Apenas, me segure

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Depois de ter dado mais uma aula particular, Adrien andava apressadamente, ainda tinha que passar no mercado para comprar umas coisas que estavam faltando na geladeira e correr para casa, pois logo mais, teria que dar a ultima aula do dia, para a "joaninha".

Mentalmente, ele começou a chama-la assim depois de sábado. Tinha que admitir aquela tarde tinha sido bem legal, se sentiu muito bem depois de ter tocado piano, de ter relaxado de toda a tensão que estava passando.

E se sentia melhor ainda, porque finalmente, estava conseguindo trata-la melhor. Sabia que até aquele dia estava sendo um completo babaca com Marinette. Ele não tinha o direito de descontar nela toda a sua frustração pelos seus próprios conflitos internos.

Então tinha decidido que de agora em diante a relação dos dois seria muito mais leve, ele tentaria relevar todas as coisas de errado que ela fazia como os atrasos e os deveres não feitos, mas é lógico, sem deixar de ser exigente, pois queria que ela tivesse um bom resultado no vestibular, afinal era por isso que estava a ajudando.

E sabia que Marinette tinha potencial para conseguir um bom êxito no exame, mesmo com todos os seus poréns, ela era muito inteligente e tentava se esforçar, da maneira dela, mas sim, ela era esforçada.

Naquela aula ele iria reforçar uns pontos dos quais ela ainda estava tendo muita dificuldade, precisava focar nos exercícios e na conversação principalmente. Por isso tinha que correr, pois queria deixar tudo pronto para que assim que ela chegasse, atrasada como sempre, começassem a estudar logo, já que não tinham muito tempo.

Graças aos céus o mercado estava vazio, pode percorrer os corredores pegando as coisas rápido. Estava ansioso, estava feliz, estava com vontade de ir para casa e vê-la... estava...

- Adrien?

Foi aí que seu coração gelou por um momento. Ele parou engolindo seco ao ouvir aquela voz que já conhecia e muito bem.

Ao se virar lentamente, seus olhos se encontraram com as obes cor de mel que o observavam no belo rosto sorridente.

- Sara...

Era ela.

Estava ali parada sorrindo para ele.

A mulher que atormentava seus sonhos todas as noites, a dona do seu corpo, da sua alma e de todo o seu coração.

A mesma que o quebrou em mil pedaços.

- Olá Adrien... a quanto tempo.

Sua voz era mansa, era o tom que fazia o coração de Adrien disparar no peito toda vez que ela dizia o seu nome.

Ele engoliu novamente a seco e forçou um sorriso – Verdade. Tudo bem?

- Sim. E com você?

- Estou bem também.

- Que bom...

Ele a encarou sedento, estava quase desmoronando em seus pés – Está sozinha?

- Não... eu...

Dessa vez seu sorriso era fraco, ela direcionou o seu olhar para mais adiante. Adrien virou seu rosto para a mesma direção e viu um homem parado em frente a uma das prateleiras.

Ele sabia muito bem quem era aquela pessoa.

Suas mãos e pernas começaram a tremer. Então finalmente, ela tinha conseguido conquistar aquele cara.

Virando novamente seu rosto para observa-la, ele deu um meio sorriso melancólico - Que bom que... você...

- É... eu sei.

Os dois não conseguiam trocar uma conversa, nem se quer, mais uma palavra. Estava sendo uma tortura para ambos, porque ela sabia que Adrien ainda a amava e agora as coisas só ficariam piores.

- Desculpa vir falar com você... eu só queria saber se você estava bem.

- Não... – A sua voz saiu falhada, quase como um sussurro fraco – Tudo bem, eu... entendo.

Os dois se encararam mais uma vez, como se estivessem dizendo adeus um para o outro pela profundidade do olhar.

- Bom... eu vou indo agora. A gente se vê.

- Si.. sim...

- Até...

Adrien abriu a boca, mas não conseguiu proferir nenhuma palavra ao vê-la se distanciar. Seu coração novamente havia se partido, mas dessa vez, não sobraram cacos para serem colocados de volta.

Tudo estava perdido. Era o fim.

Rapidamente ele se dirigiu para um dos caixas, pagou a conta e com os passos rápidos, caminhou entre as pessoas quase empurrado algumas no meio da rua.

Na verdade, mal conseguia enxergar, tudo diante dos seus olhos eram apenas imagens turvas de um aglomerado de cores, formas, luzes...

Que simplesmente não formavam coisa alguma, apenas, um monte de nada. Absolutamente nada.

Seus passos foram aumentando a medida que a angustia apertava seu coração, ele então começou a correr não se importando com quem passava em sua frente. Queria chegar em casa o mais rápido possível, para ficar só e se afundar em sua própria tristeza.

Correu mais um pouco até sua casa, mas teve que parar uns metros adiante da porta.

Marinette já estava lá o esperando, quando ela o viu, abriu um sorriso alegre nos lábios – Oi Adrien!! Ta vendo? Dessa vez eu não...

Seu sorriso então foi se fechando ao ver o rosto de Adrien, não era o típico rosto que ele tinha, estava horrível... seus olhos... sua boca... tudo.... estava sem cor... triste... acabado. O que tinha acontecido?

Porque ele estava naquele estado?

Ela franziu a testa quase sentindo a mesma tritesa que ele só de observar sua expressão.

Sem falar nada, com os passos lentos, ele caminhou até ela, olhando em seus olhos.

Iria fazer uma besteira.

Sabia disso.

Tinha que parar.

Não, ela não merecia.

Não podia usa-la daquela maneira.

Mas não dava para aguentar... se não fizesse, iria cair de joelhos no chão.

Marinette fechou os olhos ao sentir aqueles braços quentes envolve-la pela cintura em um abraço apertado, ela o segurou pela nuca da mesma forma e aproximou os dois, colando seus corpos.

De repente sentiu em seu pescoço alguma coisa quente escorrer... eram lágrimas. As lágrimas que ele deixava cair junto com suspiros melancólicos e cheios de tristeza. Ela engoliu seco, tentando se conter, mas seus olhos também se encheram de lágrimas ao ouvi-lo chorar tão amargamente.

Seus dedos cariciavam os cabelos loiros, tentando lhe proporcionar algum conforto em meio aquela devastação toda.

- Shiii... vai ficar tudo bem... – Ela sorriu em meio ao seu pranto, lhe dando um beijo na lateral do rosto – eu prometo...

Adrien apenas se agarrou mais em seu corpo, enterrando seu rosto completamente na linha do pescoço dela, soluçando mais alto.

E assim, eles ficaram abraçados. Marinette jamais o soltaria, nunca o deixaria cair no chão, ela seria seu apoio para sempre.

Nem que tivesse que chorar junto com ele todas as vezes que fosse preciso.

Eu estou com você ( Adrienette) Onde histórias criam vida. Descubra agora