Alma

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    A voz. É. A voz.

A porta para a alma, é assim que eu vejo a voz. E aqui hoje, eu vim falar sem usar a voz, porque minha alma não está aberta para que qualquer um entre. 
Mesmo que com minhas palavras um vislumbre apareça na frente de seus olhos de como eu sou. Ou de quão vazia é minha alma.

Limpa,
Escura,
Sombria,
Bonita,
Ingênua,
Podre.

Seja o que for, todos temos alma e nós escolhemos como vai ser a nossa alma.

Enganou-se quem disse que os olhos são a porta da alma. Os olhos além de esconderem verdades e dizerem mentiras, não levam a lugar nenhum. Ou talvez levem, para a perdição, talvez.

Obscura, e a verdade que está na minha alma. Frágil, abalada. Eu as vezes não encontro mais uma maneira de fugir de mim mesma. Como se tudo o que eu já fiz, tudo o que fizeram comigo esteja eternamente amarrado a minha alma. Me atormentando, me torturando.

Mas é a minha alma e eu mais do que ninguém deveria escolher o que eu quero ou não. Pena que não é assim.

Aquela lembrança, tudo. A barba, o cheiro de cerveja. Tudo aquilo me corrói. E saber que quase teve um fim trágico. Talvez seja por isso a minha insegurança e todo o meu medo. Esse sentimento, que nos é imposto. E não podemos fazer nada que não seja sentir. Porque fugir já não adianta mais.

Aqueles sentimentos aprisionados em mim. No mais distante e escuro da minha alma, junto com todos os segredos. Um lugar onde eu nunca deixei que chegassem.

Se a voz é a porta para a alma eu me calo, não quero que ultrapassem os limites e descubram o que tanto batalhei pra esconder. Não quero que vejam como me sinto. Porque seria lento e doloroso. Como uma morte.

A morte da minha alma.

Já que a voz é a porta da alma, prefiro que ninguém fale. Não quero invadir.

A minha voz, ela conta. Ela assombra. Ela esconde. Por vezes destrói. Ela desagrada. Ela impõe.

Ela esconde. Ela me machuca. Ela mente. Ela me esconde. Ela te machuca. Ela mente pra mim.

Minha voz, mesmo quando estou feliz vem carregada de tristeza, traz incerteza. Ela mente pra mim mesma quando digo que estou bem ela some. Quando quero chorar ela me consome.

Eu não sou dona da minha voz, muito menos da minha alma e gostaria que não fosse assim.

Minha alma.

Um navio naufragado na imensidão do oceano. Um oceano de segredos. Uma escuridão eterna.

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