Chendy é um adolescente que mora no Rio de Janeiro com os pais e a irmã. Certa noite, seus pais chegam em casa do trabalho com uma novidade não muito agradável. Eles conseguiram uma transferência no emprego e estão prestes a voltar a morar em Floria...
Comecei o dia com o pé esquerdo. Tentei esquecer o ocorrido, e fui caminhar pelos arredores, acompanhado de Julie. A paisagem era incrível, em meio a todo perigo enfrentado. Eu estava maravilhado por ter aquele cenário como refúgio para meus pensamentos incongruentes.
Percorremos um lugar magnífico e, inesperadamente, chegamos em um riacho. A água clara, límpida e exuberante nos transmitiu muita tranquilidade. O ambiente foi realmente condizente com o momento. Apreciei a vista. Respirei o ar puro e não resisti. Pulei dentro do riacho e aproveitei para nadar um pouco, em meio ao clima quente.
Julie observou minha atitude. Deixei os problemas de lado e só pensei em diversão. Um momento único que jamais poderia ser desperdiçado.
O sentimento fala mais
alto do que uma palavra.
Sorrir é uma forma
de demonstrar
satisfação e
alegria.
🤔💭😥
Não senti mais medo. Aprendi a conviver com o perigo e estava criando forças para enfrentar o que ainda estava por vir. Nada poderia impedir minha felicidade.
Tive que ser otimista para não transmitir insegurança à Julie. Era fundamental lutar em um ambiente pessimista, mesmo sabendo do que poderia acontecer de pior. A partir do momento que avistei a garota dos meus sonhos, perdi a noção de tudo, e era preciso recompor as energias para ficar ao seu lado. Era essencial sentir o amor. Jamais queria perdê-la. Provavelmente, nunca passaria por isso com nenhuma outra garota.
Depois de nadar no riacho, resolvi comer algo na beira da água, próximo às pedras. Julie me acompanhou, sentando-se ao meu lado. Fiquei com muita fome por ter aproveitado a manhã refrescante. Sanduíche natural de peito de peru e suco de laranja com maçã. Um lanche perfeito, após tanto esforço ao nadar no riacho surpreendente e magnífico. Comi às pressas. Refleti sobre o que estava acontecendo. As lembranças voltaram novamente com ferocidade. Eu esperava conseguir enfrentar Dórlex sem nenhum problema. De repente, fui interrompido, em meio ao pensamento tenebroso e preocupante.
— Você está bem? — indagou Julie. Olhei para seu cenho franzido, esbanjei um sorriso, demonstrando tranquilidade, e permaneci em silêncio. — Se você não estiver se sentindo bem, pode avisar.
Fiquei feliz com seu comunicado compreensível. Respirei fundo e transmiti empolgação com outro sorriso, de orelha a orelha.
— Estou bem... quero dizer... estou melhor.
— Pensei que estivesse triste.
— Não consigo mais ficar infeliz com tudo o que está acontecendo. Já me acostumei com o perigo.
— Você, ainda, tem medo?
Refleti sobre seu questionamento. Acredito que isso não tenha ficado nítido perante todo meu esforço. Queria ser forte, e era preciso desviar o medo para não nos prejudicar em futuras escolhas. Tentei encontrar as palavras mais adequadas para descrever este sentimento. Pensei bem.
— Tenho confiança — declarei. — Acredito que isso é apenas uma fase, e, quando tudo acabar, vou estar feliz, ao lado das pessoas que amo. Precisei lidar com meus próprios medos para conseguir enfrentar os obstáculos dos últimos dias. Foi difícil, mas consegui. Quando conversei com Dórlex, não senti medo. Poderia ter sido somente um sonho. Percebi a diferença, ao passar dos dias, com cada risco. Quero acreditar que nada disso é real.
— Fica calmo. Não precisa pensar dessa maneira...
— Mas eu estou calmo. Felizmente, esqueci muita coisa que aconteceu. Só quero continuar nesse mesmo caminho, e espero que termine tudo bem.
— E vai terminar tudo bem.
— Eu sei.
— É bom saber que você está mais confiante.
— Na verdade, é impossível apresentar fraqueza em um momento como esse.
— Você está certo. Apesar de estar correndo perigo, é preciso ser forte.
— Nunca imaginei que poderia estar correndo perigo por causa de uma paixão.
— Você está querendo dizer que sou a culpada de tudo isso?
— Não! Só estou querendo falar o quanto me importo com sua presença. Não me arrependo de ter conhecido a garota dos meus sonhos.
Ela começou a rir.
— Estou brincando, não leve a sério. Jamais vai existir culpado nesse relacionamento.
— Somente o Dórlex.
— Concordo. Nossa felicidade incomoda muito ele.
Nos deitamos sobre a pedra. Envolvi os braços no corpo de Julie e a beijei com ternura. Fiquei feliz por nossa conversa, e, a cada dia que passava, mais segurança sentia ao seu lado.
O tempo passou, vagarosamente. Aproveitei cada segundo sem pensar no que acontecera. Faltava pouco para ficar tudo bem. Meus pensamentos e opiniões mudaram, inesperadamente. Foi indispensável ter um diálogo aberto e compreensível. Modifiquei algumas de minhas concepções da noite para o dia, e isso foi muito importante para conseguir lidar com o restante dos mandatos.
Provavelmente, minha família estaria bem. Eu esperava não decepcioná-los por minha atitude insolente, porque agi daquela maneira para protegê-los. O medo por deixar quem eu amava desamparado estava visível, e era preciso desviar este sentimento para não piorar a situação. Não queria ser o culpado pela desunião de meus pais e Marcely.
O tempo passa,
e, ao decorrer, se aprende
muitas coisas.
Futuramente,
pode-se cometer mais erros
para, novamente,
aprender.
A vida é feita
de sentimentos
variados,
só é preciso saber lidar com
cada momento.
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