Capítulo 5

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Juliana estava leve e aliviada. Aquela manhã ela tinha se levantado feliz por finalmente se encontrar consideravelmente estável, agora ela tinha um emprego, um meio para o seu sustento e o de sua mãe.

Ela acordará cedo e olhou o relógio em sua mesinha, que marcava 6:30 ela estava atrasada, muito atrasada na verdade. Seus olhos percorreram a cama de casal na qual ela dividia com a sua mãe e apenas viu o vazio do seu lado e os lençóis desarrumados. Ela logo entrou em desespero, sua mãe nunca saia da rotina e nunca fazia nada além do trivial, seu peito encheu de preocupação e ela se levantou rapidamente de sua cama e se apressou em procurá-la por todo o pequeno lugar em que elas moravam de aluguel. Ela passou pela sala pequena na qual era compartilhada com a cozinha, parou no banheiro minúsculo e procurou por fim no pequeno quintal que tinha na casa.

Seus olhos se enchiam de lágrimas e ela estava desesperada quando viu sua mãe parada olhando para o nada sobre a grama morta do quintal. Seus lábios suspiraram em alívio e ela deixou as lágrimas caírem, a sua mãe era a única família que ela tinha no mundo, seus avós morreram a bastante tempo e ela havia perdido contato com sua única tia quando seu pai foi embora e ela veio para o México. Juliana passou a mão pelo cabelo e andou em direção a sua mãe, parando ao lado dela abraçando a mesma de lado.

-Ma, não me dê um susto desse jeito, eu quase morri de desespero- Juliana falou ao lado de sua mãe que mantinha os olhos fitando o nada.

Ela olhou para a figura de uma Lupe catatônica completamente diferente de como sua mãe costumava ser. Ela suspirou e guiou Lupe para dentro da casa a fazendo sentar na mesa de madeira gasta onde havia apenas três cadeiras.

Ainda preocupada com o estado de sua mãe, Juliana no entanto começou a fazer o café que não passava de torrada, ovos e suco de laranja, ela gostaria de ter mais, mas no momento era tudo que poderia ter. Colocando tudo em um prato ela arrastou o mesmo para frente de Lupita.

-Coma mãe- Ela direcionou as mãos de Lupita até o copo onde tinha o suco e viu a mesma agir roboticamente levando a comida a boca e mastigando. Juliana soltou um suspiro.

Era doloroso ver a mulher animada e amorosa que sua mãe foi, ficar daquele jeito, está daquele jeito por conta da perda de um amor que na visão dela era perfeito. Juliana sentou a frente de sua mãe e observou a mesma comer e sentiu as lágrimas descendo por sua bochechas. Ela logo limpou as lágrimas que insistiam em caí ao ouvir o barulho de batidas na porta. Se levantando ela foi até a mesma a abrindo dando de cara com a figura magricela e de cabelos grisalhos da senhora Marisol, a mulher gentil e doce que a ajudava com Lupita.

-Dona Marisol, como a senhora está?- Juliana sorriu abraçando a senhora que mesma sendo magricela a apertava em torno de seus braços.

-Juliana minha querida, eu estou ótima. E você e a Lupe? Ela demonstrou algum sinal de melhora?- A senhora susurrou a última parte e se inclinou para entrar na casa.

-Não, nada. Na verdade ela fez algo diferente hoje, mas não algo de inovador- Juliana comentou triste se deslocando até a cozinha bebendo o suco de laranja, oferecendo para a senhora.

-Isso é um grande passo, mas não perca as esperanças minha querida ela logo irá melhorar- Dona Marisol passou as mãos finas nos cabelos escuros de Juliana.

-Quando será esse logo? Quando?- Juliana suspirou se sentando na cadeira novamente.

Dona Marisol era uma senhora com por volta de seus sessenta e poucos anos, ela tinha cabelos grisalhos e rugas que mostravam o tanto que ela já havia vivido. A senhora apenas de tamanha alegria ela era completamente sozinha, seu marido tinha morrido a muito tempo e seu único filho, Damião, tinha ido morar muito longe, ele mandava cartas vez ou outra o que deixava a senhora cheia de alegria. Por tamanha solidão, dona Marisol não pestanejou e se disponibilizou a ajudar Juliana e Lupe logo que elas chegaram a cidade e se ofereceu a cuidar da mulher mais velha enquanto Juliana não estava. Juliana devia sua vida e toda sua gratidão aquela mulher.

-Então querida como foi na sua entrevista?- Dona Marisol falou o que trouxe Juliana de volta a realidade.

-O emprego. Dona Marisol, eu preciso ir eu estou muito atrasada- Juliana se levantou rapidamente da mesa e correu até o banheiro.

Seu banho não durou mais que cinco minutos, ela se arrumou em uma velocidade invejável e se despediu da senhora com um aceno e de sua mãe com um beijo em sua testa. Ela ficará tão preocupada com sua mãe, que tinha esquecido de seu emprego.

Correndo nas ruas ela se apressou até o ponto de ônibus, torcendo para que não fosse mandanda embora logo em seu primeiro dia. Para sua sorte o ônibus estava parado no ponto, como se tivesse a esperando, com uma pressa sem tamanho ela entrou no ônibus pagando sua passagem e caminhando até um dos bancos desocupados, já que o ônibus não estava cheio, se sentou e começou a batucar os dedos na coxa em sinal de nervosismo.

Depois de minutos compartilhados com horas o ônibus finalmente parou alguns quarteirões próximo mansão da família Carvajal. Juliana desceu apressada e saiu correndo como uma louca entre os quarteirões, por que a casa tinha que ser do outro lado da cidade?

Chagando na porta ela colocou as mãos no joelho parando para respirar, já que nem teve tempo para isso. Ela respirou fundo dez vezes e torceu para que ela não fosse demitida, passando pelos grandalhões da entrada ela utrapassou a porta da mansão dando de cara com pequenos olhos verdes a encarando.

-Está atrasada senhorita Valdés- Ela encarou dessa vez, o olhos azuis esverdeados da mulher mais alta que se aproximava dela.

-Eu sei, me desculpe senhorita Carvajal eu tive um imprevisto- Ela falou nervosa olhando para o chão de maneira envergonhada e se sentindo intimidade pelos belos olhos estarem a encarando.

-Todo mundo comete algum erro Mama, uma vez na vida não dói em ninguém- Falou uma voz fina que pegou na mão de Juliana a puxando para um cômodo, praticamente a arrastando na verdade, para a cozinha.

CecíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora