Capítulo 2

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Valentina chegará da sua última reunião mais cedo do que previsto, a sua agora ex secretaria, tinha derramado acidentalmente o café em um dos acionistas mais importantes, isso a tinha gerado grande prejuízo e dor de cabeça e a única coisa que queria era chegar em casa e apenas relaxar.

Mas como poderia esse feito sendo que tinha dado a luz a garota mais complicada e imã de encrencas da face da terra?

Sossego era a última coisa que podia pedir.

Ao chegar exausta da última reunião, recebeu instantâneamente uma mensagem que fez os cabelos de sua nuca se arrepiarem de forma assustadoramente ruim, suas mãos agarraram a mesa de canto da sala e teve que respirar fundo algumas centenas de vezes, antes de encher os pulmões chamando a atenção de todos residentes da casa.

-CECÍLIA HELOÍSE CARVAJAL, DESÇA AQUI AGORA MESMO- Seus gritos foram tão altos que até os vizinhos de dois quarteirões após a mansão dos Carvajal tinham ouvido, mas eram tão rotineiros que ninguém sequer prestava mais atenção neles.

Após uma espera de curtos dois minutos uma silhueta se formou encima da escada, seus olhos azuis focando os olhos idênticos de sua mãe, que estavam em pura raiva, talvez de sua inquietação ou até mesmo de sua facilidade em fazer besteiras. Engolindo em seco desceu alguns degraus revelando o seu vestido roxo e seu laço atrás de sua cabeça, presso em um penteado os seus cabelos castanhos claros.

-Oi mama- Sorriu apreensiva esperando os gritos que viriam logo em seguida.

-Como você consegue? Todos os dias é a mesma coisa, qual é o seu problema em se manter longe de qualquer encrenca?

-Mas as aulas nem começaram o que ela fez dessa vez?- León Carvajal interrompeu o discurso habitual de Valentina, fazendo- a ficar vermelha de raiva.

-O que ela fez? Ela colocou cola na bola de futebol do Thomás Santiago, ele teve que ir para a emergência para descolar a bola. A mãe dele está furiosa e sabe quem estar mais?

-Valentina, se acalme ela é só uma criança, não precisa de tanto- Aquelas simples palavras foram o suficiente para fazerem a bomba que era o humor de Valentina explodir.

-Apenas uma criança? Essa criança então veio com defeito, eu nunca vi alguém arrumar tanta confusão e gerar tanta desavença quanto ela, quer saber já chega, você irá para a casa do seu pai. Eu não aguento mais.

Aquelas simples palavras causaram danos nunca feitos antes, o corpo da garota parada na escada se contraiu e se enrrijeceu, os olhos avermelhados indicava o choro que viria longo em seguida.

Lucho não. Seu subconsciente falava, gritava.

"VOCÊ MERECEU, NÃO CONSEGUE FICAR QUIETA UM SÓ SEGUNDO" gritava cada vez mais alto, sua cabeça lantejava e ela levou as mãos a cabeça tentando para-las, seus olhos umideceram e logo as lágrimas caíram, rapidamente ela subia os últimos dois degrais e saiu correndo em direção ao seu quarto.

León e Valentina observavam a cena, Valentina com dor no coração por ter que fazer aquilo e León por ver aquilo se repetindo, ele não queria que seus filhos cometecem os mesmos erros que ele. Por isso se aproximou de Valentina tocando o seu braço a guiando até o sofá sentando-se no lugar ao lado dela, via as expressões da filha se tornarem doloridas e sôfrega.

-Minha filha, me escute, eu não quero que você, a Eva ou o Guille cometam os mesmo erros que eu em relação a vocês, eu não quero que tudo se repita, repense a sua decisão, você sabe que isso apenas a tornará mais triste.

-Papai eu simplesmente não sei o que fazer, é difícil ter que lidar com o trabalho e com a Cecília que dá dez vezes mais trabalho. Ela é incontrolável, eu não sei mais o que eu faço.

-Você sabe do porquê dela ser assim, apenas dê uma chance a ela. Ela apenas faz isso para chamar a sua atenção e você sabe disso, dê a ela mais uma chance.

León sorriu e botou as suas mãos encima das de Valentina se retirando logo em seguida.

Valentina permanecia ali, absorvendo tudo o que lhe fora dito, talvez tenha tomado a decisão precipitadamente ela não queria fazer sua pequena garotinha sofrer mais, apenas queria o melhor para ela e pensando nisso subiu as escadas e bateu na porta branca com uma coroa dourada e ouviu um "entre" abafado vindo de dentro.

Ao entrar, se deparou com o corpinho encolhido com o rosto afundado no travesseiro. Chegando mais perto sentou na borda da cama.

-Desculpe por me exaltar, você sabe que o meu dia nunca é muito bom e você sempre me surpreende com algo nada legal sempre que chego em casa, as vezes eu explodo, desculpa meu amor.

A cabeça se levantou e os olhos, agora azuis clarinhos a olhou como se ela fosse um bicho de sete cabeças.

-Está desculpada, mas- Sentiu sua garganta secar e os olhos estreitaram pousando na foto em seu criado-mudo- Eu não quero viver com o Lucho.

-Ele é o seu pai e...

-Mas eu prefiro você, mesmo que quase nunca te veja, eu prefiro o vovô León, o tio Guille, a Madrinha que sempre me traz chocolate e até mesmo a tia Eva. Eu não gosto dele, ele não é legal eu prefiro está aqui onde eu sempre estive- Sua voz tinha vindo junto com um choro baixinho e lágrimas que caiam sem parar.

Os olhos de Valentina oscilaram e em seu lábios brincaram um sorrisinho. Ela passou o dedo indicador sobre as bochechas avermelhadas limpando as lágrimas.

-Eu tenho uma idéia, nada de Lucho ok?- O sorriso que foi dado depois daquela simples frase podia iluminar um país todo, animada Cecília pulou sobre os braços de Valentina a envolvendo fortemente como se tivesse a livrado de uma sentença de morte.

-Obrigada mamãe, você nunca irá se arrepender.

-Eu tenho certeza que vou- Valentina sorriu apertando sua filha contra si.

-Sim, você vai- Cecília susurrou rindo se aconchegando no ombro de Valentina fechando os olhos encharcados e inchados.

-Mas, tem um porém- Cecília soltou um pouco o aperto e a olhou com uma cara de "Fala sério"- Eu não consigo lidar com você sozinha, o seu avô já está muito velho para isso, a Eva não tem paciência nem para ela mesma, a Lúcia e o Guille sempre estão muito ocupado, então o que você acha de uma babá?

CecíliaOnde histórias criam vida. Descubra agora