O toque das suas mãos

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"Suas mãos.... estão diferentes..."

O toque suave que sentia em seus cabelos não era nada parecido com o que já conhecia, ou que desejava receber da pessoa em seus pensamentos.

Aquele toque era quente... gostoso... calmo, o fazia se sentir em paz consigo mesmo. Suspirou, deixando o ar sair leve de suas narinas para aos poucos, despertar e ver quem estava ao seu lado.

Não era quem estava esperando!!!

Quando se deparou com o rosto feminino teve que abrir seus olhos melhor, mas  dessa vez, bem abertos para ver a mulher ao seu lado.

- Você???

- Bom dia Adrien!

- O que faz aqui...? Aliás! Devolva as minhas chaves!

Ela sorriu e apontou para a mesa do seu quarto. – Já estão ali.

- Ótimo. Agora vá embora!

Ele se levantou rapidamente pegando a chave e seguido por ela, os dois caminharam até a sala.

- Vamos... pode sair. - indicou bravo, abrindo a porta.

- Desculpe invadir sua casa... mas é que... eu queria muito falar com você ontem! Você não quis me ouvir!

- E porque eu teria que te ouvir?

- Bom... é que... é que eu... tudo bem. Deixa pra lá... eu vou embora.

Ele a observou abaixar a cabeça e sair até parar por um instante.

- Eu fiz café da manhã pra você... espero que goste. – Disse em um sussurro.

De repente, seu olfato foi invadido pelo agradável aroma do café, ele olhou para a mesa da sala e tudo realmente já estava pronto.

Não podia expulsá-la assim depois de ter feito aquilo para ele. Parou para pensar um pouco, diabos, tinha que dar um jeito naquela situação!

Mas por enquanto, iria tomar seu café da manhã.

Acompanhado por ela.

- Espera. Fique. Vamos tomar o café da manhã já que você o preparou.

Rapidamente um sorriso alegre se fez em seu rosto deixando Adrien um pouco sem graça ao vê-la tão feliz assim.

Ele ruborizou e coçou a cabeça – Eu... vou me trocar. Você fica aqui!

- Sim! – Respondeu animada.

Droga de sorriso bobo!

Resmungando baixo, foi direto para o quarto e lá colocou sua roupa, voltando logo em seguida para a sala. Viu que ela tinha ficado no mesmo lugar como ele havia dito. Teve que rir um pouco da situação.

-Ei... você podia ter se sentado.

- Mas é que...

- Deixa pra lá. Vem, vamos comer.

Ela o seguiu até a mesa e os dois se sentaram juntos. Adrien ficou a observá-la comendo alegremente como se fosse uma criança em um restaurante.

E parecia mesmo uma criança com aqueles cabelos curtos e aquele olhar infantil.

Quantos anos teria? No máximo 20, quem sabe.

Ao degustar do café, ele lambeu os lábios, realmente estava bom. Olhou novamente para ela. Estava cantarolando?

Mas o que... ?

- Porque pegou as minhas chaves?

- Ahh... – Ela parou por um instante, juntando as mãos uma sobre a outra debaixo da mesa – É que eu... queria falar com você de novo...

- Não precisava ter me roubado.

- Desculpe...

- Pare de se desculpar. Só nunca mais faça isso ok?

- Okay... – respondeu um pouco triste.

Ao vê-la com o rostinho abatido, percebeu que soara um pouco grosseiro. Coitada, ela havia sido tão legal de ter feito o café da manhã, não podia trata-la assim. Respirou fundo retirando um restinho de comida no canto da boca – O café está muito bom.

- Está mesmo? – Novamente ela mudou de expressão para um sorriso.

Como podia ser tão volúvel assim?

Como podia sorrir tão facilmente para um desconhecido?

"Não sabe que os nossos sorrisos são precisos? Devemos dá-los a quem realmente mereça. E eu não sou merecedor desse seu sorriso tão...Encantador."

Sentiu suas bochechas ruborizarem. Droga estava parecendo um idiota! Nem parecia um homem de 28 anos.

Terminaram o café rapidamente. E agora? O que deveria fazer? Para qualquer homem, aquela situação seria ótima não é? Estar sozinho com aquela mulher tão bonitinha e tão bobinha assim... mas não, ele não era desse tipo de homem.

Não podia fazer nada com aquela desconhecida.

E ainda por cima, estava completamente apaixonado por outra pessoa.

- Adrien... você é professor de inglês não é?

- Como você sabe?

- Ah é que... – Ela vacilou no olhar, olhando sem querer para a estante da sala.

- Você mexeu nas minhas coisas?

- Não! É que eu acabei vendo... seus livros... e umas fotos...

- Sei. Sim... eu sou professor de inglês.

- Sério? Então... eu realmente, queria muito... que...

- Eu te desse aulas?

- Sim...

Adrien a observava com a expressão séria no olhar. Agora ela queria aulas de inglês? Qual seria a próxima novidade?

- E porque você quer aprender inglês?

- Bom.. eu já sei, mas eu preciso estudar mais porque tenho muita dificuldade. Esse ano eu pretendo prestar vestibular.

- Para que?

- Pedagogia.

Ele sorriu de lado. Era óbvio.

- Você quer ser professora?

- Sim!

- Tem quantos anos?

- 24.

- E porque não está fazendo faculdade ainda?

- Bom é porque...

Dessa vez foi muito invasivo, tinha que admitir. Sentiu que ela tinha ficado sem jeito pela pergunta, talvez não quisesse responde-lo.

- Tudo bem, deixa isso pra lá. Já que você quer aula de inglês, eu lhe darei.

- Sério?? E quanto você cobra?

Ele sorriu de canto tomando um restinho do café gelado que havia na xícara – ... Já que você fez esse café da manhã para mim... eu não irei te cobrar nada.

- Ju...

- Mas preste atenção, não tome o meu tempo a toa! Se você quer realmente aprender inglês, eu irei exigir toda a sua concentração e comprometimento, entendeu?

Ela encheu seu peito com um sorriso nos lábios - Sim!

"Eu já te disse

Não sorria assim para mim.

Não faça isso.

Esse teu sorriso é tão..."

Adrien fechou a cara e se levantou caminhando até ficar de frente a ela.

- As aulas começam amanhã a noite. Esteja preparada.

Eu estou com você ( Adrienette) Onde histórias criam vida. Descubra agora