriu vendo a cara de alívio da melhor amiga de sua mãe e por sua vez amante secreta de sua tia- Tchauzinho Lúcita.
-Pare com isso- Falou sobre o apelido lhe dado na época da faculdade, que Cecília tinha descoberto lhe incomodar muito.
A pequena sorriu e acenou antes de entrar no quarto de sua tia, claro que não perderia a oportunidade de se beneficiar sobre aquilo.
Ao entrar encontrou a cama toda bagunçada e um tanto quanto revirada, seus olhos escorregaram sobre as roupas jogadas no quarto e pousaram na porta do closet que foi aberta, mostrando Eva saindo do mesmo devidamente vestida, ela se assustou ao se deparar com a garota parada no meio do seu quarto.
-O que você está fazendo aqui?- Eva perguntou grosseiramente.
-O vovô não te deu educação?- Sorriu sentando na cama levantando-se rapidamente ao imaginar o que tinha se passado ali.
-O que faz aqui afinal?
-Que grosseria- Falou sorrindo de canto e tombando a cabeça para o lado- Não foi assim que a Lúcia me tratou quando eu a encontrei saindo daqui do seu quarto.
-O que ela lhe falou- Eva engoliu em seco assustada.
-Nada, mas eu sou inteligente- Sorriu de lado- Inrrelevante para minha vida só não sei se é inrrelevante para a vida do vovô ou a do coitado do Mateo.
Eva oscilou os olhos assustada e levou-os ao chão.
-Eles não precisam saber, o que você quer em troca do seu silêncio e sigilo?
-Bem eu estava pensando, que tal vinte?- Sorriu estendendo as mãos.
-Cinco.
-O que você acha que dá para comprar com isso? Talvez o vovô fique contente em saber...
-Quinze.
-Vinte.
-Doze
-Trinta ou nada feito- Falou por fim, e observou Eva inconformada dando-se por vencida.
As pequenas mãos agarraram as notas e seus lábios se contorciam em um sorriso, isso tudo nunca perdia a graça, claro que não era a primeira vez que tinha feito aquilo, era divertido.
-É sempre bom fazer negócios com você minha querida- Falou debochada saindo do quarto.
-Se continuar assim a empresa nunca afundará quando você tiver que cuida-la- Eva falou venenosamente, sorrindo de canto ao pensar no que sua sobrinha andava se espelhando para ser daquele jeito.
-Não é o que queremos. Mas eu tou me esforçando bastante, para que eu não tenha que comandar a empresa um dia.
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Cecília
FanfictionValentina na sua adolescência teve que lidar com algo que a fez amadurecer rápido de mais e a fez criar responsabilidade sem ao menos saber direito o significado de tal palavra. Sobrecarregada e sendo pressionada Valentina teve que se manter firme...