Cecília

Capítulo 10

Juliana estava aproveitando bem os seus dois minutos de folga, na verdade não do jeito que pretendia a piscina parecia lhe chamar, a sua estadia na biblioteca estava sendo demorada e cansativa. Ela decidiu que se fosse para fazer nada, faria nada aprendendo algo, então caminhou até a biblioteca e pegou um livro qualquer no qual ela não sabia o titular e nem sabia do que se tratava apenas pegou o primeiro que apareceu em sua frente.

Ela estava caminhando em direção às escadas com o seu livro em mãos na direção do quarto de Cecília, pretendia olhar se não tinha algo o que fazer antes de não fazer nada, quando ouviu barulhos estranhos no corredor em direção aos quartos no final do corredor, quartos esses que eram dos hóspedes, de Eva Carvajal e o senhor Carvajal. Juliana pensou bem se deveria ou não ir até o quarto ver o que estava acontecendo, ela tinha medo de se arrepender amargamente ou não gostar da vista que poderia ver, mas também poderia estar acontecendo algo com alguém já que os barulhinhos eram altos e pareciam gritos.

Ela, mesmo não querendo e relutando diversas vezes, deu um passo a frente sua curiosidade era maior que sua racionalidade. Ela chegava perto de uma das portas que ela sabia ser de Eva Carvajal, um pé atrás do outro, e parou a frente a porta do quarto que estava fechada porém não estava trancada. Suas mãos suaram e ela se questionou se deveria ou não se arriscar e ver algo ruim.

-Hey Juls!- Juliana saltou Jô lugar e deixou o livro cair no chão com o susto que levou ao ouvir a voz de Cecília- Está tudo bem?

Juliana sorriu nervosa e olhou para a criança que não estava sozinha, Cecília a encarava confusa e ao seu lado estava outras três crianças. Uma garota muito bonita com cabelos volumoso e pele dourada. Um menino de cabelos ruivos muito laranjas e perfeitamente arrumados, olhos escuros brilhantes e rosto sorridente olhava para ela divertida. E logo ao lado dele uma menina quase idêntica a ele, igualzinho cabelos alaranjados e arrumados, porém os seus olhos eram verdes brilhantes e claros.

-Está sim, apenas levei um susto não esperava ver tanta criança nessa casa. Principalmente com a sua mãe aqui- Juliana susurrou a última parte o mais baixo que conseguia, porém tossiu alto de mais tentando abafar os sons que viam do quarto.

-A mamãe está por perto?- Cecília susurrou indo até a porta de seu quarto.

-Não, ela foi até a empresa por alguns minutos- Seus olhos foram de cada criança que continuava parada no mesmo lugar, ao não ser a garota ruiva que havia sumido.

-Ainda bem- Cecília respirou aliviada abrindo a porta de sua casa.

-Eu achei que você iria reclamar por ela não passar tempo com você ou fazer seus dramas- Juliana levantou uma sobrancelha em dúvida.

-Eu não queria que ela incomodasse os meus amigos com regras idiotas, que no fim não passam de idiotas- Cecília sorriu amarelo para Juliana que havia duvidado de todas as palavra de Cecília.

-Se você diz. Cadê aquela sua amiga? Não está faltando uma?- Cecília olhou para todos os lados do corredor assim como Harry e Annie que procuravam com os olhos Ginger.

-Cadê ela?- Harry pronunciou preocupado com os danos que sua irmã poderia causar na casa, já que da última vez a senhora chamada Silvina quase a tacou da janela depois que ela derrubou um grupo de panelas e fez uma catapulta com colheres de pau que fizeram voar bolinhos recheados por toda a cozinha.

-Quem vocês estão procurando?- Ginger saiu do corredor trazendo com sigo uma pacote enorme de salgadinhos.

-Aí está você, vamos logo. Tchau Juls, até daqui a pouco- Cecília sorriu para Juliana e enfiou Ginger em seu quarto sendo seguida por Annie.

-Isso deve ser seu- Harry pegou o livro do chão e o olhou por breves segundo fazendo uma careta- Escolha muito duvidosa para uma adulta, eu achei que ninguém lia O Patinho Feio por diversão.

Harry deu a Juliana o livro e saiu dali com tempo de ver a mais velha corar fortemente e negar com a cabeça. Harry no entanto entrou no quarto que estava iluminado pela janela, porém Cecília a fechou apressada e empurrou Harry em direção a uma barraca grande e de pano em seu quarto, local onde estava as outras duas meninas. Cecília apagou as luzes e se enfiou dentro da barraca trazendo consigo um caderno e uma lanterna.

-Para que isso? Tá de dia- Annie perguntou apontando para a lanterna.

-Sei lá, só queria deixar as coisas mais emocionantes- Deu de ombros e ligou a lanterna em direção ao caderno- Esse será o nosso caderno secreto, onde guardaremos todos os nossos planos para junta a mamãe e a Juls. Ele ficará escondido comigo e nenhum adulto pode vê-lo. Alguma pergunta?

Ginger levantou a mão suja de salgadinhos e olhou para o caderno engolindo os salgados que estavam em sua boca.

-Por que você fechou as janelas?- Ela perguntou enfiando mais salgadinhos na boca.

-Sobre o caderno.

-Ah, não, sobre isso não.

-Eu tranquei para ninguém ouvir de lá de baixo o que estamos planejando, o jardineiro está lá cuidando do jardim, seria arriscar de mais.

-Parece uma boa justificativa, eu pensei que era porque você queria nos matar de calor- Harry comentou rindo.

-Vamos focar no plano, alguém?

-E se nós construímos uma espaçonave e levá-las para outro planeta onde elas ficarão sozinhas e as únicas pessoas que estarão por perto serão elas mesmas, então elas ficariam apaixonadas pois ficaram muito tempo sozinhas juntas.

-Uma idéia mais para o nosso mundo Annie, isso é impossível- Harry falou pontuando e olhando para Annie.

-Ok. Alguém tem uma ideia melhor? Quer dizer, qualquer outra ideia- Cecília olhou assustada para Annie que estava com uma cara de quem tinha tido a melhor das ideias.

-E se jogassemos elas em um poço e obrigassemos elas a ficarem juntas, se não nunca soltariamos elas?

-Alguém tem outra ideia, menos a Annie por favor?

-Deveriamos trancar elas em algum lugar até ficarem próximas o suficiente para se beijarem- Ginger falou sem olhar para nada além de seus salgadinhos.

-Essa ideia é até que legal, mas onde iríamos trancá-las, sem ninguém ver ou perceber elas?- Harry perguntou enquanto Cecília anotava exasperada e Annie bufava e resmungava o quanto ela era incompreendida.

-Fácil, a dispensa. Lá é afastado da casa, temos desculpas para colocá-las lá dentro e ninguém quase nem entra lá.

-Essa ideia é genial. Você é uma gênia. Iremos começar assim que a mamãe chegar- Cecília sorriu animada, engatinhando até Ginger beijando a sua bochecha delicadamente saindo da barraca logo em seguida animada e empolgada.

-Você está corada?- Harry perguntou ao olhar para Ginger quando eles iam saindo da barraca, a ruiva estava levemente vermelha e a ponta de suas orelhas encontravam-se tão avermelhadas quanto um tomate.

-Nada haver seu bobo, é apenas o calor- Ginger desconversou rápido saindo da barraca mais rápido ainda, indo atrás de Annie que já estava na cama de Cecília esperando.

-Não está tão calor assim e você só ficou vermelha depois do beijinho. Ai meu Deus. Você tá vermelhinha, está vermelhinha sim.

-Não me enche- Ginger resmungou pegando novos salgadinhos e levando-os a boca.