O Diário de Lucas

4 - De Coração Aberto

                           Sabe quando sua vida tem tudo pra ser uma merda, mas você continua tendo razões para seguir em frente? Eu estava certo de que o Ed poderia não falar mais comigo da mesma forma que antes, mas nós estamos tão bem quanto antes e isso me deixa feliz, pois tê-lo do meu lado é a coisa mais importante da minha vida. 

                             Mas como nosso coração é traiçoeiro, nem tudo é só coisa boa, Ed estava bem com a namorada dele e aquilo estava me deixando louco. Eu sei que eu disse que queria que ele fosse feliz, mas sei lá... é uma sensação horrível imaginar que ele pode estar com ela, ainda mais pensar no que eles podem estar fazendo.. aaaah... nem gosto de imaginar, é uma sensação horrível, de verdade, não desejo isso pra ninguém, acho que ciúmes é a pior coisa que alguém pode sentir. 

                            Eles estavam tão bem que acabou que eu fiquei mal... nossa, é horrível admitir isso. Eu estava sofrendo muito em vê-lo tão bem com ela. Tão mal que faltei dois dias no trabalho só para não vê-lo. Me desliguei do mundo e fiquei isolado. Sério... cheguei no fundo do poço. E olha que isso é difícil. 

                             Decidi voltar ao trabalho e tocar minha vida normalmente, mas sabia que precisava não demonstrar o que sentia, por isso algumas vezes eu me comportei de maneira fria com o Ed. No almoço, fiquei calado e só reagia as coisas que ele falava. Claro que ele notou meu estado, mas eu insistia em dizer que estava bem.

                                Naquele dia, depois do trabalho, eu fui com Thaíssa até a casa dela, queria desabafar. E lá eu chorei tanto, que ela achou que eu poderia passar mal a qualquer momento.

- Lucas! - disse ela me pegando com força pelo braço - Eu estou muito preocupado contigo! De verdade! Nunca te vi assim, amigo!

                               E não conseguia falar nada, só queria encostar no ombro dela e chorar cada vez mais. Depois de muitas lágrimas, tomei um copo d'água e parei chorar.

- Obrigado por estar do meu lado. - falei com os olhos vermelhos e inchados. 

- Você precisa se ajudar, Lucas. - disse ela muito séria - Isso não está certo. Você ama ele, isso é óbvio, mas o fato dele não poder te retribuir é o que vai fazer esse amor ser a pior coisa da sua vida.

- Eu não vou me afastar dele. - falei querendo chorar outra vez - Eu não consigo, não posso.

- Você está doente Lucas. - ela falou muito preocupada - Essa paixão está te deixando doente.

- Eu vou superar. - falei acreditando muito nisso - Eu sei que vou. Eu superei muita coisa na minha vida, posso passar por isso também.

- O que vai fazer em relação a isso?

- Não sei...

                         Eu fui pra casa num estado de dar pena, Thaíssa insistiu para eu passar a noite na casa dela, ou que ela fosse dormir na minha, mas eu não quis incomodá-la. Cheguei em casa e fui no banheiro lavar o rosto, me olhei no espelho e vi o quanto meus olhos estavam inchados. Mas eu sorri pro meu reflexo e disso que éramos mais do que aquilo e iriamos superar. 

                           Tomei um banho e depois fui comer alguma coisa, quando terminei ouvi alguém bater na minha porta, estranhei, não apenas pelo horário, mas porque ninguém costumava me visitar. Abri a porta e tomei um susto ao ver Edgar ali, com a maior cara de preocupado.

- Edgar? - falei buscando algum sentido pra tudo aquilo.

- Oi Lucas! - disse ele ofegante, provavelmente veio caminhando depressa.