Aprendendo uma lição

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  Marinette engoliu seco ao ver o seu namorado ali parado a olhando daquela forma que sempre fazia, quando ela tinha aprontado uma.

Só que dessa vez, a coisa parecia mais séria. Ele estava com o rosto completamente fechado, não havia brechas ali para qualquer outro sentimento, era pura irritação.

- Adrien eu...

- Entre Marinette. E traga-o com você.

Aquelas palavras saíram como pedra de gelo da sua boca.Ele se sentia mais chateado do que irritado na verdade, e gostaria que Marinette explicasse direitinho toda aquela situação!

Poxa, aquela era a sua casa e ela estava ali unicamente porque ele a convidou para morar junto, mas isso não lhe dava direito de começar a trazer animais sabe se lá da onde para lá.

Infelizmente, por mais que gostasse da mestiça, estava começando a pensar que a vinda dela para sua casa tinha sido muito precoce. Talvez, ela estivesse confundindo as coisas.

Então, era melhor que fosse bem claro.

Assim que os dois entraram na sala, ele se sentou em uma poltrona ficando de frente à Marinette que mantinha o gatinho em seu colo envolto na blusa rosa.

Com o olhar sério, ele a encarou. Viu que pelo seu rosto, ela sabia que tinha feito uma besteira.

- Vamos, explique-se. – Sua voz era firme. Não deixaria que Marinette o enrolasse como sempre, ela tinha que ser direta.

A mestiça por sua vez, engoliu seco tentando controlar sua respiração. Estava com medo da reação de Adrien, pois não queria que ele brigasse, mesmo sabendo que isso seria inevitável.

- Adrien... eu sei que você está chateado comigo mas, eu não podia...

- Não podia o que?

- Deixar esse gatinho sozinho.

- E onde você o encontrou?

- Em um beco... no caminho de volta para casa. Você tinha que ver, o lugar era horrível! Ele estava lá sozinho e todo molhado... se ele ficasse naquele lugar essa noite, com certeza iria morrer...!

- Ótimo. Você trouxe um gato de rua para a minha casa?

Ela então se silenciou olhando entristecida para Adrien, que ainda mantinha a expressão completamente rígida. Ele estava certo naquele ponto, mas meu Deus, não poderia fazer a ruindade de abandonar aquele pobre filhote!

Será que ele não entendia isso?

- Adrien eu...

- Marinette, eu sei que você teve a melhor das intenções, mas quero que entenda que esses animais podem ter doenças transmissíveis...

- Sim, mas...

- Além disso, eu vou ser bem sincero com você. - Ele então respirou fundo se chegando mais para frente, para poder encará-la diretamente nos olhos – Não gostei de você ter escondido isso de mim. Agora, como poderei confiar a minha casa a você? Hoje, foi um gato, o que vai ser amanhã?

Agora Adrien tinha conseguido atingir seu coração em cheio. Ela esperava que ele lhe desse uma bronca, mas nada como aquilo. Suas palavras a machucavam, uma por uma, como se fossem pequenos pedaços de vidro que lhe feriam a pele, o coração.

O pior de tudo era reconhecer que ele estava com a razão.

Mas não toda.

Ela então fechou os olhos, respirando pesadamente enquanto segurava o pequeno gatinho em seu colo que havia se silenciado. Parecia que o bichinho estava entendendo o que se passava.

- Você tem razão Adrien... mas esperava que eu fizesse o que? Deixasse o bichinho simplesmente morrer?

- Eu sei que é difícil mas entenda que não pode simplesmente sair ajudando a todos que precisam! Se amanhã um filhote de cachorro abandonado aparecer na sua frente, você vai trazer pra casa também?

Ela não respondeu.

- Marinette, presta atenção. Você tem que entender uma coisa: antes de ajudar os outros, saiba até onde pode colocar suas mãos. Não pode simplesmente sair ajudando a todas as pessoas ou até mesmo os animais que aparecem na sua frente...

- Você está errado. – Ela o interrompeu, falando de forma fria e séria e o encarou da mesma maneira - Você fez o mesmo comigo!

- Como assim?

- Pensa Adrien. Você... poderia simplesmente ter me negado ajuda naquele dia que eu aparecia na sua casa, ou melhor... invadi sua casa.

- Isso é diferente Marinette!

- Não, não é! - Ela então se levantou rapidamente, abraçando o gatinho em seu colo – Você me ajudou Adrien, naquele dia... você ajudou uma desconhecida sem saber da onde eu vinha, ou o que eu fazia... você se arriscou me ajudando!

- Marinette...

- Entende? Assim como eu fiz com esse gatinho. Eu sei que não podemos ajudar a todos do mundo mas, se a gente puder ajudar uma pessoa ou até mesmo um animalzinho se quer... já estamos fazendo uma boa ação.

Ele então se manteve em silencio, observando-a segurar o bichinho como se ele fosse seu filho. Tinha que admitir, aquelas palavras ditas por ela foram lindas, algo que realmente tinha dificuldade até de pensar, quanto mais de compreender.

Só que isso não anulava o fato dela der feito tudo aquilo escondido e que ainda se sentia magoado por aquela atitude. Não era nada contra o gato em si, mas sim, pela sua ação.

Ele deixou o ar sair pesadamente pelas narinas enquanto repousava os olhos em uma das mãos, tentando pensar. Sentia-se cansado, não conseguia ter um raciocínio claro sobre nada naquele momento.

- Vamos fazer o que seguinte? Hoje o gato fica. Amanhã, pensamos melhor sobre isso. Okay?

Não tinha como continuar discutindo com ele naquela altura, era madrugada e os dois precisavam dormir. Era melhor mesmo que a conversa ficasse para o outro dia.

- Ta bom. – Ela deu um sorriso conformado.

- Se quiser pode pegar uns panos velhos lá no quartinho. É melhor do que usar a sua roupa. – Ele falou se virando em direção ao quarto. – E venha logo dormir, amanhã temos que estar de pé cedo.

- Certo.

Ela então seguiu para o lado de fora da casa e lá, fez como Adrien tinha lhe dito, pegou alguns panos montando uma caminha improvisada e adicionou um pouco mais de leite no prato para caso o gatinho sentisse fome.

Logo em seguida, voltou ao quarto e viu que Adrien já havia adormecido. Aquilo era bom, pois seria difícil encara-lo mais uma vez. Não demorou em se deitar ao seu lado e também tratar de descansar, pois o dia seguinte seria daqueles. 

Eu estou com você ( Adrienette) Onde histórias criam vida. Descubra agora